Fórum econômico saudita começa à sombra da morte de Khashoggi
Evento que deveria atrair expoentes da política e do setor de negócios à Arábia Saudita é alvo de boicote após morte de jornalista saudita no consulado do reino em Istambul.A Arábia Saudita, país que vem se esforçando para atrair investimentos internacionais e diminuir a dependência das exportações de petróleo, promove a partir desta terça-feira (23/10), um fórum econômico de alto nível que deveria contar com a presença de alguns dos principais nomes mundiais do setor dos negócios e investimentos.
Porém, o evento ocorre sob a sombra do escândalo em torno da morte de um dos maiores críticos da monarquia saudita na Turquia, o jornalista saudita Jamal Khashoggi, no início do mês. O jornalista, que morava nos Estados Unidos e era colaborador do jornal The Washington Post, foi dado como desaparecido após ser visto pela última vez entrando no consulado de seu país em Istambul.
As suspeitas imediatamente recaíram sobre um grupo de agentes sauditas que viajara à Turquia no dia do desaparecimento do jornalista, supostamente a mando de Riad. Após dias de especulações, o governo saudita admitiu que Khashoggi fora morto no local após uma luta corporal, mas não forneceu maiores informações sobre o ocorrido.
As autoridades negaram que o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, que lidera uma recente onda de mudanças progressistas no país, estivesse por trás ou sequer tivesse conhecimento da morte. Após uma reunião do gabinete do governo saudita nesta terça-feira, liderada pelo rei Salman, o governo prometeu punir os responsáveis e aqueles que "fracassaram em seus deveres" no caso Khashoggi.
O fórum econômico Iniciativa de Investimentos Futuros, que também é uma das criações do príncipe Bin Salman, têm como objetivo atrair investimentos estrangeiros ao país para ajudar a criar empregos para os milhões de jovens sauditas que entrarão no mercado de trabalho nos próximos anos.
O escândalo em torno da morte do jornalista levou ao cancelamento da participação no evento, em Riad, de diversas autoridades internacionais e personalidades influentes, como a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, além de dezenas de executivos de empresas e instituições financeiras como Goldman Sachs, JP Morgan, Siemens, entre outros. Mais de duas dezenas de palestrantes de alto nível se retiraram da conferência.
Com todas essas ausências, o fórum saudita, que era para ser uma espécie de "Davos no deserto", em referência ao Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça, parece ter perdido parte de sua relevância. O próprio príncipe Bin Salman não compareceu à abertura do evento, fazendo apenas uma aparição rápida, sem qualquer pronunciamento.
Mas, apesar do boicote das autoridades internacionais, a Arábia Saudita anunciou ter fechado nesta terça-feira negócios no valor de 50 bilhões de dólares, demonstrando que ainda não perdeu a capacidade de atrair investimentos.
No total, foram 25 acordos nas áreas do petróleo, gás, indústria e infraestrutura, envolvendo empresas como Total, Hyundai, Norinco e Halliburton. A gigante do setor petrolífero Saudi Aramco afirmou ter assinado 15 acordos prévios no valor de 34 bilhões de dólares.
O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, assegurou durante a conferência em Riad que, apesar de o maior exportador de petróleo bruto atravessar "uma espécie de crise", seguirá adiante com as reformas econômicas.
Centenas de banqueiros e executivos participaram da abertura do evento no Hotel Riyhad, apesar de ser forte o contraste com o evento do ano passado, quando a elite do mundo dos negócios estava presente. Muitos investidores temem que a condenação do caso Khashoggi pela comunidade internacional possa danificar as relações de Riad com os governos ocidentais.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira que há fortes indícios de que a morte de Khashoggi, que ele chamou de assassinato político, tenha sido planejada por agentes sauditas e pediu que os 18 suspeitos presos em Riad por associação ao crime, entre eles membros dos serviços de segurança sauditas, sejam julgados em Istambul. Ele pediu que o caso seja investigado por uma comissão independente e disse que conta com a total cooperação do rei Salman.
RC/ap/rtr
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Porém, o evento ocorre sob a sombra do escândalo em torno da morte de um dos maiores críticos da monarquia saudita na Turquia, o jornalista saudita Jamal Khashoggi, no início do mês. O jornalista, que morava nos Estados Unidos e era colaborador do jornal The Washington Post, foi dado como desaparecido após ser visto pela última vez entrando no consulado de seu país em Istambul.
As suspeitas imediatamente recaíram sobre um grupo de agentes sauditas que viajara à Turquia no dia do desaparecimento do jornalista, supostamente a mando de Riad. Após dias de especulações, o governo saudita admitiu que Khashoggi fora morto no local após uma luta corporal, mas não forneceu maiores informações sobre o ocorrido.
As autoridades negaram que o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, que lidera uma recente onda de mudanças progressistas no país, estivesse por trás ou sequer tivesse conhecimento da morte. Após uma reunião do gabinete do governo saudita nesta terça-feira, liderada pelo rei Salman, o governo prometeu punir os responsáveis e aqueles que "fracassaram em seus deveres" no caso Khashoggi.
O fórum econômico Iniciativa de Investimentos Futuros, que também é uma das criações do príncipe Bin Salman, têm como objetivo atrair investimentos estrangeiros ao país para ajudar a criar empregos para os milhões de jovens sauditas que entrarão no mercado de trabalho nos próximos anos.
O escândalo em torno da morte do jornalista levou ao cancelamento da participação no evento, em Riad, de diversas autoridades internacionais e personalidades influentes, como a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, além de dezenas de executivos de empresas e instituições financeiras como Goldman Sachs, JP Morgan, Siemens, entre outros. Mais de duas dezenas de palestrantes de alto nível se retiraram da conferência.
Com todas essas ausências, o fórum saudita, que era para ser uma espécie de "Davos no deserto", em referência ao Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça, parece ter perdido parte de sua relevância. O próprio príncipe Bin Salman não compareceu à abertura do evento, fazendo apenas uma aparição rápida, sem qualquer pronunciamento.
Mas, apesar do boicote das autoridades internacionais, a Arábia Saudita anunciou ter fechado nesta terça-feira negócios no valor de 50 bilhões de dólares, demonstrando que ainda não perdeu a capacidade de atrair investimentos.
No total, foram 25 acordos nas áreas do petróleo, gás, indústria e infraestrutura, envolvendo empresas como Total, Hyundai, Norinco e Halliburton. A gigante do setor petrolífero Saudi Aramco afirmou ter assinado 15 acordos prévios no valor de 34 bilhões de dólares.
O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, assegurou durante a conferência em Riad que, apesar de o maior exportador de petróleo bruto atravessar "uma espécie de crise", seguirá adiante com as reformas econômicas.
Centenas de banqueiros e executivos participaram da abertura do evento no Hotel Riyhad, apesar de ser forte o contraste com o evento do ano passado, quando a elite do mundo dos negócios estava presente. Muitos investidores temem que a condenação do caso Khashoggi pela comunidade internacional possa danificar as relações de Riad com os governos ocidentais.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira que há fortes indícios de que a morte de Khashoggi, que ele chamou de assassinato político, tenha sido planejada por agentes sauditas e pediu que os 18 suspeitos presos em Riad por associação ao crime, entre eles membros dos serviços de segurança sauditas, sejam julgados em Istambul. Ele pediu que o caso seja investigado por uma comissão independente e disse que conta com a total cooperação do rei Salman.
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