Anistia cobra atitude da Fifa sobre Copa no Qatar
A entidade de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) voltou a exigir nesta quinta-feira (31/03) que a Fifa interceda para possibilitar melhoria das condições de trabalho nas obras para a Copa do Mundo de 2022, no Qatar.
"A Fifa deve aumentar a pressão sobre o governo do Catar imediatamente", disse a especialista em Qatar da seção da organização na Alemanha, Regina Spöttl. "Desde a escolha do Qatar para sediar a Copa, em 2010, a Fifa não tem feito o suficiente contra as condições desumanas nos canteiros de obras da Copa. Se a Fifa não agir agora, será corresponsável por uma Copa do Mundo em 2022 realizada às custas da exploração de dezenas de milhares de trabalhadores migrantes."
A AI entrevistou mais de 200 trabalhadores estrangeiros sobre as condições de trabalho nas obras do estádio Khalifa e do centro esportivo em Doha, para produzir seu novo relatório abordando a situação no Qatar, apresentado nesta quinta-feira em Berlim.
Segundo a ONG, os operários estrangeiros são expostos a uma série de violações dos direitos humanos nesses canteiros de obras. "Pode-se, em alguns casos, falar em trabalho forçado", afirma a entidade, observando que os trabalhadores têm que entregar seus passaportes quando entram no país, sendo impedidos de deixar o Qatar antes do fim do contrato de trabalho.
A AI denuncia também que muitos operários só recebem seus salários com meses de atraso e, muitas vezes, menos do que o acertado. A organização estima que o número de trabalhadores migrantes vai aumentar em dez vezes nos canteiros de obras da Copa do Mundo nos próximos dois anos, para cerca de 36 mil pessoas. Segundo a AI, 90% dos trabalhadores vêm de países do sul da Ásia como Bangladesh, Índia e Nepal.
Recentemente, o Qatar tinha anunciado que implementaria até o final de 2015 as reformas trabalhistas pedidas internacionalmente, a fim de melhorar as condições dos trabalhadores.
Em comunicado, a Fifa anunciou estar ciente dos riscos a que os operários no Qatar são submetidos, mas se disse confiante de que as medidas anunciadas pelos organizadores da Copa do Mundo no país ofereçam uma "boa base para a verificação dos direitos dos trabalhadores".
MD/dpa/sid
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