Edward Snowden tenta asilo político na Alemanha
Há seis anos, ex-analista da NSA causou terremoto político ao revelar atividades ilícitas do serviço secreto dos EUA. Em entrevistas a jornais alemães, Snowden conta que ainda almeja asilo político na Alemanha. Seis anos após divulgar informações sigilosas da Agência de Segurança Nacional americana (NSA), revelando um amplo esquema de espionagem do governo dos Estados Unidos, o ex-colaborador do serviço secreto americano Edward Snowden alertou para a propagação de mentiras na internet e contou que ainda deseja conseguir asilo político na Alemanha.
"Se a Alemanha concedesse asilo para mim, isso não seria visto como um ato hostil em relação aos Estados Unidos", afirmou Snowden em uma entrevista ao jornal alemão Die Welt publicada neste sábado (14/09).
Desde que divulgou milhares de documentos secretos da NSA em 2013, expondo o sistema de vigilância mundial americano, o ex-analista, de 36 anos, vive exilado em Moscou, na Rússia. Nos EUA, ele é considerado inimigo de Estado, acusado de divulgar segredo de Estado e pode pegar até 30 anos de prisão.
Na entrevista, Snowden criticou ainda a Alemanha e a França por não terem feito nada até agora para apoiá-lo e reiterou que não revelou nada que pudesse por vida de pessoas em risco. "Os governos dos dois países estavam procurando razões para me impedir de ir até lá", afirmou.
Snowden pediu asilo político em vários países, incluindo a Alemanha. Os pedidos não tiveram sucesso. Na época do vazamento, apenas a Rússia se dispôs a recebê-lo.
Em entrevista à revista alemã Spiegel, o ex-analista fez um alerta sobre a ascensão de políticos populistas como o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson e afirmou que eles não devem ser considerados apenas "um desvio temporário da norma política".
"Em todo o mundo, políticos e empresas entenderam que podem usar a tecnologia para poder influenciar o mundo em um nível novo", ressaltou Snowden. O ex-analista disse ainda que considera o desenvolvimento técnico na internet perigo para todos. "Em um mundo de vigilância total, no qual total violação da lei será punida sem exceção, todas as pessoas serão criminosas", destacou ao jornal Süddeutsche Zeitung.
Snowden defendeu ainda o fim da recolha de dados em massa, não somente a feita por serviços secretos, mas também por empresas como o Facebook e Google, e mostrou preocupação com esforços de governos em todo o mundo para tentar deslegitimar o jornalismo, suprimir direitos humanos e apoiar movimentos autoritários.
"O que é real está sendo propositalmente associado com o que é mentira por meio de tecnologias que são capazes de escalar essa fusão em uma confusão global sem precedentes", ressaltou Snowden.
Em 2013, o ex-analista da NSA vazou milhares de documentos confidenciais, denunciando um gigantesco esquema de vigilância da NSA. Os dados relevaram que os serviços de inteligência coletavam registros telefônicos de milhares de americanos, além vasculhar e-mails privados em todo mundo e até espionar líderes internacionais.
Publicadas pelo portal The Intercept, do jornalista Glenn Greenwald, as revelações na época provocaram um enorme debate sobre a extensão da vigilância governamental conduzida por serviços secretos.
As entrevistas de Snowden a jornais alemães foram realizadas no âmbito do lançamento do livro de memória do ex-analista. Intitulado Permanent Record, a obra será lançada mundialmente em 17 de setembro.
O livro oferece um relato mais abrangente e pessoal sobre como Snowden revelou os dados secretos. A história também aborda sua infância e adolescência na década de 1980. Ele também trata de temas atuais.
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