Macaco não tem direitos autorais sobre selfie, decide tribunal
Corte dos EUA rejeita pedido de ONG de atribuir a animal direitos sobre foto que viralizou na internet. Juízes acusam organização de se aproveitar do macaco para promover a própria agenda.Um tribunal dos EUA decidiu que os direitos autorais sobre uma selfie tirada por um macaco não devem ser atribuídos ao animal. A imagem do macaco sorridente viralizou na internet e desencadeou uma longa batalha legal entre o fotógrafo David Slater e a organização Pessoas pelo Tratamento Ético de Animais (Peta).
Os juízes decidiram em favor do fotógrafo, alegando que a organização de defesa dos animais usou o macaco para promover sua agenda ativista.
Em 2011, o macaco, batizado de Naruto, se aproximou de uma câmera instalada numa floresta da Indonésia por Slater e apertou o botão, registrando sua famosa selfie. Em 2015, ativistas da Peta resolveram entrar com um processo em nome de Naruto, no qual exigiam que o macaco fosse declarado o verdadeiro dono das imagens.
O painel de três juízes do tribunal de apelações de São Francisco, no entanto, decidiu que animais não podem processar terceiros por violações de direitos autorais, algo que a lei reserva a humanos.
O tribunal americano também disse que a Peta não conseguiu estabelecer uma relação significativa com Naruto e, portanto, não possui razões para se apresentar legalmente como "amigo próximo" do animal. Nos EUA, o termo "amigo próximo" é geralmente reservado para peticionários que entraram com uma ação judicial em nome de pessoas que não podem se representar.
"Enquanto dissemina pelo mundo a mensagem de que 'animais não são nossos para comer, vestir, fazer experimentos, usar para entretenimento ou abusar de qualquer forma', a Peta parece empregar Naruto como um bode expiatório involuntário para seus objetivos ideológicos", disse o tribunal americano, que acrescentou que Slater tem o direito de ser compensado pelos gastos legais com o caso.
Ao entrar com o processo contra Slater em nome de Naruto, a Peta alegou que o fotógrafo não tinha o direito de lucrar com o trabalho do macaco. Depois que o pedido foi indeferido, a Peta apelou, mas posteriormente chegou a um acordo com o fotógrafo, em setembro do ano passado. Slater concordou em doar 25% de qualquer receita futura para instituições de caridade que protegem macacos.
Em uma medida rara, o tribunal de apelações se recusou a aceitar a demanda dos advogados para descartar o caso. Os juízes argumentaram que uma decisão nesta "área em desenvolvimento da lei" seria útil para orientar tribunais inferiores em casos futuros.
Ao comentar o veredicto, o advogado da Peta, Jeff Kerr, reiterou que Naruto não deve ser tratado de forma diferente de qualquer outro criador. "Negar a ele o direito de abrir processos sob a Lei de Direitos Autorais dos EUA enfatiza o que a Peta sempre argumentou – ele é discriminado simplesmente por ser um animal não humano", afirmou.
Kerr acrescentou que a Peta ainda não decidiu se apelará da decisão. Ao mesmo tempo, o advogado garantiu que o veredicto não afetaria o acordo selado previamente com Slater.
PV/afp/rtr/ap
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram
Os juízes decidiram em favor do fotógrafo, alegando que a organização de defesa dos animais usou o macaco para promover sua agenda ativista.
Em 2011, o macaco, batizado de Naruto, se aproximou de uma câmera instalada numa floresta da Indonésia por Slater e apertou o botão, registrando sua famosa selfie. Em 2015, ativistas da Peta resolveram entrar com um processo em nome de Naruto, no qual exigiam que o macaco fosse declarado o verdadeiro dono das imagens.
O painel de três juízes do tribunal de apelações de São Francisco, no entanto, decidiu que animais não podem processar terceiros por violações de direitos autorais, algo que a lei reserva a humanos.
O tribunal americano também disse que a Peta não conseguiu estabelecer uma relação significativa com Naruto e, portanto, não possui razões para se apresentar legalmente como "amigo próximo" do animal. Nos EUA, o termo "amigo próximo" é geralmente reservado para peticionários que entraram com uma ação judicial em nome de pessoas que não podem se representar.
"Enquanto dissemina pelo mundo a mensagem de que 'animais não são nossos para comer, vestir, fazer experimentos, usar para entretenimento ou abusar de qualquer forma', a Peta parece empregar Naruto como um bode expiatório involuntário para seus objetivos ideológicos", disse o tribunal americano, que acrescentou que Slater tem o direito de ser compensado pelos gastos legais com o caso.
Ao entrar com o processo contra Slater em nome de Naruto, a Peta alegou que o fotógrafo não tinha o direito de lucrar com o trabalho do macaco. Depois que o pedido foi indeferido, a Peta apelou, mas posteriormente chegou a um acordo com o fotógrafo, em setembro do ano passado. Slater concordou em doar 25% de qualquer receita futura para instituições de caridade que protegem macacos.
Em uma medida rara, o tribunal de apelações se recusou a aceitar a demanda dos advogados para descartar o caso. Os juízes argumentaram que uma decisão nesta "área em desenvolvimento da lei" seria útil para orientar tribunais inferiores em casos futuros.
Ao comentar o veredicto, o advogado da Peta, Jeff Kerr, reiterou que Naruto não deve ser tratado de forma diferente de qualquer outro criador. "Negar a ele o direito de abrir processos sob a Lei de Direitos Autorais dos EUA enfatiza o que a Peta sempre argumentou – ele é discriminado simplesmente por ser um animal não humano", afirmou.
Kerr acrescentou que a Peta ainda não decidiu se apelará da decisão. Ao mesmo tempo, o advogado garantiu que o veredicto não afetaria o acordo selado previamente com Slater.
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