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Morales diz que assassinato de vice-ministro é "imperdoável" e declara luto

26/08/2016 10h35

La Paz, 26 ago (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta sexta-feira que o assassinato do vice-ministro de Regime Interior, Rodolfo Illanes, por grupos de mineiros é "imperdoável" e decretou um luto nacional de três dias sem suspensão de atividades.

"O falecimento de irmão vice-ministro Illanes dói muito, porque é uma atitude tão covarde. O sequestram, torturam e matam", disse Morales, que acrescentou que o ocorrido é "imperdoável", em uma declaração aos veículos de imprensa no Palácio de governo.

O líder destacou que Illanes, um advogado de 58 anos, foi seu assessor e um "homem comprometido" com o apoio aos sindicatos camponeses que trabalhou em vários escritórios governamentais tratando sempre de dialogar quando ocorria um protesto social.

O corpo de Illanes foi recuperado em uma estrada da cidade de Panduro, a 180 quilômetros de La Paz, e levado à capital para autópsia.

Illanes morreu por golpes dos mineiros quando estava sequestrado em um perto de Panduro, segundo as autoridades.

Morales defendeu que seu governo sempre buscou o diálogo com os mineiros cooperativistas para superar o conflito que protagonizam com bloqueios de estradas, em protesto por uma lei que estimula a criação de sindicatos nas cooperativas.

Segundo o líder, na mobilização da Federação Nacional de Cooperativas Mineiras (Fencomin) "havia uma conspiração política e não havia uma reivindicação social para o setor".

Morales disse que os "verdadeiros cooperativistas" foram enganados por dirigentes do setor, que na realidade são "empresários mineiros".

O líder também declarou Illanes "herói da defesa dos recursos naturais", após reiterar que o protesto dos cooperativistas procura na realidade pressionar o governo para que seja permitido assinar contratos com empresas privadas e transnacionais.

Além disso, Morales lamentou as mortes nas fileiras mineiras como resultado de enfrentamentos com a Polícia.

Segundo o governante, só foi confirmado que na quarta-feira perderam a vida dois mineiros, embora os dirigentes da Fencomin assegurem que na quinta-feira morreu um terceiro em Panduro, em novos confrontos com a polícia que tentava abrir passagem em uma estrada.

"Suspeitosamente houve mortos", disse Morales, ao assegurar que os policiais tinham ordens de não levar armas letais.

Os mineiros rejeitam a norma que estimula a formação de sindicatos nas cooperativas porque a consideram prejudicial para o funcionamento desse tipo de organizações.

Segundo veículos de imprensa locais, os mineiros começaram a suspender hoje os bloqueios que realizavam nas estradas do oeste e do centro do país, onde começaram a circular os milhares de veículos que estavam presos desde terça-feira.