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'O pai de todas as bombas': como é arma que russos dizem ser 4 vezes mais poderosa que a usada pelos EUA no Afeganistão

A Rússia apresentou imagens da bomba que considera ser o mais pontente explosivo não nuclear do planeta  - AFP
A Rússia apresentou imagens da bomba que considera ser o mais pontente explosivo não nuclear do planeta Imagem: AFP

25/04/2017 12h11

"Crianças, conheçam o papai", foi um anúncio em tom jocoso que o site de notícias russo RT (abreviação de Russia Today) fez logo após os Estados Unidos lançarem, no dia 13 de abril no Afeganistão, uma bomba que os americanos - e boa parte da imprensa internacional - chamaram de "a mãe de todas as bombas".

A bomba americana, a MOAB GBU-43 - sendo MOAB as siglas para Massive Ordnance Air Blast (bomba de ar de artilharia massiva) e, ao mesmo tempo, para Mother of All Bombs (Mãe de todas as bombas) - foi anunciada pela Força Aérea dos EUA em 2002 com a mais poderosa bomba não nuclear já feita.

Já o artefato russo é uma Bomba Termobárica de Aviação de Poder Aumentado (AVBPM, na sigla russa), e foi apresentada pela primeira vez em 2007 - como sendo uma versão bem mais potente que a bomba americana.

O ataque no Afeganistão foi a primeira vez em que a MOAB americana foi usada em situação de combate. Não há registro de que a AVBPM russa tenha sido usada até o momento.

A bomba termobárica, também chamada de bomba de vácuo, é detonada em dois estágios: uma pequena explosão cria uma nuvem de material explosivo, que suga o oxigênio em volta e cria uma onda de impacto maior do que a provocada por explosivos convencionais de mesma dimensão.

O vácuo parcial criado aumenta seu poder de causar danos materiais e ferimentos em vítimas.

A bomba russa pesa 7,1 toneladas, enquanto que a GBU-43 lançada pelos EUA sobre uma base do Estado Islâmico no Afeganistão em abril, matando 36 combatentes do grupo extremista, tem 10 toneladas.

Mas a carga explosiva da russa seria de 44 toneladas de TNT, contra 11 toneladas da MOAB, segundo o canal russo.

Além disso, o AVBPM atinge um raio de 300 metros, o dobro da americana.

As informações sobre a bomba russa são escassas - talvez a principal seja uma reportagem da emissora estatal russa Primeiro Canal (IPA, na sigla russa), de dez anos atrás.

Em setembro de 2007, a emissora apresentou um vídeo de um teste da bomba. Imagens mostram um avião lançando o artefato e uma grande explosão em terra, deixando, como resultado, um monte de crateras e escombros de um conjunto de edifícios vazios.

Segundo o site de análises de armamentos Global Security, a bomba russa tem um efeito de destruição total em um raio de até 90 metros. Já em 300 metros, ocorre a destruição quase completa de estruturas não fortificadas, como casas. E a até 2,3 km, pode derrubar uma pessoa.

Ao apresentar o artefato em setembro de 2007, o vice-chefe do gabinete militar russo, Aleksandr Rukshin, disse que a arma "tem potência e eficácia comparáveis às de uma bomba atômica".

Disse também que a arma teria a vantagem adicional de não contaminar o meio ambiente.

O teste provocou reações mistas de especialistas internacionais.

"É possível questionar os número e a escala da bomba, mas os russos têm uma ampla e comprovada história no desenvolvimento de armas de classe termobárica", disse à BBC o analista militar britânico Robert Hewson, quando o explosivo foi lançado em 2007.

"Acredito ser provável que esta seja a maior bomba não nuclear do mundo", acrescentou.

Já Sascha Lange, do Instituto Alemão para Relações Internacionais e de Segurança, questionou o vídeo.

"Duvido que tudo tivesse ocorrido da forma como os russos mostraram. As imagens mostradas no canal de televisão estatal não comprovam isso", afirmou ao DW, ressaltando que o avião de lançamento é mostrado, mas não a arma saindo da aeronave.