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Carta crítica a presidente chinês provoca prisões

Philipp Bilsky (md)

29/03/2016 11h26

Parentes de dissidentes são detidos após publicação de texto que pede renúncia de Xi Jinping. Entre os atingidos estão um colaborador da DW e um blogueiro que vive nos EUA.

O jornalista chinês Chang Ping declarou nesta segunda-feira (28/03) à DW que dois de seus irmãos e uma irmã foram "sequestrados" por autoridades chinesas. Chang vive há vários anos na Alemanha e é colunista da redação chinesa da DW. Numa das suas colunas, Chang havia relatado, de forma crítica, prisões relacionadas a uma carta aberta ao presidente chinês, Xi Jinping.

A carta foi publicada num site chinês no início de março. Nela, os autores acusam o presidente chinês de cometer graves erros políticos e reivindicam sua renúncia. Logo após a publicação, alguns funcionários do site desapareceram. Em meados de março, o jornalista chinês Jia Jia foi detido temporariamente. As autoridades chinesas o acusaram de ser um dos autores da carta.

Chang Ping criticou a ação contra Jia Jia numa coluna para a DW. Com a prisão de seus parentes, as autoridades chinesas tentam agora pressioná-lo para que ele encerre sua coluna, de acordo com Chang. Ele disse que não está entre os autores da carta aberta e que não existe ligação alguma entre ele e a carta.

O blogueiro Wen Yunchao, outro crítico do governo chinês, afirmou no sábado, de Nova York, que seus pais e seu irmão mais novo foram levados de casa na província de Guangdong, no sul da China. A polícia queria saber deles se eles estavam por trás da carta anônima. Wen Yunchao, negou, assim como Chang Ping, qualquer ligação com a carta aberta.

No serviço de mensagens curtas Twitter, o blogueiro Wen também pediu que o governo dos EUA interceda junto a Xi Jinping pela sua família. O presidente da China é esperado em Washington esta semana para uma conferência sobre segurança nuclear.

O Comitê Internacional para Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a organização de direitos humanos Anistia Internacional criticaram as ações das autoridades chinesas. "As autoridades devem cessar sua campanha política contra aqueles que suspeitam estar por trás da carta", reivindicou William Nee, da Anistia. Ele chamou a perseguição de familiares de dissidentes de "draconiana e ilegal" e um "insulto às intensões da China de respeitar o Estado de Direito".