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Dicas de turismo no Vale do Mosela

Carlos Albuquerque

31/07/2018 14h00

Viagem pela rota do vinho numa das regiões mais belas da Alemanha é, sobretudo, relaxante. De Koblenz a Trier, você vai passar por castelos encantados e vilarejos idílicos, mas nem por isso tem que pagar muito.Com 544 quilômetros de extensão a partir de sua nascente na montanha dos Vosges, na França, o Mosela (Mosel, em alemão) é um dos principais afluentes do rio Reno e a segunda via de navegação mais importante da Alemanha.

Na parte alemã, os 243 quilômetros do vale do Mosela se caracterizam pelo forte curso sinuoso, com encostas muito íngremes, principalmente entre Trier e Koblenz. Além dos milhares de hectares de videiras, os castelos e ruínas medievais são uma atração à parte, encimando os vinhedos ao longo dos meandros.

Além de ser um rio, Mosel é uma região vinícola para Vinhos de Qualidade (Qualitätsweine) de certas áreas de cultivo às margens dos rios Mosela, Saar e Ruwer. Mais de 90% das parreiras do Vale do Mosela são de uvas brancas com forte predominância da casta Riesling (mais de 60%). Essa é a região com a maior área de cultivo desse tipo de uva no mundo, com mais de 5,3 mil hectares.

A região vinícola do Mosela se encontra numa das zonas climáticas mais quentes da Alemanha, com o calor armazenado pelo rio impedindo a ocorrência de geadas. Além disso, o Mosela funciona como um espelho, refletindo a luz solar para os vinhedos.

A viticultura local se beneficia assim da combinação ideal de encostas íngremes banhadas de Sol, do acúmulo de calor e da reflexão solar pelo solo de ardósia e da ótima quantidade de chuvas. Há poucas flutuações de temperatura. Em geral, o verão é quente e o frio do inverno é relativamente moderado.

Essa região romântica, onde celtas e romanos já cultivavam vinhos há mais de 2 mil anos, tem hoje mais de 100 cidades vinícolas, cerca de 5 mil viticultores e aproximadamente 9.300 hectares com cerca de 70 milhões de videiras. Durante o passeio, de vez em quando vale a pena trocar o carro pela bicicleta, lembrando que a região pode ser explorada também de ônibus, trem ou barco.



As principais cidades nessa rota são Koblenz, Cochem, Traben-Trarbach, Bernkastel-Kues e Trier, cidades e vilarejos históricos do Baixo e Médio Mosela (Untermosel ou Terrassenmosel e Mittelmosel) ao longo de castelos encantados, encostas de ardósia e dos vinhedos mais íngremes do mundo.

Como a maior parte dos brasileiros entra na Alemanha pelo aeroporto de Frankfurt, é mais prático iniciar a viagem por Koblenz, cidade do estado da Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz) situada na confluência entre o Reno e o Mosela.

Vale a pena conhecer o centro histórico de Koblenz com o famoso Deutsches Eck, uma ponta artificial de terra instalada na confluência entre os rios Reno e Mosela. Com a imponente estátua equestre do imperador alemão e rei prussiano Guilherme 1°, o Deutsches Eck é o símbolo da cidade e faz parte do Vale do Alto Médio Reno como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Em Cochem, além dos castelos mais charmosos do Vale do Mosela, você pode conhecer perto dali o Calmont, vinhedo mais íngreme da Europa, com 380 metros de altura e uma inclinação de até 68 graus.

Traben-Trarbach é conhecida por suas termas e por suas adegas subterrâneas, que se espalham por diversos andares e por centenas de metros de vãos abobadados no subsolo da cidade. Com seus prédios em enxaimel, o visitante se sente catapultado para outra época em Bernkastel-Kues.

A viagem até Trier – cidade natal de Karl Marx, considerada a "segunda Roma" devido à quantidade de prédios da época de ocupação romana – vai ser acompanhada sempre por vinhedos, pois a peculiaridade do Mosela está em seus vinhos brancos, que muitos consideram os melhores do mundo.



Melhor época para visitar

A melhor época para conhecer o Mosela depende muito das preferências pessoais. Para caminhadas e ciclismo, o período de primavera, do final de abril a meados de junho, é o ideal. Com temperaturas diurnas entre 15 e 19°C, as condições para atividades ao ar livre são excelentes.

O alto verão pode ser bastante úmido no Mosela. Por esse motivo, julho e agosto são adequados para excursões de navios ou passeios de barco. Lembre-se que as rotas de navios funcionam de abril a outubro entre Koblenz e Cochem. Entre localidades menores, há barcos entre março e novembro.

No outono europeu, tem início a colheita das uvas, sendo esta a melhor época para os enólogos. Mesmo em outubro, são comuns temperaturas diurnas de até 15°C. Além dos passeios pelos vinhedos com uma visita a uma tradicional adega caseira (Strausswirtschaft), as visitas aos castelos e museus também são uma atração.

No Mosela, os meses mais chuvosos vão de junho a agosto, enquanto março e abril são os mais secos. Julho e agosto são os meses mais quentes, com média de temperatura entre 22°C e 23°C durante o dia e por volta de 13°C no período da noite. Dezembro, janeiro e fevereiro são os meses mais frios, com médias entre 1°C e 3°C.



Onde se hospedar

Se preferir mais diversidade de atividades e opções gastronômicas, você pode se hospedar nos principais centros turísticos da região: Koblenz, Cochem, Traben-Trarbach, Bernkastel-Kues e Trier. A desvantagem está no preço, pois pernoitar ou fazer refeições em vilarejos vinícolas menores sai mais barato.

De forma geral, o Mosela é uma região de turismo relativamente em conta, com preço de pernoites em torno de 40 euros em hotel e 25 euros numa pensão (por pessoa, com café da manhã), ou seja, abaixo da média alemã.

Se você quiser conhecer o Mosela de forma bem pessoal, fique hospedado por alguns dias na propriedade de um produtor de vinho. Muitas vinícolas oferecem degustações de vinhos, bem como quartos de hóspedes.

O panfleto Urlaub auf Winzer- und Bauernhöfen Rheinland-Pfalz/Saarland (Férias em vinícolas e fazendas na Renânia-Palatinado/Sarre), que você pode baixar da internet, fornece uma visão geral dessas hospedagens.

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