Jornalistas da Al Jazeera completam um ano de prisão no Egito
Peter Greste, Mohammed Fahmy e Baher Mohammed são acusados de colaborar com a Irmandade Muçulmana. Reconciliação entre Egito e Catar, país-sede da Al Jazeera, eleva esperança por uma solução para o caso.
As prisões de três jornalistas da emissora de televisão Al Jazeera no Egito completam um ano nesta segunda-feira (29/12), em um caso que chamou a atenção da imprensa internacional e de organizações de direitos civis em todo o mundo.
O australiano Peter Greste, o egípcio-canadense Mohammed Fahmy –chefe de redação da Al Jazeera em inglês no Cairo– e o produtor egípcio Baher Mohammed estão presos há exatos 365 dias, acusados de contribuir com a Irmandade Muçulmana, organização que o governo mais tarde classificou de grupo terrorista.
Muitos observadores consideram o julgamento que resultou na condenação dos três jornalistas uma farsa de fundo político, devido à falta de evidências que pudessem incriminá-los. Eles receberam penas que variam de sete a dez anos de prisão.
As prisões ocorreram durante a repressão, por parte do governo egípcio, aos islamitas no país, após a deposição do presidente Mohammed Morsi. As autoridades acusavam a Al Jazeera de agir como a voz da Irmandade Muçulmana no Egito e de ameaçar a segurança nacional.
A emissora negou tais acusações e afirmou que seus jornalistas estavam apenas cobrindo os protestos dos apoiadores de Morsi. Os réus dizem terem sidos vítimas da disputa política entre o Egito e o Catar –o país que está por trás da rede de televisão–, em razão do apoio do Catar à Irmandade Muçulmana, e afirmam que estavam somente exercendo a sua profissão.
Organizações de defesa dos direitos humanos, assim como os governos ocidentais, condenaram o julgamento dos jornalistas. As Nações Unidas chegaram a questionar a independência jurídica do país.
Reconciliação com o Catar
O acontecimento elevou as tensões entre o Egito e o Catar. Uma recente aproximação entre os dois países –promovida pelas nações do Golfo Pérsico, sob a liderança da Arábia Saudita– aumentou as especulações de que uma solução para a libertação dos jornalistas estaria sendo encaminhada.
Um dos possíveis sinais da reconciliação entre Egito e Catar foi o fechamento, por parte da Al Jazeera, de sua afiliada egípcia, cuja cobertura jornalística gerava irritações no governo do Cairo.
A atitude fez crescer os rumores de que o Egito poderia responder com a libertação dos três jornalistas, através dos tribunais ou do perdão presidencial. Em novembro, o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, havia sinalizado que considera a concessão do perdão aos três jornalistas.
Ao menos mais 12 jornalistas egípcios estão detidos sob diversas acusações, que incluem participação em protestos ou uso da violência, segundo o ativista egípcio de direitos humanos Mohammed Lotfy, que acompanhou o julgamento dos jornalistas para a Anistia Internacional.
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