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China reclama de "intervenção" dos EUA em Hong Kong

20/11/2019 13h57

Congresso americano aprova lei que prevê sanções contra autoridades chinesas que violarem liberdades civis durante a repressão aos protestos no território semiautônomo. Ainda não está claro se Trump irá sancionar a lei.A China convocou um diplomata americano no país nesta quarta-feira (20/11) para dar explicações sobre um projeto de lei aprovado pelo Congresso americano em apoio às manifestações pró-democracia em Hong Kong.

O encarregado de negócios da embaixada americana em Pequim, William Klein, foi chamado pelo vice-ministro chinês do Exterior, Ma Zhaoxu, que expressou "profunda revolta" contra a chamada Lei dos Direitos Humanos de Hong Kong. Klein foi convocado porque, segundo a representação diplomática americana, o embaixador do país na China, Terry Branstad, não estava no país.

A lei prevê a adoção de sanções contra autoridades chinesas que agirem em violação às liberdades civis em Hong Kong e que cometerem abusos graves aos direitos humanos. O texto também estabelece que o Departamento de Estado americano deverá relatar anualmente ao Congresso se Hong Kong possui suficiente autonomia da China a ponto de poder se beneficiar de um status especial no comércio com os EUA.

Apesar de aprovada pelo Senado e pela Câmara dos Representantes, as duas casas do Congresso americano, ainda não está claro se o presidente Donald Trump irá sancionar a lei.

Segundo um porta-voz da embaixada americana, Klein disse ao vice-ministro Ma que os Estados Unidos acompanham com "grave preocupação" a situação no território semiautônomo da China.

Por sua vez, Ma Zhaoxu alertou que a legislação representa uma interferência de Washington. "Pedimos com veemência aos EUA que adotem imediatamente medidas efetivas para evitar que essa medida se torne lei e que parem imediatamente de interferir nos assuntos internos chineses". Ele alertou que seu país deverá retaliar se o projeto de lei seguir adiante.

Os congressistas também aprovaram por unanimidade uma legislação que proíbe a exportação de gás lacrimogêneo, balas de borracha, canhões de água e algemas para a polícia de Hong Kong, em uma época em que os protestos pró-democracia se tornam cada vez mais violentos no território.

As manifestações em Hong Kong começaram há cinco meses após o governo local propor uma lei que permitiria extradições para a China continental. O projeto de lei acabou sendo retirado, mas a dimensão dos protestos aumentou para uma grande onda de distúrbios alimentados por temores em relação ao aumento da influência de Pequim sobre a província.

A medida ocorre em meio ao aumento das tensões comerciais entre Washington e Pequim, que atualmente parece chegar a um impasse. Nesta terça-feira, Trump disse que se os dois lados não chegarem a um acordo, seu país deverá encaminhar um novo aumento nas tarifas de importação sobre os produtos chineses.

Até o momento, os Estados Unidos impuseram tarifas de mais de 360 bilhões de dólares às importações chinesas. Pequim retaliou com taxas de cerca de 100 bilhões de dólares sobre bens americanos, na disputa que gerou uma desaceleração a economia mundial.

RC/dpa

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