Opinião: Líbano é um joguete de potências estrangeiras
Atual crise no Líbano é mais um caso da luta por influência das duas grandes potências regionais: Arábia Saudita e Irã, afirma o chefe da redação árabe online, Rainer Sollich.Uma das questões mais debatidas no Oriente Médio no momento é: por que o chefe de governo do Líbano, Saad Hariri, renunciou de forma totalmente surpreendente e justamente quando estava na Arábia Saudita, depois de uma aparente e dramática "fuga"? Foi por iniciativa própria, por temer pelo seu país ou por temer um atentado contra si, como ele insinuou, de forma nebulosa? Ou ele foi forçado a renunciar pelos seus "amigos" sauditas para incitar o caos no Líbano e diminuir a influência da milícia xiita Hisbolá, financiada pelo Irã?
É possível que a verdade jamais venha à tona, mas tudo indica que, nos bastidores, foi feita uma bem-sucedida pressão sobre a Arábia Saudita e outros atores. Países como o Egito e a antiga potência colonial, a França, aparentemente desempenharam o papel de mediadores, enquanto o ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, jogou os sauditas contra si ao apontá-los publicamente como culpados pela renúncia.
Hariri, agora, está de volta ao seu país, mas a situação continua incerta. Num primeiro momento, ele disse que suspendeu sua renúncia e vai aguardar o resultado de novas conversações. Pouco depois, anunciou diante de apoiadores em festa: "eu ficarei com vocês!" – sem deixar claro se ele pretende ficar apenas no país ou também no cargo e sem esclarecer o que a Arábia Saudita pensa disso nem se haverá exigências.
Ainda assim, o retorno de Hariri a Beirute é uma boa notícia. E também louvável é que, com o Chipre, mais um país da União Europeia se envolva nas negociações. Resta esperar que esse jogo desonroso em torno de Hariri chegue ao fim. Esse jogo faz o Líbano parecer, aos olhos do mundo, um Estado controlado à distância e implica o risco de uma tensão militar se todas as partes envolvidas, dentro e fora do país, não se submeterem a uma extrema disciplina. Afinal, o conflito de fato ainda não foi resolvido. E ele não pode ser resolvido apenas no Líbano.
A potência xiita, o Irã, e as forças a ela aliadas, como o Hisbolá, de fato buscam aumentar seu poder no Líbano e na região, e em nenhum lugar isso é mais evidente do que na Síria, onde ambos, junto com a Rússia, tentam alcançar uma vitória militar do regime do presidente Bashar al-Assad contra rebeldes, em sua maioria, sunitas.
A potência sunita, a Arábia Saudita, vê isso como ameaça e quer evitar a todo custo a ampliação da influência iraniana e xiita na região. E o reino saudita é comandado por um jovem príncipe que o serviço secreto alemão, o BND, atestou ser impulsivo e aventureiro na política externa num relatório que foi vazado para a imprensa no fim de 2015.
Esse conflito não tem como ser resolvido sem que os atores de fato sejam levados à mesa de negociações: a Arábia Saudita e o Irã. Assim como o sunita Hariri e o xiita Hisbolá sentaram juntos à mesa de governo por anos, antes do início da atual crise. No momento, o mundo é testemunha de que o Líbano pode até estar comemorando o retorno de Hariri e o 74º aniversário de sua independência, mas continua sendo um joguete de potências estrangeiras.
É possível que a verdade jamais venha à tona, mas tudo indica que, nos bastidores, foi feita uma bem-sucedida pressão sobre a Arábia Saudita e outros atores. Países como o Egito e a antiga potência colonial, a França, aparentemente desempenharam o papel de mediadores, enquanto o ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, jogou os sauditas contra si ao apontá-los publicamente como culpados pela renúncia.
Hariri, agora, está de volta ao seu país, mas a situação continua incerta. Num primeiro momento, ele disse que suspendeu sua renúncia e vai aguardar o resultado de novas conversações. Pouco depois, anunciou diante de apoiadores em festa: "eu ficarei com vocês!" – sem deixar claro se ele pretende ficar apenas no país ou também no cargo e sem esclarecer o que a Arábia Saudita pensa disso nem se haverá exigências.
Ainda assim, o retorno de Hariri a Beirute é uma boa notícia. E também louvável é que, com o Chipre, mais um país da União Europeia se envolva nas negociações. Resta esperar que esse jogo desonroso em torno de Hariri chegue ao fim. Esse jogo faz o Líbano parecer, aos olhos do mundo, um Estado controlado à distância e implica o risco de uma tensão militar se todas as partes envolvidas, dentro e fora do país, não se submeterem a uma extrema disciplina. Afinal, o conflito de fato ainda não foi resolvido. E ele não pode ser resolvido apenas no Líbano.
A potência xiita, o Irã, e as forças a ela aliadas, como o Hisbolá, de fato buscam aumentar seu poder no Líbano e na região, e em nenhum lugar isso é mais evidente do que na Síria, onde ambos, junto com a Rússia, tentam alcançar uma vitória militar do regime do presidente Bashar al-Assad contra rebeldes, em sua maioria, sunitas.
A potência sunita, a Arábia Saudita, vê isso como ameaça e quer evitar a todo custo a ampliação da influência iraniana e xiita na região. E o reino saudita é comandado por um jovem príncipe que o serviço secreto alemão, o BND, atestou ser impulsivo e aventureiro na política externa num relatório que foi vazado para a imprensa no fim de 2015.
Esse conflito não tem como ser resolvido sem que os atores de fato sejam levados à mesa de negociações: a Arábia Saudita e o Irã. Assim como o sunita Hariri e o xiita Hisbolá sentaram juntos à mesa de governo por anos, antes do início da atual crise. No momento, o mundo é testemunha de que o Líbano pode até estar comemorando o retorno de Hariri e o 74º aniversário de sua independência, mas continua sendo um joguete de potências estrangeiras.
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