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Abstinência sexual faz ratos usarem mais drogas, aponta estudo

Brigitte Osterath (ca)

23/09/2016 12h44

Segundo cientistas dos EUA, sexo atua na mesma região do cérebro que anfetaminas e faz com que ratos machos recorram a drogas sintéticas na falta de atividade sexual diária.

Sexo pode viciar. O prazer que se sente faz com que algumas pessoas queiram ter relações sexuais o tempo todo. E, como se isso não bastasse, o sexo pode fazer com que se fique mais suscetível a drogas químicas.

Ratos machos que costumam se acasalar todos os dias tendem a buscar muito mais drogas sintéticas, como anfetaminas, durante o período de abstinência. Agora, uma equipe de pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Mississippi, nos EUA, encontrou as causas para esse fenômeno. O estudo, liderado por liderada por Lauren Beloate, foi publicado nesta semana no The Journal of Neuroscience.

Tanto o sexo quanto as anfetaminas atuam na chamada área tegmental ventral (ATV) do cérebro, descobriram os pesquisadores. Esse grupo de células nervosas produz o neurotransmissor dopamina e está relacionado ao sistema de recompensa do cérebro.

Para cientistas como Beloate e sua equipe, o sexo nada mais é que uma recompensa natural: ele nos faz sentir bem, levando ao desejo de repetir essa atividade num curto espaço de tempo. As drogas atuam na mesma região cerebral, o que as faz serem viciantes.

"A experiência com o comportamento sexual seguida de um período de abstinência leva ao aumento de [busca por] recompensa por meio da anfetamina em ratos machos", escreve a equipe de Beloate.

"Vulnerabilidade aumentada"

Segundo o estudo, o sexo diário alterou o cérebro dos roedores, tornando-os mais propensos ao uso de drogas. Os ratos sexualmente ativos ficaram viciados muito mais rapidamente em anfetaminas e a uma dosagem muito menor do que as cobaias que não se acasalavam. Os cientistas chamaram isso de "vulnerabilidade aumentada", ou seja, a droga tem um efeito muito maior em animais que praticam sexo do que teria normalmente.

Nos ratos, cinco dias consecutivos de sexo, seguidos de uma abstinência de sete dias, foram suficientes para provocar tal mudança cerebral.

Há relatos de usuários de metanfetamina que dizem ter aumentado o prazer sexual e praticado sexo inseguro devido à perda de controle provocada pela droga.

Cientistas descobriram, em experimentos anteriores com animais, que a administração regular de baixas doses de metanfetamina - também chamada de crystal meth - resultou num comportamento compulsivo de busca por sexo durante a abstinência sexual. Porém, doses muito altas da droga sintética fizeram com que ratos perdessem totalmente o apetite sexual.