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Dilma e Correa coincidem em fortalecer economia da A.Latina diante da crise

27/01/2016 02h58

Quito, 26 jan (EFE).- A presidente Dilma Rousseff e seu colega equatoriano, Rafael Correa, coincidiram nesta terça-feira na importância de fortalecer a integração regional e, em particular, a economia latino-americana, para fazer frente ao atual cenário de crise internacional.

Os presidentes se reuniram em Quito para revisar assuntos da relação bilateral, mas aproveitaram a oportunidade para abordar temas como a incidência na América Latina do "complexo marco econômico internacional", nas palavras de Dilma.

A presidente compartilhou com Correa uma declaração pública ao término da reunião de trabalho na qual aludiu à "incidência preocupante" da queda dos preços das commodities e à desaceleração da economia chinesa, fatores que, considerou, tornam necessária uma maior unidade na América Latina.

"Além das medidas internas que nossos governos já estão adotando, estamos de acordo com a necessidade de intensificar a cooperação econômica e comercial entre os países da América Latina e do Caribe para que possamos superar mais rapidamente os desafios impostos pela crise", afirmou Dilma.

Nesse contexto, a presidente também ressaltou a importância de "estreitar ainda mais" as relações bilaterais, para que elas "possam servir como uma ponte para este caminho que todos nós estamos enfrentando", disse.

Correa, por sua vez, ressaltou a determinação que o Equador compartilha com o Brasil para "fortalecer a integração" regional por meio da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Nos processos de integração, o Brasil sempre desempenhou um papel de liderança, segundo o governante equatoriano, que assegurou que tais processos são de importância singular "para enfrentar um contexto econômico bastante difícil para os países latino-americanos".

A reunião entre os dois governantes aconteceu na véspera da Cúpula da Celac, uma organização de integração regional que nesta quarta-feira reunirá em Quito os chefes de Estado e delegações dos 33 países-membros.

Entre os assuntos de âmbito regional abordados pelos dois governantes esteve o eixo Manta-Manaus, um projeto de infraestrutura que permitiria ligar o litoral do Oceano Pacífico com o do Atlântico.

Trata-se de "um sonho partilhado no qual nos atrasamos", disse Correa ao destacar a "responsabilidade histórica" de avançar neste eixo e a necessidade de impulsioná-lo.

Com essa via multimodal, de acordo com o presidente equatoriano, as mercadorias do Brasil poderiam chegar à costa do Pacífico sem passar pelo Canal do Panamá e, de lá, poderiam seguir sua rota rumo aos mercados asiáticos.

Projetos como o eixo Manta-Manaus "são de benefício multilateral" para a região e deveriam ser impulsionadas como "políticas de Estado", opinou Correa.

No campo bilateral, as delegações dos governos brasileiro e equatoriano que acompanharam os presidentes na reunião de trabalho concordaram em se reunir novamente em março para aprofundar alguns dos assuntos que abordaram, como os relativos à melhoria das relações comerciais.

Segundo Correa, um dos três maiores déficit comerciais do Equador se dá em sua relação com o Brasil, país com o qual a nação andina tem dificuldades para fazer chegar exportações não relacionadas ao setor petrolífero, em particular a banana, o camarão e o atum.

Existem alguns problemas, de tipo fitossanitário no caso dos dois primeiros produtos que, na opinião do líder, podem "ser facilmente superados" e permitir que o Equador tenha acesso a "esse mercado tão importante".

Correa também destacou a necessidade do Equador de obter bens de capital para fortalecer sua malha industrial como ônibus e caminhões, produtos dos quais o Brasil é produtor, além de um importante fornecedor de financiamento regional.

Nesse sentido, o presidente equatoriano afirmou que o coeficiente de dívida pública de seu país sobre seu produto interno bruto (PIB) está em torno de 32% ou 33%, um índice "perfeitamente manejável", considerou, ao ressaltar a conveniência de obter financiamento de países como o Brasil.