Alemanha ocultou de aéreas risco de sobrevoar a Ucrânia
Três aviões da Lufthansa sobrevoaram leste ucraniano pouco antes de o voo MH17 ter sido derrubado. Governo alemão sabia dos riscos e não informou companhias aéreas.
O governo da Alemanha havia sido informado, em julho de 2014, sobre o risco que o leste da Ucrânia apresentava para aviões de passageiros e não repassou a informação para as companhias aéreas alemãs, noticiaram nesta segunda-feira (27) o jornal "Süddeutsche Zeitung" e as emissoras NDR e WDR.
Segundo a denúncia, que se baseia em documentos internos do Ministério do Exterior da Alemanha, diplomatas alemães avaliaram a situação no leste ucraniano como preocupante depois de um avião militar Antonov, da Ucrânia, ter sido abatido a mais de 6 mil metros de altura.
Segundo eles, isso criou uma situação nova na região. Especialistas avaliam que, quando um avião é abatido a essa altura, alvos ainda mais distantes podem ser atingidos, o que representa sérios riscos para a aviação civil. Também o serviço secreto alemão, o BND, teria alertado o governo para os riscos que a região oferecia para a aviação civil.
Em 17 de julho de 2014, um avião da Malaysia Airlines que fazia o voo MH17 foi derrubado no leste da Ucrânia. Todas as 298 pessoas a bordo morreram. Nesse mesmo dia, três aviões da Lufthansa sobrevoaram a região, um deles apenas 20 minutos antes do MH17.
Normalmente, as empresas aéreas precisam ser imediatamente informadas sobre mudanças nas condições de segurança de uma região. Essa tarefa costuma estar a cargo do Ministério dos Transportes da Alemanha. Mas, nesse caso, as companhias foram informadas apenas depois da queda do MH17.
A Lufthansa afirmou não ter sido informada pelo governo antes do dia 17 de julho e que, se soubesse da situação de segurança, teria alterado suas rotas imediatamente.
As investigações da equipe de jornalistas também concluíram que o avião da Malaysia Airlines foi derrubado por um míssil terra-ar do sistema de defesa antiaérea Buk M1, de fabricação russa. O disparo teria sido efetuado do território controlado pelos separatistas.
As investigações oficiais ainda estão em andamento, lideradas por especialistas holandeses. A maioria das vítimas é holandesa.
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