Crise na Venezuela: País tem novo dia de protestos e apagão
Manifestante a favor e contra o governo encheram as ruas neste sábado
A Venezuela está tomada por protestos neste sábado, convocados tanto pelo líder oposicionista Juan Guaidó quanto pelo presidente Nicolás Maduro.
Na capital, Caracas, alguns apoiadores de Guaidó brigaram com a polícia e foram afastados com spray de pimenta.
Guaidó se autodeclarou presidente interino no dia 23 de janeiro e está em disputa com Maduro deste então.
Os protestos deste sábado acontecem após queda de energia que afeta grande parte do país desde quinta-feira.
Guaidó, que lidera a Assembleia Nacional, foi reconhecido como presidente interino por mais de 50 países. No entanto, Maduro ainda tem o apoio das Forças Armadas e de aliados como Rússia e China.
As últimas informações
No sábado, a polícia atuou num protesto contra o governo que acontecia em Caracas.
Alguns manifestantes empurraram os policiais, gritando "assassinos", e eles responderam usando spray de pimenta contra essas pessoas.
Mais tarde, ao fazer um discurso para os manifestantes, Guaidó anunciou que fará um tour do país, reunindo seus apoiadores para um grande protesto em Caracas.
"A Venezuela toda virá a Caracas porque precisamos estar unidos", disse ele. Usando um megafone, clamou aos seus apoiadores que sigam "unidos e mobilizados... nas ruas".
Num tuíte de tom desafiador publicado ainda cedo no sábado, o presidente Maduro prometeu lutar contra "a brutal agressão contra o nosso povo", acrescentando: "nunca vamos nos entregar."
Qual é o contexto?
O presidente Maduro acusa Guaidó de tentar planejar um golpe contra ele com a ajuda de "imperialistas americanos".
Maduro assumiu a presidência quando seu mentor, Hugo Chávez, morreu, em 2013. Nos últimos anos, a Venezuela vem sofrendo com uma grave crise econômica, falta de alimentos e inflação que chegou a pelo menos 800,000% no ano passado.
O governo está cada vez mais isolado, à medida que mais e mais países o culpam pela crise, que já provocou a emigração de mais de 3 milhões de pessoas.
Por que houve falta de energia?
A queda de energia teria sido provocada por problema em uma hidrelétrica no estado de Bolivar.
Houve um apagão no sábado, diz o jornal El Nacional, que afetou diversas áreas onde a energia já havia voltado.
Em Caracas, os semáforos já funcionam, mas o metrô está fechado.
A Venezuela depende de sua infraestrutura hidrelétrica, e não de suas reservas de petróleo, para o consumo de energia. Mas décadas de baixo investimento afetaram negativamente os reservatórios, e não é raro haver breves apagões.
Maduro acusa a oposição de sabotagem e sua vice-presidente, Delcy Rodriguez, condenou o que chama de "guerra elétrica imperial".
Guaidó, por sua vez, pede que os venezuelanos protestem no sábado contra o regime "usurpador, corrupto e incompetente que deixou o país no escuro".
Ele disse que o apagão é resultado de anos de falta de investimento e que não podia ser normal que 50% dos hospitais no país não tenham suas próprias fontes de eletricidade.
Na sexta-feira, houve cenas de caos em hospitais, como parentes de pacientes que tentavam transportar doentes no escuro para unidades de saúde que tinham geradores.
No Hospital Universitário de Caracas, a paciente Marielsi Aray, de 25 anos, morreu após seu respirador parar de funcionar.
"Os médicos tentaram ajudá-la, mas sem eletricidade, o que podiam fazer?", disse seu tio, Jose Lugo.
Os geradores do hospital infantil de Caracas não funcionaram. Médicos e enfermeiros tiveram que trabalhar usando as luzes de seus celulares.
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