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O brutal assassinato de 3 estudantes mexicanos confundidos com traficantes e dissolvidos em ácido

Os três estudantes de cinema foram dados como desaparecidos em 19 de março, após terem saído para gravar um curta-metragem - EPA
Os três estudantes de cinema foram dados como desaparecidos em 19 de março, após terem saído para gravar um curta-metragem Imagem: EPA

24/04/2018 14h17

Javier Solomon Aceves Gastelum, de 25 anos, Jesus Daniel Diaz, 20 anos, e Marco Francisco Garcia Avalos, 20 anos, três estudantes de cinema, desapareceram no dia 19 de março em Tonalá, no Estado de Jalisco, no oeste do México.

A última coisa que se sabia sobre eles é que tinham ido gravar um curta-metragem em uma casa da cidade para um trabalho de faculdade.

No caminho de volta para suas casas, o carro em que viajavam quebrou. Eles pararam para averiguar o problema, quando duas vans se aproximaram. Dentro delas, homens carregando fuzis, que se identificaram como agentes do Ministério Público e os levaram embora, segundo relatou à imprensa local uma jovem que estava com os estudantes.

Na segunda-feira, dia 23 de abril, o procurador-geral de Jalisco, Raúl Sánchez Jiménez, revelou o que aconteceu com os três estudantes.

Segundo o procurador, os alunos da Universidade de Guadalajara foram sequestrados por membros do cartel Jalisco Nova Geração (CJNG, em espanhol), que os assassinaram e dissolveram seus corpos em ácido, informou a agência.

O motivo do crime foi que o local onde os jovens gravaram era um esconderijo usado por um grupo antagônico do CJNG, o cartel Nueva Plaza.

Os membros da CJNG, que confundiram os alunos com membros d euma gangue rival, os levaram para outra casa e lá eles foram interrogados, torturados e assassinados.

"Mais tarde, eles os levaram para outra casa, onde dissolveram seus corpos em ácido sulfúrico, para que não houvesse restos", disse o Ministério Público de Jalisco.

No local foram encontrados vestígios biológicos dos jovens, 46 tambores de 56 litros de ácido sulfúrico e três tanques com restos do composto químico.

Jiménez, procurador-geral do Estado, disse que duas pessoas foram presas por terem participado do crime.

Ele afirmou que ambos são supostamente membros do CJNG e que, no total, oito pessoas teriam cometido o triplo assassinato: quatro deles têm ordens de prisão e os outros dois ainda não foram localizados.

Nenhuma ligação com o tráfico de drogas

O Ministério Público confirmou que os jovens não tinham relação com os narcotraficantes da região e que o único "erro" deles foi fazer uma gravação em uma propriedade que era usada pelo grupo criminoso rival.

Segundo a investigação da polícia, a tia de uma das alunas seria a dona da casa e a teria emprestado para as gravações.

Segundo o Ministério Público, enquanto os estudantes estavam gravando o curta, os membros do CJNG ficaram de olho neles sem que percebessem.

O procurador-geral disse que as investigações ainda não foram concluídas e que se espera "que todas as verdades sobre esses fatos lamentáveis sejam reveladas".

Aumento da violência

O sequestro dos três estudantes provocou indignação em Jalisco e expôs a onda de violência que assola o Estado.

Segundo dados da Secretaria Executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP), no primeiro trimestre de 2018 ocorreram 353 homicídios no Estado - foi o início de ano mais violento dos últimos 20 anos.

Em 2017, o número de homicídios dolosos foi recorde, com 1.369 assassinatos. Segundo especialistas, o quadro se deve aos confrontos entre os cartéis de drogas.

A violência no Estado já havia ganhado as manchetes dentro e fora do país em 31 de janeiro, quando três italianos desapareceram no município de Tecalitlán.

Em fevereiro, a Procuradoria do Estado informou que havia prendido quatro policiais ligados ao desaparecimento de Antonio Russo, Raffaele Russo e Vincenzo Cimmino, que foram entregues pelos agentes a um grupo do crime organizado que opera no local.

Em 2017, o México registrou um total de 23.101 homicídios, segundo a Secretaria Executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP, na sigla em espanhol). Foi o ano mais violento do país nas últimas duas décadas, superando 2011, quando foram registrados 22.409 assassinatos.