1968: Início da guerra civil na Irlanda do Norte
1968: Início da guerra civil na Irlanda do Norte - No dia 5 de outubro de 1968, iniciaram-se em Derry, na Irlanda do Norte, os conflitos entre protestantes e católicos, depois que a polícia reprimiu uma manifestação dos católicos por mais direitos civis.O começo da guerra entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte foi marcado pela manifestação dos moradores do bairro católico de Derry (para os protestantes, Londonderry). A violenta repressão da polícia protestante contra os manifestantes resultou em cinco mortos e 120 pessoas feridas. Em represália, os moradores fecharam o bairro para as forças de segurança.
Problema antigo
The troubles, como os conflitos são chamados pelos irlandeses, haviam começado vários séculos atrás. Desde a invasão dos normandos, no século 12, os britânicos estão presentes na ilha. O povo local sempre foi oprimido e as leis eram impostas de fora. Tentativas de independência sempre foram sufocadas. Em 1919, foi constituído pela primeira vez um parlamento irlandês em Dublin.
Como os britânicos não o aceitassem, começou uma guerra que durou até 1921, período em que surgiu o Exército Republicano Irlandês (IRA). Em 1922, a Irlanda foi dividida: o norte protestante passou a ser governado a partir de Belfast, enquanto a República da Irlanda, de maioria católica, tinha seu governo em Dublin. Apesar de a divisão ter sido aceita apenas como medida provisória, inclusive pela constituição, ela acabou durando muito mais que o previsto.
Repressão policial
A minoria católica do norte foi discriminada e nas eleições sempre ficou em desvantagem. No final dos anos 60, promoveu uma manifestação pacífica para chamar a atenção sobre seus problemas. O auge do movimento foi em 1969, depois da manifestação de 5 de outubro de 1968 no centro do bairro de Derry. A repressão policial foi seguida pela constituição de milícias protestantes armadas, comandas pelo líder protestante radical Ian Paisley, que realizaram sangrentos ataques aos bairros católicos.
Tropas britânicas interferiram no conflito. Buscando acalmar os ânimos, a Grã-Bretanha determinou a igualdade de direitos políticos e o fim das discriminações econômicas entre as comunidades protestante e católica. A escalada inglesa desenrolou-se, no Ulster (nome britânico para a província da Irlanda do Norte), no período de 1969 a 1972. O governo conservador de Edward Heath substituía a pacificação do antigo primeiro-ministro Harold Wilson pela repressão pura e simples.
Domingo Sangrento
Em 1972, 22 mil soldados da Grã-Bretanha ocupavam o Ulster. A 30 de janeiro, uma enorme manifestação pacífica foi reprimida a tiros pelas tropas inglesas resultando em 13 mortos. Tal tragédia ficou conhecida como Domingo Sangrento e levou à substituição do movimento pelos direitos civis e da luta pacífica pela luta armada e o terrorismo. O IRA se dividiu em dois grupos: os "oficiais" (que acreditavam no movimento político e na participação nos parlamentos de Londres, Dublin e Belfast) e os "provisórios" (que só aceitavam o terrorismo).
Em março de 72, uma resolução de Londres fechou o Parlamento de Belfast e nomeou um administrador para o Ulster. Procurando isolar o IRA, em 1973, o governo britânico fez um referendo sobre a independência da Irlanda do Norte. A maioria protestante deu a vitória à permanência no Reino Unido.
Violência persiste
A década de 70 foi marcada pela violência. Enquanto o IRA "oficial" praticamente desapareceu, cresceram os atentados terroristas dos "provisórios". O Sinn Fein, o braço político do movimento, também passou a ser dominado pelos adeptos dos "provisórios". Consequentemente, milhares de ativistas católicos foram enviados para o campo de prisioneiros de Long Kesh. Os militantes do IRA presos em 1981 iniciaram uma série de greves de fome.
O mundo acompanhou, pasmo e paralisado, a morte de Bobby Sands, após mais de dois meses sem comer. Nesse período, Sands – transformado em símbolo e mártir da luta da minoria católica – foi eleito deputado ao Parlamento de Westminster. Um depois do outro, mais nove presos católicos morreram em greve de fome. Durante os anos de 1969 a 82, a disputa causou mais de duas mil mortes, na maioria de civis.
Em 1985, iniciou-se uma nova fase no conflito. Voltando a uma política de pacificação, Londres firmou um acordo com o governo de Dublin, dando participação à República da Irlanda na administração do Ulster. A nova orientação desagradou ambos os lados. Enquanto a maioria protestante levantava-se contra a administração conjunta, o IRA continuava exigindo a retirada inglesa e a reunificação completa da Irlanda.
Negociações e acordo
Procurando controlar os protestantes, o Reino Unido voltou a fechar o Parlamento de Belfast. Nos anos 90, os atentados continuaram, apesar das várias tentativas de paz. No dia 17 de novembro de 1999, o IRA comprometeu-se a designar um representante que negociaria a deposição de armas com uma comissão internacional independente, encabeçada pelo general canadense John de Chastelain.
Com isso, o IRA eliminou o maior entrave para a aplicação do acordo da Sexta-Feira Santa, firmado em 10 de abril de 1998, entre o protestante David Trimble, do Partido Unionista do Ulster, e o católico Gerry Adams, líder do Sinn Fein. Seu principal item era a formação de um parlamento que cuidaria dos interesses de todos os habitantes.
Problema antigo
The troubles, como os conflitos são chamados pelos irlandeses, haviam começado vários séculos atrás. Desde a invasão dos normandos, no século 12, os britânicos estão presentes na ilha. O povo local sempre foi oprimido e as leis eram impostas de fora. Tentativas de independência sempre foram sufocadas. Em 1919, foi constituído pela primeira vez um parlamento irlandês em Dublin.
Como os britânicos não o aceitassem, começou uma guerra que durou até 1921, período em que surgiu o Exército Republicano Irlandês (IRA). Em 1922, a Irlanda foi dividida: o norte protestante passou a ser governado a partir de Belfast, enquanto a República da Irlanda, de maioria católica, tinha seu governo em Dublin. Apesar de a divisão ter sido aceita apenas como medida provisória, inclusive pela constituição, ela acabou durando muito mais que o previsto.
Repressão policial
A minoria católica do norte foi discriminada e nas eleições sempre ficou em desvantagem. No final dos anos 60, promoveu uma manifestação pacífica para chamar a atenção sobre seus problemas. O auge do movimento foi em 1969, depois da manifestação de 5 de outubro de 1968 no centro do bairro de Derry. A repressão policial foi seguida pela constituição de milícias protestantes armadas, comandas pelo líder protestante radical Ian Paisley, que realizaram sangrentos ataques aos bairros católicos.
Tropas britânicas interferiram no conflito. Buscando acalmar os ânimos, a Grã-Bretanha determinou a igualdade de direitos políticos e o fim das discriminações econômicas entre as comunidades protestante e católica. A escalada inglesa desenrolou-se, no Ulster (nome britânico para a província da Irlanda do Norte), no período de 1969 a 1972. O governo conservador de Edward Heath substituía a pacificação do antigo primeiro-ministro Harold Wilson pela repressão pura e simples.
Domingo Sangrento
Em 1972, 22 mil soldados da Grã-Bretanha ocupavam o Ulster. A 30 de janeiro, uma enorme manifestação pacífica foi reprimida a tiros pelas tropas inglesas resultando em 13 mortos. Tal tragédia ficou conhecida como Domingo Sangrento e levou à substituição do movimento pelos direitos civis e da luta pacífica pela luta armada e o terrorismo. O IRA se dividiu em dois grupos: os "oficiais" (que acreditavam no movimento político e na participação nos parlamentos de Londres, Dublin e Belfast) e os "provisórios" (que só aceitavam o terrorismo).
Em março de 72, uma resolução de Londres fechou o Parlamento de Belfast e nomeou um administrador para o Ulster. Procurando isolar o IRA, em 1973, o governo britânico fez um referendo sobre a independência da Irlanda do Norte. A maioria protestante deu a vitória à permanência no Reino Unido.
Violência persiste
A década de 70 foi marcada pela violência. Enquanto o IRA "oficial" praticamente desapareceu, cresceram os atentados terroristas dos "provisórios". O Sinn Fein, o braço político do movimento, também passou a ser dominado pelos adeptos dos "provisórios". Consequentemente, milhares de ativistas católicos foram enviados para o campo de prisioneiros de Long Kesh. Os militantes do IRA presos em 1981 iniciaram uma série de greves de fome.
O mundo acompanhou, pasmo e paralisado, a morte de Bobby Sands, após mais de dois meses sem comer. Nesse período, Sands – transformado em símbolo e mártir da luta da minoria católica – foi eleito deputado ao Parlamento de Westminster. Um depois do outro, mais nove presos católicos morreram em greve de fome. Durante os anos de 1969 a 82, a disputa causou mais de duas mil mortes, na maioria de civis.
Em 1985, iniciou-se uma nova fase no conflito. Voltando a uma política de pacificação, Londres firmou um acordo com o governo de Dublin, dando participação à República da Irlanda na administração do Ulster. A nova orientação desagradou ambos os lados. Enquanto a maioria protestante levantava-se contra a administração conjunta, o IRA continuava exigindo a retirada inglesa e a reunificação completa da Irlanda.
Negociações e acordo
Procurando controlar os protestantes, o Reino Unido voltou a fechar o Parlamento de Belfast. Nos anos 90, os atentados continuaram, apesar das várias tentativas de paz. No dia 17 de novembro de 1999, o IRA comprometeu-se a designar um representante que negociaria a deposição de armas com uma comissão internacional independente, encabeçada pelo general canadense John de Chastelain.
Com isso, o IRA eliminou o maior entrave para a aplicação do acordo da Sexta-Feira Santa, firmado em 10 de abril de 1998, entre o protestante David Trimble, do Partido Unionista do Ulster, e o católico Gerry Adams, líder do Sinn Fein. Seu principal item era a formação de um parlamento que cuidaria dos interesses de todos os habitantes.
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