Ucrânia declara estado de exceção
Em meio a acirramento da tensão, Kiev exige a libertação das embarcações militares apreendidas pela Rússia. Otan e EUA condenam ação de Moscou, que acusa ucranianos de encenação.Após a captura de três navios da marinha ucraniana por parte da guarda costeira da Rússia no Mar Negro, perto da Crimeia, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, decretou nesta segunda-feira (26/11) estado de exceção em todo o país. A medida ficará em vigor por 30 dias.
O decreto presidencial não determina obrigatoriamente a mobilização das tropas e ainda precisa do sinal verde do Parlamento. Poroshenko, que assinou a medida após conversar com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que o estado de exceção não representa a introdução de dificuldades aos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
O secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa (CSND) da Ucrânia, Alexander Turchinov, propôs o estado de exceção a fim de criar as condições para repelir uma possível "agressão militar" e qualquer ameaça à independência e à integridade territorial por parte do país vizinho.
A medida foi determinada depois de a Rússia ter aberto fogo no domingo contra navios ucranianos em suas águas territoriais perto da Crimeia a fim de obrigá-los a parar. A Ucrânia alega que o ataque aconteceu em águas neutras e quando suas embarcações já navegavam de volta para o porto de Odessa, no Mar Negro.
Depois do incidente, Moscou decidiu fechar o Estreito de Kerch, uma estreita passagem entre a Crimeia e o território continental russo, para impedir o acesso dos navios ucranianos ao Mar de Azov. As autoridades russas confirmaram ter capturados três embarcações do país vizinho "para detê-las".
Poroshenko exigiu de Moscou a "imediata" libertação dos tripulantes dos três navios apreendidos, que estão sendo interrogados pelas forças de segurança da Rússia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klimkin, que tachou a captura dos navios ucranianos de "ato de agressão", afirmou que seu país "buscará uma solução pacífica para o imbróglio, embora, sem sombra de dúvidas, se reserve ao direito à autodefesa, em virtude do artigo 51 da Carta da ONU".
A Rússia acusa a Ucrânia de encenar uma provocação para instigar a tensão na região e ameaçar o Ocidente a impor novas sanções contra Moscou. O ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, criticou ainda os planos de Kiev de impor o estado de exceção e pediu aos parceiros ocidentais do país que "acalmem" as autoridades ucranianas.
Reações internacionais
Em reação ao incidente, o secretário-geral da Otan pediu que a Rússia liberte os navios ucranianos e afirmou que não há justificativa para as ações de Moscou. "Estamos acompanhando e monitorando a situação de perto, além de avaliar o que mais podemos fazer para a Rússia entender que essas ações têm consequências", disse Stoltenberg, após uma reunião com autoridades ucranianas.
O secretário-geral disse ainda que o decreto de estado de exceção não terá um impacto negativo nas eleições presidenciais na Ucrânia, marcadas para o próximo ano.
Tanto a Rússia quanto a Ucrânia solicitaram que o Conselho de Segurança da ONU abordasse nesta segunda-feira com urgência a crise, sob diferentes pontos da agenda do dia. A delegação russa perdeu no início da reunião uma votação de procedimento, por isso a reunião prosseguiu sob o capítulo proposto pela Ucrânia.
Em seu discurso, o embaixador adjunto russo nas Nações Unidas, Dmitry Polyanskiy, acusou Poroshenk de orquestrar a crise no mar de Azov com o objetivo cancelar as eleições previstas para março do ano que vem e se manter no poder. Segundo o diplomata, a declaração do estado de exceção vai nessa direção e tal medida será "certamente estendida".
Polyanskiy disse que o incidente foi uma "provocação previamente planejada" por Kiev com o apoio de potências ocidentais. Para o embaixador, o objetivo de Poroshenko é "acusar outra vez a Rússia de tudo" e aumentar sua popularidade se apresentando como "salvador" da Ucrânia.
Segundo o diplomata russo, os marinheiros ucranianos feridos pelas forças de seu país receberam atendimento médico e suas vidas não correm perigo. As embarcações estão em portos russos para ser feita uma investigação criminal.
Já a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, considerou ilegal a captura de navios ucranianos pela Rússia e pediu que Moscou liberte as embarcações e não inviabilize o trânsito marítimo na região.
"Em nome da paz e da segurança internacionais, a Rússia deve imediatamente cessar o seu comportamento ilegal e respeitar os direitos de navegação e as liberdades de todos os estados", insistiu Haley, sem mencionar a possibilidade de novas sanções contra a Rússia, como pede o governo da Ucrânia.
A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014. A tensão no Mar de Azov aumentou desde que Moscou construiu em maio a ponte que liga a península com o território russo, o que fez aumentar as inspeções dos navios ucranianos, algo que Kiev considera um bloqueio de seus portos na região.
CN/efe/lusa/ap/rtr
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| WhatsApp | App | Instagram | Newsletter
O decreto presidencial não determina obrigatoriamente a mobilização das tropas e ainda precisa do sinal verde do Parlamento. Poroshenko, que assinou a medida após conversar com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que o estado de exceção não representa a introdução de dificuldades aos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
O secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa (CSND) da Ucrânia, Alexander Turchinov, propôs o estado de exceção a fim de criar as condições para repelir uma possível "agressão militar" e qualquer ameaça à independência e à integridade territorial por parte do país vizinho.
A medida foi determinada depois de a Rússia ter aberto fogo no domingo contra navios ucranianos em suas águas territoriais perto da Crimeia a fim de obrigá-los a parar. A Ucrânia alega que o ataque aconteceu em águas neutras e quando suas embarcações já navegavam de volta para o porto de Odessa, no Mar Negro.
Depois do incidente, Moscou decidiu fechar o Estreito de Kerch, uma estreita passagem entre a Crimeia e o território continental russo, para impedir o acesso dos navios ucranianos ao Mar de Azov. As autoridades russas confirmaram ter capturados três embarcações do país vizinho "para detê-las".
Poroshenko exigiu de Moscou a "imediata" libertação dos tripulantes dos três navios apreendidos, que estão sendo interrogados pelas forças de segurança da Rússia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klimkin, que tachou a captura dos navios ucranianos de "ato de agressão", afirmou que seu país "buscará uma solução pacífica para o imbróglio, embora, sem sombra de dúvidas, se reserve ao direito à autodefesa, em virtude do artigo 51 da Carta da ONU".
A Rússia acusa a Ucrânia de encenar uma provocação para instigar a tensão na região e ameaçar o Ocidente a impor novas sanções contra Moscou. O ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, criticou ainda os planos de Kiev de impor o estado de exceção e pediu aos parceiros ocidentais do país que "acalmem" as autoridades ucranianas.
Reações internacionais
Em reação ao incidente, o secretário-geral da Otan pediu que a Rússia liberte os navios ucranianos e afirmou que não há justificativa para as ações de Moscou. "Estamos acompanhando e monitorando a situação de perto, além de avaliar o que mais podemos fazer para a Rússia entender que essas ações têm consequências", disse Stoltenberg, após uma reunião com autoridades ucranianas.
O secretário-geral disse ainda que o decreto de estado de exceção não terá um impacto negativo nas eleições presidenciais na Ucrânia, marcadas para o próximo ano.
Tanto a Rússia quanto a Ucrânia solicitaram que o Conselho de Segurança da ONU abordasse nesta segunda-feira com urgência a crise, sob diferentes pontos da agenda do dia. A delegação russa perdeu no início da reunião uma votação de procedimento, por isso a reunião prosseguiu sob o capítulo proposto pela Ucrânia.
Em seu discurso, o embaixador adjunto russo nas Nações Unidas, Dmitry Polyanskiy, acusou Poroshenk de orquestrar a crise no mar de Azov com o objetivo cancelar as eleições previstas para março do ano que vem e se manter no poder. Segundo o diplomata, a declaração do estado de exceção vai nessa direção e tal medida será "certamente estendida".
Polyanskiy disse que o incidente foi uma "provocação previamente planejada" por Kiev com o apoio de potências ocidentais. Para o embaixador, o objetivo de Poroshenko é "acusar outra vez a Rússia de tudo" e aumentar sua popularidade se apresentando como "salvador" da Ucrânia.
Segundo o diplomata russo, os marinheiros ucranianos feridos pelas forças de seu país receberam atendimento médico e suas vidas não correm perigo. As embarcações estão em portos russos para ser feita uma investigação criminal.
Já a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, considerou ilegal a captura de navios ucranianos pela Rússia e pediu que Moscou liberte as embarcações e não inviabilize o trânsito marítimo na região.
"Em nome da paz e da segurança internacionais, a Rússia deve imediatamente cessar o seu comportamento ilegal e respeitar os direitos de navegação e as liberdades de todos os estados", insistiu Haley, sem mencionar a possibilidade de novas sanções contra a Rússia, como pede o governo da Ucrânia.
A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014. A tensão no Mar de Azov aumentou desde que Moscou construiu em maio a ponte que liga a península com o território russo, o que fez aumentar as inspeções dos navios ucranianos, algo que Kiev considera um bloqueio de seus portos na região.
CN/efe/lusa/ap/rtr
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| WhatsApp | App | Instagram | Newsletter
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.