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Israel aprova construção de 463 casas em assentamentos na Cisjordânia

31/08/2016 11h19

Jerusalém, 31 ago (EFE).- Israel deu sinal verde nesta quarta-feira para a construção de 463 casas em assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, dois dias depois que um enviado especial da ONU alertou que, com esta política, o país põe em dúvida seu compromisso com a solução dos dois Estados.

Segundo o jornal "Ha'aretz", o Comitê de Administração Civil israelense aprovou a construção de 285 novas casas, enquanto as 178 restantes foram autorizadas de maneira retroativa.

As edificações estão vinculadas aos assentamentos de Elkana, Givat Zeev e Beit Aryeh, na Cisjordânia, e esta decisão vai contra o disposto no direito internacional, que considera ilegal a construção para uso civil em territórios ocupados.

A ONG israelense Shalom Ajshav (Paz Agora), que faz um acompanhamento da expansão de assentamentos nos territórios palestinos ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967, estimou em 2.623 as novas unidades de imóveis que o governo israelense promoveu desde o início de 2016, sendo que 756 delas foram aprovadas com caráter retroativo.

"O governo de (o primeiro-ministro Benjamin) Netanyahu continua planejando e construindo em toda a Cisjordânia e passa aos colonos a mensagem de que qualquer construção feita sem planejamento será legalizada de forma retroativa", afirmou a ONG em comunicado.

"Não só o governo de Netanyahu não acredita na solução dos dois Estados, mas tenta efetivamente matá-la com a construção de mais assentamentos. Esta política contradiz os interesses essenciais do Estado de Israel", criticou a Shalom Ajshav.

Ontem, o chefe do Executivo defendeu os assentamentos judaicos em Jerusalém e na Cisjordânia, argumentando que os mesmos não são um obstáculo para a paz, e que "negar a ligação do povo judeu com sua presença histórica" é que seria um impedimento.

Esta foi sua resposta ao pronunciamento feito no Conselho de Segurança da ONU pelo coordenador especial para o processo de paz, Nickolay Mladenov, que lamentou o fato de Israel ter ignorado as recomendações feitas recentemente pelo quarteto formado por ONU, EUA, Rússia e União Europeia, que pediram ao governo israelense que encerre sua política de construção e expansão das colônias.

Sobre a aprovação das construções de hoje, o Escritório de Coordenação das Atividades do Governo nos Territórios Palestinos (COGAT, o órgão que se encarrega de gerenciar a ocupação), não quis fazer comentários à Agência Efe.