Lula e a Alemanha
Ex-presidente simboliza uma história teuto-brasileira de sucesso e é visto por muitos alemães como figura de proa na luta por um mundo melhor e mais justo.Lula atrás das grades? A ideia de que o ex-chefe de Estado brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tenha que, em breve, ir para a cadeia não é estranha apenas para mim, mas para muitas pessoas na Alemanha. Lula, afinal, é visto por aqui como símbolo de uma história teuto-brasileira de sucesso.
Esta história teuto-brasileira de sucesso se baseia numa cooperação de mais de 30 anos entre a social-democracia alemã e o PT, entre a Confederação Alemã de Sindicatos e a CUT, entre a Fundação Friedrich Ebert, ligada ao SPD, e iniciativas de cunho social e político no Brasil.
E ela se baseia no sucesso de uma indústria que pertence ao DNA da Alemanha: a automobilística. O grupo Volkswagen em Wolfsburg, a líder de mercado Volkswagen do Brasil e os sindicatos dos dois lados do Atlântico estão ligados por uma relação muito especial. Ainda durante a ditadura militar, a Volkswagen do Brasil permitiu a criação de conselhos de trabalhadores – a pressão vinda de Wolfsburg tornou isso possível.
Lula é uma das principais cabeças do movimento sindical internacional, que é em grande parte apoiado por integrantes alemães. Ele é também, com isso, parte de um desejo alemão por justiça global. Para muitos apoiadores aqui na Alemanha, ele é a figura de proa na luta por um mundo melhor, como uma espécie de versão brasileira do primeiro presidente do Reich, Friedrich Ebert (1871-1925), que, como operário seleiro e social-democrata, teve uma ascensão semelhante à de Lula.
Quando o chanceler federal Helmut Schmidt (SPD) esteve no Brasil para uma visita oficial, em 1979, ele afrontou o regime militar então comandado pelo presidente João Figueiredo e se encontrou, contra a vontade deste, com o então líder sindical e metalúrgico Lula. Em 2009, Lula visitou Schmidt em Hamburgo e agradeceu a ele, de novo, por esse apoio.
Mas não apenas chanceleres e políticos social-democratas, como Willy Brandt, Gerhard Schröder, Johannes Rau e Helmut Schmidt, mantêm ou mantiveram laços estreitos com Lula. Também entre os cristão-democratas, como o ex-presidente alemão Horst Köhler, Lula desfruta de grande respeito.
Köhler conheceu Lula durante seu mandato como chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 2000 a 2004. A crítica de Lula às receitas de saneamento do FMI para a América Latina colaboraram para uma mudança de rumo nas políticas do fundo.
A chanceler federal Angela Merkel (CDU) também chamou Lula de amigo. "Nós já nos encontramos várias, várias vezes, e eu tenho que dizer que nos tornamos grandes amigos", disse ela em 3 de dezembro de 2009, durante uma entrevista conjunta à imprensa em Berlim. Lula faz parte da Alemanha.
Astrid Prange de Oliveira foi para o Rio de Janeiro solteira. De lá, escreveu por oito anos para o diário taz de Berlim e outros jornais e rádios. Voltou à Alemanha com uma família carioca e, por isso, considera o Rio sua segunda casa. Hoje ela escreve sobre o Brasil e a América Latina para a Deutsche Welle. Siga a jornalista no Twitter: @aposylt.
Esta história teuto-brasileira de sucesso se baseia numa cooperação de mais de 30 anos entre a social-democracia alemã e o PT, entre a Confederação Alemã de Sindicatos e a CUT, entre a Fundação Friedrich Ebert, ligada ao SPD, e iniciativas de cunho social e político no Brasil.
E ela se baseia no sucesso de uma indústria que pertence ao DNA da Alemanha: a automobilística. O grupo Volkswagen em Wolfsburg, a líder de mercado Volkswagen do Brasil e os sindicatos dos dois lados do Atlântico estão ligados por uma relação muito especial. Ainda durante a ditadura militar, a Volkswagen do Brasil permitiu a criação de conselhos de trabalhadores – a pressão vinda de Wolfsburg tornou isso possível.
Lula é uma das principais cabeças do movimento sindical internacional, que é em grande parte apoiado por integrantes alemães. Ele é também, com isso, parte de um desejo alemão por justiça global. Para muitos apoiadores aqui na Alemanha, ele é a figura de proa na luta por um mundo melhor, como uma espécie de versão brasileira do primeiro presidente do Reich, Friedrich Ebert (1871-1925), que, como operário seleiro e social-democrata, teve uma ascensão semelhante à de Lula.
Quando o chanceler federal Helmut Schmidt (SPD) esteve no Brasil para uma visita oficial, em 1979, ele afrontou o regime militar então comandado pelo presidente João Figueiredo e se encontrou, contra a vontade deste, com o então líder sindical e metalúrgico Lula. Em 2009, Lula visitou Schmidt em Hamburgo e agradeceu a ele, de novo, por esse apoio.
Mas não apenas chanceleres e políticos social-democratas, como Willy Brandt, Gerhard Schröder, Johannes Rau e Helmut Schmidt, mantêm ou mantiveram laços estreitos com Lula. Também entre os cristão-democratas, como o ex-presidente alemão Horst Köhler, Lula desfruta de grande respeito.
Köhler conheceu Lula durante seu mandato como chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 2000 a 2004. A crítica de Lula às receitas de saneamento do FMI para a América Latina colaboraram para uma mudança de rumo nas políticas do fundo.
A chanceler federal Angela Merkel (CDU) também chamou Lula de amigo. "Nós já nos encontramos várias, várias vezes, e eu tenho que dizer que nos tornamos grandes amigos", disse ela em 3 de dezembro de 2009, durante uma entrevista conjunta à imprensa em Berlim. Lula faz parte da Alemanha.
Astrid Prange de Oliveira foi para o Rio de Janeiro solteira. De lá, escreveu por oito anos para o diário taz de Berlim e outros jornais e rádios. Voltou à Alemanha com uma família carioca e, por isso, considera o Rio sua segunda casa. Hoje ela escreve sobre o Brasil e a América Latina para a Deutsche Welle. Siga a jornalista no Twitter: @aposylt.
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