Má alimentação prejudica uma em cada três crianças no mundo
Unicef afirma que cerca de 250 milhões de crianças menores de cinco anos estão desnutridas ou com excesso de peso. Brasil registra queda na taxa de desnutrição crônica e alta da prevalência de sobrepeso e obesidade.Um terço das quase 700 milhões de crianças menores de cinco anos no mundo sofre de desnutrição ou excesso de peso, de acordo com um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado nesta terça-feira (15/10). Como consequência da má alimentação, essas crianças enfrentam problemas de saúde ao longo da vida.
"Se as crianças se alimentam mal, elas vivem mal", afirmou a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore. "Estamos perdendo terreno na luta por dietas saudáveis. Milhões de crianças sobrevivem com dietas não saudáveis porque não têm melhor opção", acrescentou, apelando a governos, setor privado e sociedade civil para que se unam para alcançar melhores resultados no combate à má alimentação.
O relatório revelou que problemas que antes atingiam opostos extremos do espectro da riqueza convergiram atualmente em países de baixa e média renda. "Desnutrição, falta de micronutrientes essenciais e obesidade são cada vez mais encontrados num mesmo país, às vezes, no mesmo bairro e, com frequência, na mesma casa", afirmou o diretor do programa de nutrição do Unicef, Victor Aguayo.
Apesar dos avanços no combate à desnutrição entre 1990 e 2015, 149 milhões de crianças menores de cinco anos no mundo ainda têm retardo de crescimento, ou são muito baixas para a idade, devido à falta de nutrientes, enquanto outras 50 milhões estão com baixo peso para a sua altura.
A magreza excessiva, um problema que em situações mais graves pode ser letal, afeta principalmente crianças na Ásia e em países com situações de emergência como as encontradas em várias nações na África.
O relatório registrou ainda uma explosão no número de crianças acima do peso. Cerca de 40 milhões de menores de cinco anos sofrem de sobrepeso ou obesidade.
Além disso, o problema conhecido como fome oculta, que consiste na falta de vitaminas e nutrientes essenciais, como ferro ou vitamina A, atinge 340 milhões de crianças.
Na América Latina e Caribe, a desnutrição ou sobrepeso atingem uma em cada cinco crianças menores de cinco anos. A situação é extremamente preocupante na Guatemala, onde quase metade das crianças têm problemas de crescimento.
No Brasil, a taxa de desnutrição crônica entre menores de cinco anos caiu de 19,6%, em 1990, para 7% em 2006. No entanto, a má nutrição é um problema que ainda atinge principalmente os grupos mais vulneráveis, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Ao mesmo tempo, o país vem registrando um aumento do sobrepeso e obesidade infantil, com uma em cada três crianças entre cinco e nove anos acima do peso.
"No Brasil, como na maioria dos países da América Latina e do Caribe, crianças e adolescentes estão comendo muito pouca comida saudável e muita comida pouco saudável. Por causa disso, há uma tripla carga de doenças, em que desnutrição, anemia e falta de vitamina A coexistem com o sobrepeso e a obesidade, associados a doenças crônicas não transmissíveis", destaca Florence Bauer, representante do Unicef no país.
Problemas para toda a vida
O relatório alerta que a má alimentação acarretará uma série de doenças para as crianças afetadas. Uma dieta adequada é fundamental para o desenvolvimento físico e mental. A falta de vitaminas e minerais pode comprometer o sistema imunológico e causar problemas de visão e auditivos. A carência de ferro pode causar ainda anemia e trazer problemas cognitivos.
O estudo revelou que práticas alimentares de baixa qualidade começam já nos primeiros meses de vida. No mundo, apenas 42% dos bebês com menos de seis meses são alimentados exclusivamente de leite materno, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos anos, houve um aumento do uso da fórmula infantil. As vendas de fórmulas à base de leite cresceram 72% em países como Brasil, China ou Turquia.
Na próxima etapa, de seis meses a dois anos de idade, 44% das crianças não são alimentadas com frutas ou vegetais e 59% não comem ovos, laticínios, peixe ou carne, relata o Unicef. Já no caso de crianças em idade escolar, o relatório alerta sobre o abuso de alimentos ultraprocessados, refrigerantes e fast food.
A agência da ONU indica, como exemplo, que 42% dos adolescentes em países em desenvolvimento e subdesenvolvimento consomem refrigerantes pelo menos uma vez por dia. Em países desenvolvidos, essa taxa pode chegar a 62%.
O relatório pontua ainda que famílias com menos recursos tendem a alimentar os seus filhos com alimentos de menor qualidade, cujo custo é cada vez menor em comparação com o aumento dos preços de produtos saudáveis. No Reino Unido, por exemplo, a taxa de sobrepeso dobra nas localidades mais pobres em comparação com as mais ricas.
O Unicef recomenda, entre outros, o aumento de impostos sobre alimentos e bebidas que possuem uma grande quantidade de açúcar, melhor identificação sobre ingredientes na embalagem dos alimentos, a regulamentação de substitutos do leite materno e a limitação da publicidade de comidas não saudáveis.
CN/lusa/afp/efe/ots
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"Se as crianças se alimentam mal, elas vivem mal", afirmou a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore. "Estamos perdendo terreno na luta por dietas saudáveis. Milhões de crianças sobrevivem com dietas não saudáveis porque não têm melhor opção", acrescentou, apelando a governos, setor privado e sociedade civil para que se unam para alcançar melhores resultados no combate à má alimentação.
O relatório revelou que problemas que antes atingiam opostos extremos do espectro da riqueza convergiram atualmente em países de baixa e média renda. "Desnutrição, falta de micronutrientes essenciais e obesidade são cada vez mais encontrados num mesmo país, às vezes, no mesmo bairro e, com frequência, na mesma casa", afirmou o diretor do programa de nutrição do Unicef, Victor Aguayo.
Apesar dos avanços no combate à desnutrição entre 1990 e 2015, 149 milhões de crianças menores de cinco anos no mundo ainda têm retardo de crescimento, ou são muito baixas para a idade, devido à falta de nutrientes, enquanto outras 50 milhões estão com baixo peso para a sua altura.
A magreza excessiva, um problema que em situações mais graves pode ser letal, afeta principalmente crianças na Ásia e em países com situações de emergência como as encontradas em várias nações na África.
O relatório registrou ainda uma explosão no número de crianças acima do peso. Cerca de 40 milhões de menores de cinco anos sofrem de sobrepeso ou obesidade.
Além disso, o problema conhecido como fome oculta, que consiste na falta de vitaminas e nutrientes essenciais, como ferro ou vitamina A, atinge 340 milhões de crianças.
Na América Latina e Caribe, a desnutrição ou sobrepeso atingem uma em cada cinco crianças menores de cinco anos. A situação é extremamente preocupante na Guatemala, onde quase metade das crianças têm problemas de crescimento.
No Brasil, a taxa de desnutrição crônica entre menores de cinco anos caiu de 19,6%, em 1990, para 7% em 2006. No entanto, a má nutrição é um problema que ainda atinge principalmente os grupos mais vulneráveis, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Ao mesmo tempo, o país vem registrando um aumento do sobrepeso e obesidade infantil, com uma em cada três crianças entre cinco e nove anos acima do peso.
"No Brasil, como na maioria dos países da América Latina e do Caribe, crianças e adolescentes estão comendo muito pouca comida saudável e muita comida pouco saudável. Por causa disso, há uma tripla carga de doenças, em que desnutrição, anemia e falta de vitamina A coexistem com o sobrepeso e a obesidade, associados a doenças crônicas não transmissíveis", destaca Florence Bauer, representante do Unicef no país.
Problemas para toda a vida
O relatório alerta que a má alimentação acarretará uma série de doenças para as crianças afetadas. Uma dieta adequada é fundamental para o desenvolvimento físico e mental. A falta de vitaminas e minerais pode comprometer o sistema imunológico e causar problemas de visão e auditivos. A carência de ferro pode causar ainda anemia e trazer problemas cognitivos.
O estudo revelou que práticas alimentares de baixa qualidade começam já nos primeiros meses de vida. No mundo, apenas 42% dos bebês com menos de seis meses são alimentados exclusivamente de leite materno, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos anos, houve um aumento do uso da fórmula infantil. As vendas de fórmulas à base de leite cresceram 72% em países como Brasil, China ou Turquia.
Na próxima etapa, de seis meses a dois anos de idade, 44% das crianças não são alimentadas com frutas ou vegetais e 59% não comem ovos, laticínios, peixe ou carne, relata o Unicef. Já no caso de crianças em idade escolar, o relatório alerta sobre o abuso de alimentos ultraprocessados, refrigerantes e fast food.
A agência da ONU indica, como exemplo, que 42% dos adolescentes em países em desenvolvimento e subdesenvolvimento consomem refrigerantes pelo menos uma vez por dia. Em países desenvolvidos, essa taxa pode chegar a 62%.
O relatório pontua ainda que famílias com menos recursos tendem a alimentar os seus filhos com alimentos de menor qualidade, cujo custo é cada vez menor em comparação com o aumento dos preços de produtos saudáveis. No Reino Unido, por exemplo, a taxa de sobrepeso dobra nas localidades mais pobres em comparação com as mais ricas.
O Unicef recomenda, entre outros, o aumento de impostos sobre alimentos e bebidas que possuem uma grande quantidade de açúcar, melhor identificação sobre ingredientes na embalagem dos alimentos, a regulamentação de substitutos do leite materno e a limitação da publicidade de comidas não saudáveis.
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