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Escolha do próximo secretário de Estado dos EUA divide republicanos

Donald Trump se encontrou com Mitt Romney, um dos candidatos ao cargo - Mike Segar/Reuters
Donald Trump se encontrou com Mitt Romney, um dos candidatos ao cargo Imagem: Mike Segar/Reuters

Em Nova York

28/11/2016 19h24

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, se reunirá nesta semana com vários candidatos a ocupar a Secretaria de Estado, um cargo essencial que acabou reabrindo as fraturas expostas dentro do Partido Republicano.

A possibilidade de o cargo terminar nas mãos de Mitt Romney, que durante a campanha foi um dos principais críticos de Trump dentro do partido, irritou os seguidores do empresário nova-iorquino e voltou a expor as divisões entre eles e a cúpula republicana.

Vários dos colaboradores mais próximos de Trump, liderados pela ex-diretora de campanha do presidente eleito Kellyane Conway, não tiveram cuidado ao questionar publicamente a opção por Romney.

"As pessoas se sentem traídas ao pensar que ele dará a Romney, que fez tudo o possível para criticar a personalidade, a inteligência e a integridade de Trump, o posto mais importante do gabinete", disse Conway no domingo em entrevista.

Uma das figuras mais influentes dentro da equipe de transição, Conway repetiu essa mesma mensagem em várias aparições na televisão, declarações que também foram expressadas por outros republicanos próximos a Trump, como o ex-presidente da Câmara dos Representantes Newt Gingrich e o ex-governador de Arkansas Mike Huckabee.

Segundo a emissora "MSNBC", que cita duas fontes ligadas ao presidente eleito, Trump está "furioso" com as declarações de Conway. Além disso, dentro da equipe há um "crescente temor" de que a assessora esteja "promovendo sua própria agenda".

Trump sinalizou que faria as pazes com Romney no dia 19 de novembro. Após uma reunião, a equipe de transição disse publicamente que o ex-governador de Massachusetts, candidato à presidência em 2012, estava sendo considerado para a Secretaria de Estado.

Dar a Romney o importante cargo representaria uma aproximação ao "establishment" republicano por parte de Trump, que durante a campanha queimou muitas pontes com várias figuras do partido.

Simpatizantes de Trump, por sua vez, defendem que o chefe da diplomacia seja alguém mais próximo ao presidente eleito, como o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que, no entanto, tem perdido espaço nos últimos dias por causa das dúvidas geradas por negócios que ele tem no exterior.

O confronto entre os dois grupos também abre as portas para outros candidatos, entre os quais se destacam o general reformado e ex-diretor da CIA David Petraeus e o senador Bob Corker, que preside o Comitê de Relações Exteriores do Senado.

Trump se encontrou nesta segunda-feira com Petraeus, uma figura envolvida em uma polêmica após ter sido condenado por vazar informações secretas a sua biógrafa, com quem tinha uma relação amorosa. O general de quatro estrelas, ex-chefe do Comando Central das Forças Armadas e ex-comandante no Iraque e Afeganistão, admitiu o deslize em 2015. E deixou a liderança da CIA em 2012, quando o FBI começou a investigar o relacionamento extramatrimonial.

O presidente eleito se reunirá amanhã com Corker, outro nome que desde o início da transição está cotado como possível membro do governo. Outro militar aposentado, o general John Kelly, também aparece nas apostas para assumir a Secretaria de Estado.

O porta-voz da equipe de transição, Jason Miller, disse hoje que o presidente eleito quer "garantir que tomará a melhor decisão para todos os postos de seu futuro gabinete".

Sobre o encontro de amanhã com Romney, Miller explicou que a reunião será uma oportunidade para que os dois passem mais tempo juntos, já que até agora não tiveram muito contato.

O porta-voz também disse que não há "expectativa iminente" de novos anúncios de nomeações.