Após 400 dias preso no Egito, jornalista volta para a Austrália
O jornalista australiano Peter Greste, deportado no domingo passado do Egito, chegou nesta quinta-feira (data local) cidade de Brisbane, na Austrália, para se reunir com sua família após passar 400 dias em prisão.
"É incrível estar de volta, imaginei este momento em minha mente durante 400 dias", disse Greste, visivelmente emocionado, em suas primeiras declarações à imprensa na saída do terminal.
Greste estava acompanhado da família, com a qual se reuniu com privacidade depois que seu avião aterrissou, às 00h30 locais (12h30 de Brasília).
Na saída, o australiano abraçou vários amigos que o esperavam junto a dezenas de pessoas que carregavam cartazes com as mensagens: "Bem-vindo a casa, Peter!" e "Jornalismo não é crime".
Greste repetiu a necessidade de libertar seus companheiros da emissora catariana "Al Jazeera", o egípcio com passaporte canadense Mohammed Fahmi e o egípcio Baher Mohammed, com quem foi detido no fim, de 2013.
Em junho do ano passado, os três jornalistas foram condenados a penas de entre sete e dez anos de prisão por prejudicar a imagem do Egito e apoiar a Irmandade Muçulmana, embora uma corte de apelações ordenou no mês passado que eles fossem julgados novamente.
O australiano afirmou que sua comemoração está "estragada" pela situação pela qual ainda passam seus companheiros e "todos os que foram aprisionados".
Greste ressaltou que a nacionalidade não é um fator que deva ser considerado para a aplicação da justiça no Egito. Além disso, agradeceu à família por ser "o alicerce" da campanha a favor de sua libertação.
No domingo passado, Greste foi deportado do Egito ao Chipre, mas os outros dois jornalistas ficaram no Egito. Acredita-se que Fahmy possa ser deportado em breve ao Canadá após renunciar a sua cidadania egípcia.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, falou ontem à noite com o presidente egípcio, Abdul Fatah ao Sisi, para o agradecer por seu papel na libertação de Greste.
Após meses de pressão de vários governos, organismos internacionais e uma campanha nas redes sociais, Al Sisi aceitou a mudança de Greste em virtude de uma lei promulgada em novembro que permite expulsar aos países de origem os estrangeiros que estiverem sendo julgados no Egito.
A chegada de Greste à Austrália coincidiu com a decisão do Tribunal Penal de Guiza de condenar o ativista egípcio Ahmed Duma e outras 229 pessoas à prisão perpétua por cometerem atos de violência em 2011, informou a agência estatal de notícias egípcia "Mena".
Além disso, outras 39 pessoas foram condenadas a dez anos de prisão e receberam uma multa conjunta de 17 milhões de libras egípcias (R$ 6 milhões) pelos mesmos distúrbios, que ocorreram em frente à sede do Conselho de Ministros no Cairo em dezembro de 2011.
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