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Embaixador rebate comentário de Bolsonaro sobre "vida insuportável" na França

19/12/2018 23h42

"63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França", disse diplomata francês após presidente eleito afirmar que "está insuportável viver" no país europeu por causa da migração.O embaixador francês nos Estados Unidos, Gérard Araud, rebateu nesta quarta-feira (19/12) um comentário do presidente eleito Jair Bolsonaro, que havia dito em uma transmissão pelo Twitter de que "está simplesmente insuportável viver em algumas partes da França" por causa da migração.

Por meio da sua conta no Twitter, Araud fez uma comparação entre os homicídios registrados na Franca e no Brasil em 2017.

"63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários", disse o embaixador, comentando um tuíte da agência France-Presse que citou a frase de Bolsonaro.



Gérard Araud, de 65 anos, comanda a embaixada francesa em Washington desde 2014. Antes de assumir o posto, ele também chefiou a missão diplomática francesa em Israel entre 2003 e 2006 e foi representante do seu país nas Nações Unidas, em Nova York, entre 2009 e 2014.

Bolsonaro havia feito o comentário na noite de terça-feira, em meio a uma transmissão ao vivo pelo Twitter. Enquanto criticava o Pacto Global para Migração das Nações Unidas, o presidente eleito usou a França como exemplo do efeito negativo da migração.

"Todo mundo sabe o que está acontecendo com a França. Está simplesmente insuportável viver em alguns locais da França. E a tendência é aumentar a intolerância. Os que foram para lá, o povo francês acolheu da melhor maneira possível. Mas vocês sabem da história dessa gente, né?", disse o presidente eleito. "

"Querem fazer valer sua cultura, os seus direitos e os seus privilégios e a França está sofrendo com isso e parte da população, parte das Forças Armadas, parte das instituições começam a reclamar no tocante a isso. Então nós não queremos sofrer com isso aqui no Brasil”, disse.

Bolsonaro vem criticando reiteradamente o pacto das Nações Unidas, que foi assinado pelo governo Michel Temer. O presidente eleito e seu futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já afirmaram que vao reverter a adesão do Brasil em 2019.

Não foi a primeira vez que Bolsonaro citou de maneira negativa a migração na França. Na semana passada, em outra transmissão no Twitter, ele já havia usado a França como exemplo e também citou a Alemanha. "Há algum tempo os países da Europa querem se ver livre de imigrantes. Olha como está a França. Olha como está a Baviera, na Alemanha. Você quer isso para o Brasil? Acredito que não".

Na ocasião, Bolsonaro também disso que é preciso ter cautela com quem vem de "cultura completamente diferente da nossa". "Não podemos admitir que chegue aqui gente de uma determinada cultura e venha querer casar com nossas filhas e netas de 10, 11 e 12 anos de idade". "Não podemos admitir certo tipo de gente que venha para o Brasil desrespeitando nossa cultura e nossa religião", resumiu.

JPS/ots

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