Som dos bombardeios (quase) desaparece nas duas maiores cidades da Síria
George Bagdadi e Susana Samhan.
Damasco/Beirute, 27 fev (EFE).- O som dos bombardeios e do disparo de bombas só não desapareceu totalmente das duas principais cidades sírias, Damasco e Aleppo, porque foram registradas algumas violações à trégua que começou esta madrugada e que os cidadãos observam com ceticismo.
Depois do meio-dia, vários projéteis impactaram em uma praça no coração de Damasco, sem que as forças armadas respondessem aos grupos que os lançaram das fortificações opositoras de Duma e Yobar, nos arredores.
Antes disso, a capital da Síria amanheceu hoje sem o barulho "habitual" dos projéteis.
Mesmo assim, o empresário Mohiedin Mohammed, de 41 anos, tem poucas esperanças de que a cessação das hostilidades progrida.
"Após cinco anos de assassinatos, dificuldades econômicas e tentativas similares fracassadas, não acredito que desta vez vá funcionar", declarou à Agência Efe, enquanto fumava um cachimbo de água em uma cafeteria de Damasco.
Mohiedin lembrou que as autoridades estiveram esperando sem resposta a que a Jordânia lhes esclarecesse quais são os grupos que vão ser classificados como terroristas perante o Conselho de Segurança da ONU.
"Não parece que vá anunciar isso em breve, portanto como vamos interpretar esta trégua no terreno?", questionou.
"Temo que isto vá ser uma perda de tempo às custas das vidas dos sírios", lamentou incrédulo.
Nas ruas da capital síria quase não se notava hoje entre a população alguma mudança de comportamento, já que as pessoas prosseguiram com suas rotinas diárias, que também não costuma se alterar nas jornadas de mais violência.
Segundo pôde constatar a Efe, mesmo nos dias com mais ataques, os cidadãos voltavam a sair às ruas meia hora depois dos mesmos.
A engenheira Samira Ahmad, de 32 anos, está mais otimista que Mohammed em relação à trégua.
"Poderia ser o começo de uma saída positiva (do conflito). Finalmente há um entendimento entre Rússia e Estados Unidos após anos de enfoques variados. Agora os dois se sentaram e concordaram em uma linha conjunta", afirmou Samira, que se dirigia a um hospital para ver uma amiga ferida em um atentado na semana passada.
Samira se referia ao acordo entre Washington e Moscou para a cessação das hostilidades na Síria, que primeiro foi alcançado pelas duas potências antes que o governo sírio e a oposição o aceitassem.
Um ambiente similar ao de Damasco rodeava hoje a maior cidade do norte do país, Aleppo, outrora capital econômica da Síria e agora devastada pelos enfrentamentos e bombardeios.
Esta cidade está atualmente divida em bairros sob o controle das autoridades e outros controlados pela oposição.
Nos distritos opositores de Aleppo, o ativista Mohammed al Heddi disse à Agência Efe por telefone que a "situação é boa hoje, não há nenhum avião sobrevoando a cidade".
No entanto, os moradores de Aleppo vivem este dia como outro qualquer.
"Não há muita diferença, a única coisa é que há mais segurança, se vê um pouco mais de gente pela rua, mas também não muitas mais. Suponho que, se a trégua seguir e for respeita amanhã e depois, as pessoas sairão mais", comentou.
Por sua vez, o porta-voz do Conselho da Província de Aleppo Livre, Abu Zaer al Halabi, ressaltou à Efe também por telefone que seu organismo, que se encarrega da administração das áreas em poder da oposição na província, não constatou nenhuma violação ao cessar-fogo.
No entanto, "há uma calma tensa", descreveu Halabi, que afirmou que não se vê rebeldes nas ruas da cidade porque este seguem desdobrados nas frentes de batalha.
Apesar de Al Halabi garantir que hoje não foram registradas violações à trégua em Aleppo, a principal aliança política da oposição, a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), denunciou neste sábado o lançamento de seis barris de explosivos por helicópteros governamentais no distrito de Beni Zeid nessa cidade.
Seja como for, ainda é cedo para vislumbrar como evoluirá esta trégua, que pode representar uma oportunidade para os sírios de voltar a uma vida sem violência.
Damasco/Beirute, 27 fev (EFE).- O som dos bombardeios e do disparo de bombas só não desapareceu totalmente das duas principais cidades sírias, Damasco e Aleppo, porque foram registradas algumas violações à trégua que começou esta madrugada e que os cidadãos observam com ceticismo.
Depois do meio-dia, vários projéteis impactaram em uma praça no coração de Damasco, sem que as forças armadas respondessem aos grupos que os lançaram das fortificações opositoras de Duma e Yobar, nos arredores.
Antes disso, a capital da Síria amanheceu hoje sem o barulho "habitual" dos projéteis.
Mesmo assim, o empresário Mohiedin Mohammed, de 41 anos, tem poucas esperanças de que a cessação das hostilidades progrida.
"Após cinco anos de assassinatos, dificuldades econômicas e tentativas similares fracassadas, não acredito que desta vez vá funcionar", declarou à Agência Efe, enquanto fumava um cachimbo de água em uma cafeteria de Damasco.
Mohiedin lembrou que as autoridades estiveram esperando sem resposta a que a Jordânia lhes esclarecesse quais são os grupos que vão ser classificados como terroristas perante o Conselho de Segurança da ONU.
"Não parece que vá anunciar isso em breve, portanto como vamos interpretar esta trégua no terreno?", questionou.
"Temo que isto vá ser uma perda de tempo às custas das vidas dos sírios", lamentou incrédulo.
Nas ruas da capital síria quase não se notava hoje entre a população alguma mudança de comportamento, já que as pessoas prosseguiram com suas rotinas diárias, que também não costuma se alterar nas jornadas de mais violência.
Segundo pôde constatar a Efe, mesmo nos dias com mais ataques, os cidadãos voltavam a sair às ruas meia hora depois dos mesmos.
A engenheira Samira Ahmad, de 32 anos, está mais otimista que Mohammed em relação à trégua.
"Poderia ser o começo de uma saída positiva (do conflito). Finalmente há um entendimento entre Rússia e Estados Unidos após anos de enfoques variados. Agora os dois se sentaram e concordaram em uma linha conjunta", afirmou Samira, que se dirigia a um hospital para ver uma amiga ferida em um atentado na semana passada.
Samira se referia ao acordo entre Washington e Moscou para a cessação das hostilidades na Síria, que primeiro foi alcançado pelas duas potências antes que o governo sírio e a oposição o aceitassem.
Um ambiente similar ao de Damasco rodeava hoje a maior cidade do norte do país, Aleppo, outrora capital econômica da Síria e agora devastada pelos enfrentamentos e bombardeios.
Esta cidade está atualmente divida em bairros sob o controle das autoridades e outros controlados pela oposição.
Nos distritos opositores de Aleppo, o ativista Mohammed al Heddi disse à Agência Efe por telefone que a "situação é boa hoje, não há nenhum avião sobrevoando a cidade".
No entanto, os moradores de Aleppo vivem este dia como outro qualquer.
"Não há muita diferença, a única coisa é que há mais segurança, se vê um pouco mais de gente pela rua, mas também não muitas mais. Suponho que, se a trégua seguir e for respeita amanhã e depois, as pessoas sairão mais", comentou.
Por sua vez, o porta-voz do Conselho da Província de Aleppo Livre, Abu Zaer al Halabi, ressaltou à Efe também por telefone que seu organismo, que se encarrega da administração das áreas em poder da oposição na província, não constatou nenhuma violação ao cessar-fogo.
No entanto, "há uma calma tensa", descreveu Halabi, que afirmou que não se vê rebeldes nas ruas da cidade porque este seguem desdobrados nas frentes de batalha.
Apesar de Al Halabi garantir que hoje não foram registradas violações à trégua em Aleppo, a principal aliança política da oposição, a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), denunciou neste sábado o lançamento de seis barris de explosivos por helicópteros governamentais no distrito de Beni Zeid nessa cidade.
Seja como for, ainda é cedo para vislumbrar como evoluirá esta trégua, que pode representar uma oportunidade para os sírios de voltar a uma vida sem violência.
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