Mais de 600 refugiados rejeitados pela Itália chegam à Espanha
O navio Aquarius chegou neste domingo (17) ao porto espanhol de Valência, uma semana depois de o governo da Itália impedir que a embarcação atracasse no país com 629 refugiados a bordo – incluindo mulheres grávidas e crianças –, que haviam sido resgatados na costa da Líbia.
O novo chefe de governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, ofereceu acolhida ao navio, que foi obrigado a percorrer cerca de 1.500 quilômetros em oito dias, após parte da tripulação ter sido distribuída com dois outros barcos, pertencentes à Guarda Costeira italiana.
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O Aquarius chegou em Valência com 106 migrantes, pouco depois de o barco Dattilo, da Guarda Costeira italiana, ter atracado na cidade com 247 refugiados. O píer de cruzeiros 2 do Porto de Valência foi preparado para receber a chegada escalonada dos 629 migrantes. A última embarcação a entrar no porto espanhol foi a Orione, trazendo os refugiados restantes.
Quando o Aquarius se aproximava do porto, as pessoas a bordo dançaram e cantaram animadamente, alegria que foi capturada em vídeo divulgado no Twitter pela ONG humanitária francesa SOS Méditerranée que opera o barco, em cooperação com a Médicos sem Fronteiras (MSF). O Aquarius levou à Espanha os refugiados considerados mais vulneráveis, como grávidas, crianças e pessoas com queimaduras.
Após o Dattilo atracar, profissionais de saúde entraram na embarcação para uma primeira triagem das pessoas a bordo, das quais 182 são homens, 32 mulheres (uma delas grávida) e 60 crianças não acompanhadas (52 meninas e oito meninos), antes de os passageiros desembarcarem em grupos de 20.
Os migrantes, em maioria africanos, receberam as boas-vindas por uma equipe de mais de 2.000 pessoas, incluindo 470 intérpretes e 1.000 voluntários da Cruz Vermelha, que distribuíram itens como lençóis, roupas e kits de higiene. Os doentes ou feridos foram transportados ao hospital, juntamente com as grávidas.
Novo governo italiano impediu navio de atracar
O Aquarius resgatou os migrantes da costa da Líbia no último final de semana, mas o novo governo populista da Itália e Malta se recusaram a deixá-lo atracar, acusando-se mutuamente de não cumprimento dos compromissos humanitários e da UE.
A Espanha acabou intervindo, concordando em receber os refugiados como um "gesto político" para "obrigar a Europa a forjar uma política comum para um problema comum", segundo o ministro espanhol do Exterior, Josep Borrell.
Madri disse neste sábado que aceitou uma oferta da França – que irritou Roma ao acusar o governo italiano de irresponsável – de receber os imigrantes da Aquarius que "atendem aos critérios para concessão de asilo". Os dois países vão "trabalhar juntos" para lidar com a chegada, disse a vice-primeira-ministra da Espanha, Carmen Calvo.
O premiê espanhol, Pedro Sánchez, agradeceu ao presidente francês, Emmanuel Macron, por seu gesto, dizendo que isso é "exatamente o tipo de cooperação que a Europa precisa" a essa hora.
Um drama envolvendo o Aquarius expôs a forma como o novo governo populista da Itália deve tratar a questão da imigração e do grande número de refugiados que chegam ao país através das perigosas travessias do Mediterrâneo.
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