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Rússia diz que hackers alugaram servidores do país para ataques nos EUA

28/09/2016 10h02

Moscou, 28 set (EFE).- Os hackers que atacaram em julho o Comitê Nacional do Partido Democrata (DNC, sigla em inglês) nos Estados Unidos alugaram os servidores da empresa russa King Servers para utilizá-los na ação, informaram nesta quarta-feira fontes policiais da Rússia.

Esses piratas cibernéticos arrendaram esses servidores de maneira anônima, conforme explicou à polícia o dono da companhia, Mikhail Fomenko, que se mostrou disposto a colaborar com o serviço secreto americano, de acordo com a agência oficial russa "RIA Novosti".

"A maioria das vezes isto ocorre de forma anônima, o que também é o caso nesta ocasião. Ele colocou em aluguel o servidor que foi utilizado para o ataque. O homem não é culpado. Seu negócio é absolutamente legal", disseram as fontes.

Fomenko, de 26 anos e que vive na região siberiana da República Altaica, disse às forças de segurança russas que desconhecia a identidade dos clientes que alugaram o servidor e que está disposto a entregar ao FBI, a polícia federal americana, os endereços de IP, os protocolos de internet e outros dados.

"Logo depois do ocorrido, ele bloqueou o servidor", acrescentaram as fontes.

O servidor começou a operar em maio de 2016 e não registrou nenhuma queixa ou reivindicação até 15 de setembro.

O Kremlin rejeitou na época as acusações da candidata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, de que as autoridades russas tinham patrocinado um ciberataque contra o seu partido político.

"Sabemos que os serviços de inteligência da Rússia, que são parte do governo russo, que está sob o firme controle do presidente Vladimir Putin, 'hackearam' o DNC", afirmou a ex-secretária de Estado dos EUA.

O vazamento revelou estratégias do DNC para debilitar o senador Bernie Sanders frente a sua grande rival nas eleições primárias do Partido Democrata, que era justamente Hillary Clinton, cuja campanha não hesitou em acusar a Rússia do ataque cibernético desde o primeiro momento.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tachou de "absurdas" as acusações contra a Rússia de um ciberataque que permitiu a divulgação de 20 mil e-mails por parte do site "Wikileaks".

"Não há dúvida alguma de que as estruturas governamentais russas não se dedicam e nunca se dedicaram ao ciberterrorismo. Isso não é possível", disse Peskov.

Na época, os presidentes da Rússia, Putin, e dos EUA, Barack Obama, assinaram um acordo sobre medidas de confiança no uso de tecnologias de informação.

Obama, por sua vez, afirmou que a internet não pode se transformar no "Velho Oeste", após se reunir com Putin na cúpula do G20 realizada neste mês de setembro na China.