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França vai à final da Copa do Mundo de 2018

Philip Verminnen

10/07/2018 17h11

Seleção francesa consegue anular poderio ofensivo da Bélgica e alcança a final graças a um gol de cabeça do zagueiro Samuel Umtiti. Didier Deschamps pode se tornar o terceiro a conquistar a Copa como jogador e treinador.Com um herói improvável, a França está classificada para a final da Copa do Mundo de 2018, após vencer a Bélgica, por 1 a 0, nesta terça-feira (10/07), em São Petersburgo. O gol do zagueiro Samuel Umtiti, novamente num lance de bola parada, aos 5 minutos do segundo tempo, enterrou o sonho da geração belga de alcançar uma final inédita e recoloca a Équipe Tricolore na decisão mundial depois de 1998 e 2006.

França e Bélgica – países vizinhos que são irmãos na língua francesa, disputam a autoria da criação da batata frita e possuem heróis mundialmente famosos nas histórias em quadrinhos. No futebol, indubitavelmente, a França tem mais tradição do que a Bélgica – uma Copa do Mundo, duas Eurocopas e duas Copas das Confederações, contra nenhum título no futebol adulto dos belgas.

Enquanto a Équipe Tricolore chegou pela sexta vez às semifinais de um Mundial, os Diabos Vermelhos marcaram presença nesta fase apenas pela segunda vez em sua história. Na anterior, em 1986, perderam para a Argentina e depois foram derrotados na disputa pelo terceiro lugar justamente pela França (4 a 2, na prorrogação).

Ambas as equipes foram a campo com apenas uma alteração em relação às quartas de final. Pelo lado da Bélgica, o treinador espanhol Roberto Martínez manteve a formação tática com três zagueiros e colocou o volante Mousa Dembélé na vaga do suspenso Thomas Meunier. Do outro lado, Didier Deschamps promoveu o retorno de Blaise Matuidi – contra o Uruguai jogou Corentin Tolisso.

O equilíbrio foi a tônica do jogo. Cada seleção teve a sua fase de domínio, com boas chances de gol e obrigando os goleiros a importantes intervenções. A Bélgica começou dando a impressão de dominar o meio-campo, principalmente pelos lados, mas erros em passes recolocaram a França no jogo e ofereceram contra-ataques perigosos.

Num duelo repleto de estrelas do futebol mundial e disputado de forma extremamente tática, qualquer detalhe é importante e pode ser decisivo. E, neste caso, foi a falha de posicionamento de Marouane Fellaini numa cobrança de escanteio, que resultou no gol de Umtiti.

De quebra, o treinador Didier Deschamps, capitão da conquista de 1998, pode se tornar o terceiro ser humano a vencer a Copa do Mundo como jogador e treinador: Mario Jorge Lobo Zagallo, 1958 e 1962 como jogador e 1970 como técnico, e Franz Beckenbauer, 1974 como jogador e 1990 como técnico, conseguiram a façanha.

O jogo

Era perceptível a importância do jogo, que começou com pouca movimentação e com ambas as equipes arriscando pouco. A preocupação em não errar passes faz parte do estudo do adversário e serve para instigar a paciência na marcação. Tanto França ou Bélgica, quando estavam em posse da bola, ficavam no controle da bola por bastante tempo.

A Bélgica – no esquema 3-4-3 – buscava constantes inversões de jogada para criar situações de um contra um com Eden Hazard e Nacer Chadli. Os volantes Fellaini e Axel Witsel tinha a função de fechar o meio e apoiar na saída de bola. Como a França atua num 4-3-3, o atacante Antoine Griezmann tinha como sua maior preocupação recompor no meio para manter a superioridade numérica no último terço do campo.

A primeira grande chance veio aos 14 minutos com Hazard. A pressão no campo de ataque surtiu efeito e Kevin De Bruyne robou a bola e tocou para Hazard que finalizou rente à trave esquerda de Hugo Lloris – Lukaku estava completamente livre na marca do pênalti. Quatro minutos depois, Blaise Matuidi testou Thibaut Courtois com um chute de longa distância.

Os Diabos Vermelhos estavam mais incisivos. Hazard prevalecia no duelo com Benjamin Parvard – aos 19 minutos, o belga disparou quase sem ângulo e Raphaël Varane desviou de cabeça por cima do gol. Lloris estava vendido no lance. O goleiro francês operou seu primeiro milagre na cobrança de escanteio ao espalmar o chute colocado de Toby Alderweireld.

Nos momentos seguintes, a partida deu uma equilibrada. A França encontrou pela esquerda, com as subidas de Lucas Hernández e Griezmann, o setor mais frágil da defesa belga – justamente o setor onde geralmente atua o suspenso Meunier. Em uma dessas investidas, aos 33 minutos, Griezmann inverteu a jogada e Mbappé tocou de primeira para o meio da área, mas Olivier Giroud desperdiçou.

A França cresceu no jogo, principalmente ao recuperar bolas no meio-campo depois de erros discplicentes nos passes da Bélgica. E numa destas roubadas de bola, a seleção francesa construiu a melhor oportunidades da primeira parte com o jovem lateral Pavard, que obrigou Courtois a abrir o compasso e fazer uma defesa monumental com o pé.

Nove das últimas 12 semifinais em Copas do Mundo não tiveram gols no primeiro tempo, mas apenas uma – Holanda e Argentina, em 2014 – terminou desta forma. E em 2018, não seria diferente. Aos 5 minutos, Samuel Umtiti subiu mais alto que Fellaini e marcou de cabeça, após cobrança de escanteio de Griezmann. A bola parada é, sem dúvida, a grande arma nesta Copa.

E no duelo do melhor ataque do Mundial e a sólida defesa francesa, que sofreu quatro gols, sendo três contra a Argentina, prevaleceu aquilo que é mais fácil no futebol: destruir. A ofensivamente poderosa geração belga – média de gols superior a três sob o comando de Martínez – lançou-se para o ataque e tentou de todas as formas furar o bloqueio francês.

A Équipe Tricolore soube então controlar muito bem o jogo: não deu espaços para triangulações nem para lances de velocidade e obrigou a Bélgica a efetuar diversos cruzamentos, que se mostraram ineficientes com Varane e Umtiti na área. A entrada de Dries Mertens não mudou o cenário.

De fato, o gol fez mal ao jogo. A Bélgica esbarrou na defesa francesa, e a França abdicou levemente do ataque. Giroud virou volante e flutuava mais próximo da própria área. Hazard era o mais lúcido pelo lado belga. Lukaku pouco apareceu. Depois do gol de Umtiti, a França conduziu a partida de forma inteligente e segura até o fim.

A França aguarda agora o vencedor da outra semifinal entre Inglaterra e Croácia. Caso seja a Inglaterra, não haverá um campeão inédito na Copa do Mundo da Rússia – de qualquer maneira, independente do classificado, será uma final inédita. A final sera em 15 de junho, em Moscou, no Estádio Luzhniki.

A Bélgica permanece em São Petersbrugo, onde enfrenta o perdedor de Inglaterra e Croácia na disputa pelo terceiro lugar. Em caso de vitória, será o melhor resultado alcaçando pelos Diabos Vermelhos (4º lugar em 1986).

Ficha técnica

França 1 x 0 Bélgica

Local: Estádio Krestovsky, em São Petersburgo

Arbitragem: Andrés Cunha (Uruguai), auxiliado por seus compatriotas Nicolás Taran e Mauricio Espinosa.

Gol: Samuel Umtiti (05'/2T)

Cartões amarelos: Eden Hazard (18'/2T), Toby Alderweireld (25'/2T), N'Golo Kanté (42'/2T), Kylian Mbappé (47'/2T), Jan Vertonghen (48'/2T)

França: Hugo Lloris; Benjamin Pavard, Raphaël Varane, Samuel Imtiti e Lucas Hernández; N'Golo Kanté e Paul Pogba; Balise Matuidi (Corentin Tolisso 40'/2T), Antoine Griezmann e Kylian Mbappé; Olivier Giroud (Steven Nzonzi 39'/2T). Técnico: Didier Deschamps.

Bélgica: Thibaut Courtois; Jan Vertonghen, Vincent Kompany e Toby Alderweireld; Mousa Dembélé (Dries Mertens 15'/2T), Marouane Fellaini (Yannick Ferreira Carrasco 34'/2T), Axel Witsel e Nacer Chadli (Michy Batshuayi 46'/2T); Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku. Técnico: Roberto Martínez.

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