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Surto de coronavírus em frigorífico provoca novo lockdown na Alemanha

O surto de covid-19 no frigorífico da empresa Tönnies, a maior do ramo na Alemanha, gerou protestos na sede da empresa - Ina Fassbender
O surto de covid-19 no frigorífico da empresa Tönnies, a maior do ramo na Alemanha, gerou protestos na sede da empresa Imagem: Ina Fassbender

23/06/2020 10h13

Um distrito no oeste da Alemanha voltou a ter restrições sociais como as do início da pandemia após mais de 1.500 funcionários de frigorífico contraírem a covid-19. Focos localizados da doença levam a aumento de casos no país. O governo do estado alemão de Renânia do Norte-Vestfália ordenou hoje a suspensão parcial da vida pública por um período de uma semana no distrito de Gütersloh, no oeste do país, após 1.553 funcionários de um frigorífico sediado na região terem testado positivo para o coronavírus.

Segundo as autoridades locais, a população do distrito — que abriga o município homônimo de Gütersloh e tem cerca de 370 mil habitantes — voltará a sofrer, a princípio até a próxima terça-feira (30), os mesmos tipos de restrições que vigoraram em todo o país durante os primeiros estágios da pandemia, em março e abril.

Entre outras medidas, está proibida na região a prática de esporte e outras atividades em lugares fechados, e cinemas e bares não poderão abrir. Os encontros em público só serão permitidos para pessoas do mesmo domicílio ou apenas duas pessoas de domicílios distintos.

Escolas e creches na região já haviam sido fechadas em 17 de junho. Atualmente, cerca de 7 mil pessoas — funcionários da empresa e suas famílias — estão cumprindo quarentena.

O governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, afirmou que não haverá proibição de viagens para a população, entretanto, pediu aos cidadãos que evitem deixar a área e afirmou que haverá controle de viajantes.

A ideia é poder determinar em sete dias, com a realização de testes maciços, até que ponto o coronavírus se disseminou da fábrica para a população local.

O surto no frigorífico da companhia Tönnies, a maior do ramo na Alemanha, com 6.500 funcionários, gerou protestos em frente à sede da empresa, na localidade de Rheda-Wiedenbrück, que fica no distrito de Gütersloh. Muitas pessoas pediram a renúncia do proprietário, Clemens Tönnies. Ele, porém, garantiu que vai tirar a empresa da crise.

Nesta terça-feira, o RKI (Instituto Robert Koch), controle e prevenção de doenças infecciosas, apelou para que os alemães permaneçam cuidadosos em relação à covid-19. "Temos de continuar tendo cuidado", disse Lothar Wieler, chefe do RKI, em Berlim. "Se dermos uma chance para que o vírus se dissemine, ele se disseminará, como podemos ver nos eventos atuais de surto", acrescentou.

Wieler ressaltou que sobretudo surtos localizados, como em Gütersloh, contribuem para que haja um aumento nos números da covid-19 na Alemanha. Recentemente, também foram registrados surtos em Warendorf, no oeste do país, no centro, em Magdeburg e no bairro berlinense de Neukölln, no leste.

Após uma média de cerca de 350 novos casos diários terem sido registrados nas últimas semanas, os números da doença cresceram desde a semana passada, de acordo com Wieler. Os números do RKI de segunda-feira (22) apontam para 540 novas infecções no país; na terça-feira, foram registrados 503 novos casos.

O número de reprodução R, que indica a média de pessoas que uma pessoa infetada transmite a doença, permaneceu por um longo tempo estável, abaixo de 1. Entretanto, desde 21 de junho, o fator tem estado entre 2 e 3, segundo Wieler. Isso significa que uma pessoa infectada contagia, em média, de duas a três outras pessoas.

Segundo dados mais recentes, o fator R atual na Alemanha é atualmente de 2,76, enquanto o chamado R de sete dias é de 1,83 — este reflete o desenvolvimento epidemiológico entre oito e 16 dias atrás e está menos sujeito a flutuações diárias.

O RKI registrou na Alemanha um total de 190.862 casos oficiais e 8.895 mortos em decorrência da covid-19.