Polícia australiana pagou defesa de agentes envolvidos em morte de brasileiro
A polícia do Estado de Nova Gales do Sul, sudeste da Austrália, pagou a defesa milionária de quatro agentes envolvidos na morte do estudante brasileiro Roberto Curti, informam nesta sexta-feira (26) a imprensa local.
Curti, de 21 anos, morreu em março de 2012 após receber 14 descargas elétricas ao ser rendido por um grupo de policiais pouco após uma denúncia pelo roubo de dois pacotes de bolachas em uma loja no centro de Sydney.
Segundo a investigação posterior, o estudante tinha sofrido um episódio psicótico e corria pelo centro da cidade sob os efeitos do LSD.
Em dezembro do 2014, um tribunal australiano decidiu que o agente Damian John Ralph era culpado da morte do jovem, embora tenha optado por deixá-lo em liberdade vigiada mediante pagamento de fiança, enquanto absolveu os outros três policiais envolvidos, Eric Lim, Scott Edmondson e Daniel Barling.
Os documentos, publicados sob as leis de Liberdade de Informação, mostram que as autoridades gastaram 1,2 milhão de dólares australianos (mais de R$ 2,9 milhões) para defender os quatro acusados durante o processo judicial, segundo o canal "ABC".
Em entrevista à fonte, a família de Curti no Brasil condenou o uso do dinheiro dos contribuintes para pagar a fatura legal.
"Qual foi o benefício para o povo do Estado por esta despesa? Os cidadãos devem estar muito preocupados sobre como a polícia gasta seu dinheiro", declarou desde São Paulo um tio do jovem morto, Domingos Laudisio.
Laudisio também afirmou que "não aconteceu nada" com os agentes, apesar do processo judicial.
"Na minha visão as coisas não foram transparentes com os policiais", disseLaudisio ao pedir que um órgão independente investigue as denúncias de "má conduta" contra os agentes.
O parlamentar do Partido Verde David Shoebridge pediu ao governo que inicie uma auditoria das contas da polícia e estude a criação de um corpo que "supervisione a conduta" dos oficiais.
Um laudo sobre a morte de Curti determinou em novembro de 2012 que os agentes atuaram de forma brutal, imprudente e perigosa ao deter o jovem utilizando pistolas elétricas taser e gás de pimenta.
As pistolas elétricas, que causam descargas elétricas de 400 volts, são utilizadas pelas forças de segurança em países como Austrália, Reino Unido e Estados Unidos para render o agressor em situações que não justificam o uso de armas de fogo.
No entanto, organizações como a Anistia Internacional denunciam que as taser já causaram dezenas de mortes e além disso podem ser utilizadas para torturar detidos.
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