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O que é a 'mãe de satã', o explosivo caseiro que jihadistas queriam usar em Barcelona

Havia na residência em Alcanar bujões de gás, acetona e detonadores - Joan Revillas/AP
Havia na residência em Alcanar bujões de gás, acetona e detonadores Imagem: Joan Revillas/AP

23/08/2017 19h25

A célula jihadista responsável pelos ataques em Las Ramblas e Cambrils tinha como objetivo final, segundo investigações das autoridades espanholas, usar em pontos emblemáticos de Barcelona com um explosivo batizado de "mãe de satã" - de alto poder letal.

Trata-se do triperóxido de triacetona (TATP), que pode ser fabricado a partir de substâncias de fácil acesso, como ácidos e acetona, o que faz dele um dos explosivos mais utilizados por seguidores do grupo extremista autodenominado Estado Islâmico, justamente porque parte dos ingredientes pode ser comprada por qualquer pessoa e porque a bomba resultante tem alto poder de fogo.

De acordo com o juiz Fernando Andreu, da Audiência Nacional de Madri, envolvido nas investigações dos atentados que deixaram 15 mortos na semana passada, a polícia espanhola acredita que tais ingredientes estavam na casa de Alcanar (a 200 km de Barcelona) que explodiu um dia antes dos ataques.

É nessa casa que as investigações apontam que estavam sendo planejados atentados de envergadura ainda maior na cidade catalã.

Ao mesmo tempo, porém, o TATP é bastante instável, e os gases resultantes dele são altamente inflamáveis.

Segundo o juiz Andreu, foi provavelmente durante a manipulação desses produtos que explodiu a casa em Alcanar, incidente em que duas pessoas morreram e uma terceira ficou ferida.

O depoimento dessa terceira pessoa, Mohamed Houli, é que deu às autoridades informações sobre o armazenamento de explosivos dentro da casa.

Havia ali ao menos 500 litros de acetona e uma grande quantidade de pregos, bujões de gás e detonadores.

A explosão acidental teria levado os extremistas a mudar seus planos e usar veículos em vez de bombas para realizar ataques.

Houli declarou que ele e seus companheiros da célula jihadista planejavam inicialmente usar a "mãe de satã" contra os principais monumentos de Barcelona, como a icônica igreja da Sagrada Família - algo que teria provocado uma tragédia ainda maior do que a resultante dos atropelamentos de 17 de agosto.

Outros ataques

Segundo documento expedido por Andreu, "há indícios racionais e suficientes de que em tal casa (em Alcanar) tentava-se fabricar peróxido de acetona, também conhecido como TATP, comumente utilizado pela organização terrorista Daesh (outro nome pelo qual o Estado Islâmico é conhecido) em suas ações terroristas".

O modus operandi parece ser similar ao empregado pelos autores dos atentados realizados em Bruxelas, na Bélgica, em março do ano passado.

Segundo o jornal espanhol El Mundo, é possível que a "mãe de satã" tenha sido empregada antes ainda, como nos atentados a um restaurante espanhol em Casablanca, Marrocos, em 2005, ou contra o sistema de transporte londrino, em 2005.

E serviços de segurança israelenses dizem ter encontrado vestígios desse explosivo em muitos dos ataques perpetrados pelo grupo radical palestino Hamas.