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Mais de 80 mil abandonam Haifa por incêndios em série

24/11/2016 18h30

(Atualiza com novos detalhes, prisões e mais incêndios).

Elías L. Benarroch.

Jerusalém, 24 nov (EFE).- Mais de 80 mil pessoas foram retiradas nesta quinta-feira de Haifa, no norte de Israel, por causa de um incêndio que ameaça vários bairros da cidade, dentro de uma onda de incêndios no país investigada pelas autoridades diante das suspeitas que possam se tratar de ataques de palestinos.

Pelo menos 11 bairros foram afetados pelas chamas que começaram hoje em uma área florestal na parte sudoeste de Haifa e que obrigou a evacuação de dois campus universitários nas colinas do monte Camel - a Universidade de Haifa e o Instituto Politécnico de Tenjnión -, assim como penitenciárias e unidades de saúde.

Fontes policiais indicaram que milhares de pessoas foram retiradas dos 11 bairros, nos quais foram registrados importantes danos materiais. Apenas em Haifa, 115 equipes de bombeiros estão trabalhando para tentar conter os múltiplos incêndios.

"Evacuamos 60 mil moradores, não tem precedentes", disse Yona Yahav, prefeito de Haifa, cidade onde convivem árabes e judeus.

Pouco depois, a polícia atualizou os números informando que 80 mil pessoas foram evacuadas e que há cinco focos de incêndio.

A organização Estrela de Davi Vermelha afirmou que prestou assistência a cerca de 100 pessoas, todas elas levemente feridas ou afetadas pela inalação de fumaça.

O incêndio de Haifa se soma a uma onda de outros que tiveram início na terça-feira, interrompendo estradas e causando importantes danos materiais por todo o país.

Hoje foram detectados vários focos em Sha'ar HaGai (o acesso às montanhas que levam a Jerusalém), nas localidades de Rishon LeZion, Savion, Modi'in-Maccabim-Re'ut e Cesaréia, em um assentamento judaico e nos arredores da cidade árabe-israelense de Umm al-Fahm. Nos últimos dias, o fogo afetou pelo menos outras quatro localidades israelenses, entre elas a histórica Zihron Yaakov, entre Tel Aviv e Haifa, e também os arredores de Jerusalém.

O chefe da Polícia israelense, Roni Alshekh, revelou hoje que alguns dos incêndios foram intencionais, mas disse que "não se trata uma ação organizada, mas de pessoas que aproveitaram a oportunidade".

"Uma equipe especial está encarregada da investigação. Não quero dizer que se trata de incêndio provocado para não gerar mais casos", afirmou Alshekh.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyanhu, e o ministro de Segurança Interior, Gilad Erdan, descreveram a situação como uma "nova forma de terrorismo".

"Estamos diante de uma nova onda de terrorismo incendiário. Todo incêndio provocado é uma forma de terrorismo. Qualquer um que tente queimar partes de Israel será punido", disse Netanyahu em Haifa.

Oito pessoas, entre elas pelo menos quatro palestinos, segundo o serviço de notícias "Ynet" foram presas por envolvimento nos incêndios. O Serviço Secreto foi acionado para investigar os casos.

Israel acredita que os incidentes podem ser seguidos por réplicas provocadas por "ondas de incitação nas redes sociais", de acordo com o ministro, que citou várias postagens nas quais palestinos e árabes de toda a região pedem que mais incêndios sejam realizados. Um xeque ancião abençoava as chamas como o "castigo dos céus".

Além disso, o governo de Israel está investigando se a onda de incêndios tem relação com o projeto de lei defendido pelo Executivo que prevê reduzir o volume dos alto-falantes nas mesquitas.

Frente às suspeitas, o presidente da Autoridade Nacional da Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, ofereceu colaboração aos bombeiros de Israel, ajuda que foi aceita por Netanyahu.

"Recebemos ordens de estarmos preparados para o momento que seja necessário", confirmou à Agência Efe o porta-voz do serviço de Defesa Civil da Palestina, Nael al Azzeh.

Os incêndios, que lembram um incidente ocorrido em 2010 que terminou com 44 mortos, foram intensificados pelos fortes ventos que afetam a região nesta semana e se propagaram rapidamente por causa da seca que afeta Israel depois do verão.

"Esse novembro está sendo extremamente seco. Não tivemos chuva. A seca faz com que qualquer foco pequeno se propague rapidamente. As condições meteorológicas são muito propicias", explicou o meteorologista Noah Wolfson, subdiretor do serviço Meteotech.

Devido à força das chamas e aos múltiplos focos, Israel pediu ajuda internacional para combater o incêndio, que já afeta mais de cem hectares e deixou vários imóveis destruídos.

Hoje chegaram da Grécia e do Chipre, países com os quais há acordos de cooperação para esses casos de emergência, cinco aviões para ajudar no combate ao fogo. Espera-se também apoio de aeronaves de Croácia, Itália, Rússia, Turquia e França.

Além disso, Israel contratou os serviços de uma empresa americana para enviar à região um "Supertanker", um avião de grande porte com capacidade de fazer contínuos sobrevoos sobre áreas florestais.