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Em Malta, papa faz sua crítica mais dura à guerra na Ucrânia
Em Malta, papa faz sua crítica mais dura à guerra na Ucrânia - Sem citar diretamente Rússia nem Putin, líder católico condena "interesses nacionalistas de alguns poderosos", que provocam "morte, destruição e ódio". Francisco exortou, ainda, a solidariedade europeia para migrantes.Durante voo para Malta, neste sábado (02/04), o papa Francisco criticou a invasão da Ucrânia da forma mais severa, até agora: "Mais uma vez, alguns poderosos, presos em pretensões anacrônicas de interesses nacionalistas, incitam novos conflitos. No entanto a gente simples sabe que um futuro ou será em conjunto, ou não haverá", declarou à imprensa, embora sem citar nominalmente nem a Rùssia, nem seu presidente, Vladimir Putin.
Alertando para o risco de "uma guerra prolongada e fria, que pode sufocar a vida de povos e gerações inteiras", ele admitiu que uma ida à Ucrânia "está sobre a mesa". O presidente Volodimir Zelenski e o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, o convidaram a visitar o país, a fim de mostrar sua proximidade com a população ucraniana, vítima de uma guerra que Francisco tem criticado repetidamente.
Na sede da presidência maltesa, o Palácio do Grão-Mestre, lamentou: "Pensávamos que invasões por outros países, batalhas de rua brutais e ameaças nucleares fossem sombrias lembranças de um passado distante. Porém o glacial vento da guerra, que só traz consigo morte, destruição e ódio, se precipitou, prepotente, sobre a vida e os dias de muitos", e acrescentou que a guerra faz seu coração doer ao ponto de às vezes esquecer as dores nos joelhos.
O líder religioso de 85 anos sofre de nevralgia ciática, uma afecção que provoca fortes dores nas pernas. Em fevereiro teve que cancelar uma viagem a Florença, e não participou dos cultos da Quarta-Feira de Cinzas devido a uma séria inflamação do joelho direito. Para embarcar no avião com destino a Malta, Francisco teve que tomar um elevador com cadeira de rodas. Segundo porta-voz do Vaticano, a medida visou "evitar esforços desnecessários".
Apelo à corresponsabilidade europeia pelos migrantes
O religioso nascido na Argentina passará dois dias no país insular. Abordando a crise migratória, conclamou a uma corresponsabilidade europeia, a fim de evitar um "naufrágio das civilizações", e criticou "acordos obscuros" que permitem a devolução de migrantes a prisões no Norte de África.
Em seu primeiro discurso às autoridades do país – que tem sido condenado por não prestar assistência aos que atravessam o mar para chegar à Europa – , na Câmara dos Embaixadores do Palácio do Grão-Mestre o sumo pontífice abordou os fluxos migratórios no Mar Mediterrâneo.
"O Mediterrâneo precisa da corresponsabilidade europeia, para voltar a ser um cenário de solidariedade, e não o posto avançado de um trágico naufrágio de civilizações." Ele recordou que, segundo a etimologia fenícia, Malta significa "porto seguro", mas que "perante ao crescente afluxo dos últimos anos, medos e inseguranças têm causado desânimo e frustração" no país.
No momento um navio pertencente à ONG alemã Sea-Eye, com 106 migrantes resgatados a bordo, diz ainda não ter recebido resposta das autoridades maltesas para conduzir os refugiados a um porto seguro.
Crítica à ilegalidade e corrupção
Na presença do presidente maltês, George Vella, o chefe da Igreja Católica salientou que "os países civilizados não podem sancionar, por interesse próprio, acordos escusos com criminosos que escravizam seres humanos". Tratava-se de uma alusão aos pactos com a Líbia, por parte de Malta e Itália, entre outros, que permitem a devolução dos refugiados.
Ele acrescentou que "o fenômeno migratório não é uma circunstância do momento", exigindo, portanto, "respostas amplas e compartilhadas". E que não sejam apenas alguns países a suportarem o fardo, enquanto outros "permanecem indiferentes". Como exemplo, citou os refugiados que chegam agora da Ucrânia, em fuga da invasão pela Rússia.
O papa citou, ainda, a necessidade de reforçar os fundamentos da vida social como "honestidade, justiça, senso de dever e transparência", num país marcado por corrupção, como denunciava a jornalista maltesa Daphne Caruana, assassinada em 2017.
Francisco fez um apelo às autoridades de Malta e ao governo trabalhista recém-eleito: "Que o compromisso de erradicar a ilegalidade e a corrupção seja tão forte quanto o vento que, soprando do norte, varre as costas do país" e que "sempre se cultive a legalidade e a transparência, que permitem erradicar a delinquência e a criminalidade".
Contando cerca de 500 mil habitantes, a ilha de Malta é o menor Estado da União Europeia, e tem estado no foco das recentes crises migratórias do continente. O líder religioso concluirá no domingo sua estada, com a visita a um centro para migrantes.
av (Lusa,AP,Reuters)
Alertando para o risco de "uma guerra prolongada e fria, que pode sufocar a vida de povos e gerações inteiras", ele admitiu que uma ida à Ucrânia "está sobre a mesa". O presidente Volodimir Zelenski e o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, o convidaram a visitar o país, a fim de mostrar sua proximidade com a população ucraniana, vítima de uma guerra que Francisco tem criticado repetidamente.
Na sede da presidência maltesa, o Palácio do Grão-Mestre, lamentou: "Pensávamos que invasões por outros países, batalhas de rua brutais e ameaças nucleares fossem sombrias lembranças de um passado distante. Porém o glacial vento da guerra, que só traz consigo morte, destruição e ódio, se precipitou, prepotente, sobre a vida e os dias de muitos", e acrescentou que a guerra faz seu coração doer ao ponto de às vezes esquecer as dores nos joelhos.
O líder religioso de 85 anos sofre de nevralgia ciática, uma afecção que provoca fortes dores nas pernas. Em fevereiro teve que cancelar uma viagem a Florença, e não participou dos cultos da Quarta-Feira de Cinzas devido a uma séria inflamação do joelho direito. Para embarcar no avião com destino a Malta, Francisco teve que tomar um elevador com cadeira de rodas. Segundo porta-voz do Vaticano, a medida visou "evitar esforços desnecessários".
Apelo à corresponsabilidade europeia pelos migrantes
O religioso nascido na Argentina passará dois dias no país insular. Abordando a crise migratória, conclamou a uma corresponsabilidade europeia, a fim de evitar um "naufrágio das civilizações", e criticou "acordos obscuros" que permitem a devolução de migrantes a prisões no Norte de África.
Em seu primeiro discurso às autoridades do país – que tem sido condenado por não prestar assistência aos que atravessam o mar para chegar à Europa – , na Câmara dos Embaixadores do Palácio do Grão-Mestre o sumo pontífice abordou os fluxos migratórios no Mar Mediterrâneo.
"O Mediterrâneo precisa da corresponsabilidade europeia, para voltar a ser um cenário de solidariedade, e não o posto avançado de um trágico naufrágio de civilizações." Ele recordou que, segundo a etimologia fenícia, Malta significa "porto seguro", mas que "perante ao crescente afluxo dos últimos anos, medos e inseguranças têm causado desânimo e frustração" no país.
No momento um navio pertencente à ONG alemã Sea-Eye, com 106 migrantes resgatados a bordo, diz ainda não ter recebido resposta das autoridades maltesas para conduzir os refugiados a um porto seguro.
Crítica à ilegalidade e corrupção
Na presença do presidente maltês, George Vella, o chefe da Igreja Católica salientou que "os países civilizados não podem sancionar, por interesse próprio, acordos escusos com criminosos que escravizam seres humanos". Tratava-se de uma alusão aos pactos com a Líbia, por parte de Malta e Itália, entre outros, que permitem a devolução dos refugiados.
Ele acrescentou que "o fenômeno migratório não é uma circunstância do momento", exigindo, portanto, "respostas amplas e compartilhadas". E que não sejam apenas alguns países a suportarem o fardo, enquanto outros "permanecem indiferentes". Como exemplo, citou os refugiados que chegam agora da Ucrânia, em fuga da invasão pela Rússia.
O papa citou, ainda, a necessidade de reforçar os fundamentos da vida social como "honestidade, justiça, senso de dever e transparência", num país marcado por corrupção, como denunciava a jornalista maltesa Daphne Caruana, assassinada em 2017.
Francisco fez um apelo às autoridades de Malta e ao governo trabalhista recém-eleito: "Que o compromisso de erradicar a ilegalidade e a corrupção seja tão forte quanto o vento que, soprando do norte, varre as costas do país" e que "sempre se cultive a legalidade e a transparência, que permitem erradicar a delinquência e a criminalidade".
Contando cerca de 500 mil habitantes, a ilha de Malta é o menor Estado da União Europeia, e tem estado no foco das recentes crises migratórias do continente. O líder religioso concluirá no domingo sua estada, com a visita a um centro para migrantes.
av (Lusa,AP,Reuters)
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