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Berlim e Viena discordam sobre como enfrentar crise de refugiados

27/02/2017 16h43

Enquanto ministro do Exterior alemão descarta abrigos provisórios no Norte da África, homólogo austríaco vê na sugestão um sinal de honestidade. Mas há consenso quanto à necessidade de unir a UE diante dos EUA de Trump.Alemanha e Áustria defendem posições contrastantes em relação à crise migratória na União Europeia, como ficou evidenciado durante a visita do ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, a Viena, nesta segunda-feira (27/02).Enquanto ele é estritamente contra as sugestões recentes de que se instalem na costa norte da África abrigos temporários para os migrantes a caminho da Europa, seu homólogo, Sebastian Kurz, sustenta uma postura decididamente "anti-boas-vindas" para com os refugiados. O também ministro da Integração austríaco reiterou, ainda, sua proposta de reduzir os auxílios financeiros para famílias estrangeiras, em certos casos.Gabriel se declarou contra esse tipo medidas isoladas de Estados nacionais e apelou por "mais realismo" no tocante aos abrigos provisórios como resposta à crise migratória. Em entrevistas recentes, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani apresentou essa ideia como uma espécie de "plano Marshall" para a África."Eu aconselho a não se pintar um mundo que não existe", disse o político social-democrata alemão na capital austríaco. Ele considera perigoso despertar a impressão de que o acordo da UE com a Turquia, para receber e orientar os refugiados, seja transferível a países instáveis e, em parte, politicamente caóticos, como a Líbia e a Tunísia. Isso só gerará decepções entre os cidadãos, advertiu.O democrata-cristão Kurz, por sua vez, saúda a sugestão de Tajani, e comentou que finalmente começa a ficar mais honesta a discussão sobre como enfrentar a crise dos refugiados. Há muito ele é a favor de que os migrantes que tentaram entrar na Europa com ajuda de atravessadores sejam interceptados nas fronteiras externas, atendidos e reenviados ao país de origem.UE unida contra TrumpEm encontro posterior entre o ministro Gabriel e o chanceler federal da Áustria, Christian Kern, reinou unanimidade de que o momento pede um fortalecimento e uma transformação na União Europeia.Diante de um presidente dos Estados Unidos cuja meta oficial é debilitar a UE, deve se iniciar uma "fase de unir as frentes", observou Kern. Segundo Gabriel, as gerações futuras vão amaldiçoar todos os políticos que apostem em soluções nacionalistas."Também a Alemanha vai deixar de ter uma voz digna de ser escutada", acrescentou o ministro. Há muito os EUA estão se reorientando, a Rússia é um parceiro difícil, porém importante: "Estamos testemunhando uma nova medição do mundo."Ambos os políticos social-democratas reivindicaram para que a UE volte a ter mais consideração para com os mais fracos. Cabe recolocar em primeiro plano a promessa do bem-estar e reestruturar o mercado interno nos moldes de uma economia de mercado social. Com a desvalorização social e de salários, os cidadãos da UE estão sendo jogados uns contra os outros, alertaram Kern e Gabriel.AV/afp,kna,dpa