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Modelo da Playboy atrai ira de maoris ao tirar foto nua em montanha sagrada

03/05/2017 13h20

Para muitas pessoas, em meio à constante busca por belas imagens para compartilhar no Facebook e no Instagram, chegar ao topo de uma montanha, acima do nível das nuvens, é uma grande oportunidade de fazer o clique perfeito.

E, se você é uma modelo da Playboy com 300 mil seguidores, por que não tirar as roupas e tirar uma foto totalmente pelada?

Foi o que Jaylene Cook fez no topo do monte Taranaki, na Nova Zelândia. Mas os maori, povo nativo do país, viram nisso um gesto extremamente ofensivo: para eles, o topo do vulcão é um local sagrado.

"É como se alguém entrasse na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e tirasse uma foto sem roupas", diz Dennus Ngawhare, porta-voz da tribo, à BBC. "É um lugar sagrado, e fazer algo assim ali é muito inapropriado."

Ancestrais

A foto de Cook, que é neozelandesa, foi tirada quando ela escalou a montanha há alguns dias com seu namorado.

Na imagem publicada em sua conta no Instagram, onde teve mais de 10 mil curtidas, ela está olhando para o horizonte a uma altitude de 2.518 metros.

"As pessoas podem dizer que se trata apenas de um monte de pedras e terra, então, como você pode desrespeitar algo assim?", diz Ngawhare.

Mas, para os maori, o vulcão é um local sagrado onde os antepassados da tribo foram enterrados. O próprio monte é visto como um ancentral.

Tradicionalmente, escalar até o topo é algo tido como inapropriado e feito apenas raramente, como parte de cerimônias.

Desde que o país foi colonizado pelo Reino Unido, porém, a tribo teve pouco controle sobre o acesso ao local - que foi batizado como monte Egmont pelos britânicos. Hoje, é permitido que turistas escalem o vulcão.

"Só recentemente passamos a ser consultados sobre o que é feito na montanha", diz o porta-voz maori.

"Apenas pedimos que as pessoas demonstrem respeito. Esse caso é mais um exemplo irritante de alguém que obviamente não sabe como se comportar lá."

O prefeito do distrito de Stratford, Neil Volzke, concorda que faltou sensibilidade e cuidado com a cultura alheia à modelo.

"Não acho que a foto em si seja ofensiva ou obscena. Mas é inadequado ser fotografado assim no topo do monte Taranaki, pois é um local muito importante para os maori", disse ele à BBC.

Crença

Quando as primeiras críticas à foto surgiram, Cook se defendeu dizendo ter feito uma pesquisa de antemão e chegado à conclusão de que não seria algo ofensivo.

"É um conflito entre as ideias ocidentais e os valores e crenças indígenas", replica Ngawhare.

Outros incidentes no Taranaki já revoltaram a comunidade maori, inclusive escaladores que fizeram um churrasco no pico da montanha e pessoas que grafitaram pedras.

"É um lugar que deve ser tratado com o máximo de respeito a todo momento", diz Volzke.

Essa não é a primeira vez que uma foto de uma pessoa nua em uma montanha gera problemas com comunidades locais.

Em 2015, um grupo de turistas ocidentais fez o mesmo ao escalar o monte Kinabalu, na Malásia, levando a uma enxurrada de críticas pelo fato de o local ser sagrado.

Na época, a comunidade local afirmou que um terremoto na região teria ocorrido em decorrência desse ato de desrespeito.

Os turistas foram processados, passaram alguns dias presos e precisaram pagar uma multa para serem liberados e, assim, deixarem o país.