Com economia asfixiada, Grécia vive mais um ano de crise em 2016
Ingrid Haack.
Atenas, 20 dez (EFE).- Em seu sétimo ano de crise e após assinar seu terceiro resgate, a Grécia continuou sem decolar economicamente em 2016 com a população asfixiada pelos incessantes cortes e desencantada com as promessas não cumpridas pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras.
Os otimistas, no entanto, poderiam interpretar o ano como um copo meio cheio. Após a queda da economia registrada em 2015, quando houve duas eleições legislativas, ambas com a vitória do Syriza, 2016 deixou alguns números positivos.
O desemprego continuou caindo, depois de um recorde de 26% em 2014, para 23,4% em agosto deste ano (último número oficial); o índice da produção industrial aumentou nos primeiros nove meses (1,8%) e o PIB cresceu ligeiramente no segundo (0,3%) e terceiro trimestre (0,8%).
Tudo isso ocorreu apesar dos controles de capital introduzidos no verão de 2015, que ainda seguem vigentes.
Mas os números sempre permitem várias leituras, e assim os pessimistas advertem que as perspectivas só são positivas em relação a 2015, o 'annus horribilis', que colocou a Grécia à beira do precipício.
Um bom exemplo é o turismo, o principal motor da economia grega. Apesar das visitas ao país terem aumentado em 3,5% nos primeiros nove meses, o faturamento caiu 5,5%.
Os números do desemprego também permitem uma segunda interpretação: grande parte da redução do desemprego se deve ao forte aumento do trabalho de meio período, a salários de 400 euros mensais - ou até menos -, que não duram até fim do mês.
Além disso, 2016 foi um ano de cortes e aumento de impostos.
O IVA voltou subir, de 23% para 24%, a exemplo do imposto sobre a renda e das contribuições à previdência social.
Ao mesmo tempo, houve redução nas pensões, que já acumulam 12 quedas nos sete anos da crise.
Com os gregos cada vez mas asfixiados em sua economia doméstica, a dívida privada atingiu o mesmo nível da pública, de cerca de 328 bilhões de euros.
Apesar de um dos principais objetivos do governo de Tsipras ser o combate à fraude fiscal, outro dos grandes desafios do país, a crescente pressão tributária está surtindo o efeito contrário, um problema não só para os cofres do Estado, mas também para os bancos.
Cerca da metade dos créditos bancários estão em moratória (antes do começo da crise eram apenas 4,8%), já que grande parte da população não pode apertar mais os cintos. Entretanto, há também quem se aproveite da situação e não pague suas dívidas, embora tenham condições de fazê-lo.
Enquanto os cidadãos devem aos bancos e ao Estado e o Estado deve aos cidadãos - há atrasos no pagamento de pensões, na devolução de impostos, dívidas a provedores, que somam um total de 8 bilhões de euros - a economia não obtém a liquidez necessária para crescer.
Outro problema é a falta de investimentos estrangeiros, tão desejados pelo governo, mas inviáveis enquanto Grécia não retornar aos mercados financeiros.
Para quebrar este círculo, este ano o governo insistiu que é necessária uma decisão sobre a reestruturação da dívida, não só a curto, mas a médio e longo prazo.
O governo adverte que se a Grécia não receber investimentos estrangeiros, o país não poderá sair da crise e se livrar da armadilha dos resgates, e a população dará as costas aos políticos.
Em pesquisa elaborada ppelo Public Issue, publicada no jornal do Syriza,"I Avgi", 90% dos entrevistados estão insatisfeitos com o trabalho do governo, enquanto 80% dizem o mesmo da oposição.
Enquanto isso, nos debates públicos do país, já se planeja o fantasma de um quarto resgate.
Atenas, 20 dez (EFE).- Em seu sétimo ano de crise e após assinar seu terceiro resgate, a Grécia continuou sem decolar economicamente em 2016 com a população asfixiada pelos incessantes cortes e desencantada com as promessas não cumpridas pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras.
Os otimistas, no entanto, poderiam interpretar o ano como um copo meio cheio. Após a queda da economia registrada em 2015, quando houve duas eleições legislativas, ambas com a vitória do Syriza, 2016 deixou alguns números positivos.
O desemprego continuou caindo, depois de um recorde de 26% em 2014, para 23,4% em agosto deste ano (último número oficial); o índice da produção industrial aumentou nos primeiros nove meses (1,8%) e o PIB cresceu ligeiramente no segundo (0,3%) e terceiro trimestre (0,8%).
Tudo isso ocorreu apesar dos controles de capital introduzidos no verão de 2015, que ainda seguem vigentes.
Mas os números sempre permitem várias leituras, e assim os pessimistas advertem que as perspectivas só são positivas em relação a 2015, o 'annus horribilis', que colocou a Grécia à beira do precipício.
Um bom exemplo é o turismo, o principal motor da economia grega. Apesar das visitas ao país terem aumentado em 3,5% nos primeiros nove meses, o faturamento caiu 5,5%.
Os números do desemprego também permitem uma segunda interpretação: grande parte da redução do desemprego se deve ao forte aumento do trabalho de meio período, a salários de 400 euros mensais - ou até menos -, que não duram até fim do mês.
Além disso, 2016 foi um ano de cortes e aumento de impostos.
O IVA voltou subir, de 23% para 24%, a exemplo do imposto sobre a renda e das contribuições à previdência social.
Ao mesmo tempo, houve redução nas pensões, que já acumulam 12 quedas nos sete anos da crise.
Com os gregos cada vez mas asfixiados em sua economia doméstica, a dívida privada atingiu o mesmo nível da pública, de cerca de 328 bilhões de euros.
Apesar de um dos principais objetivos do governo de Tsipras ser o combate à fraude fiscal, outro dos grandes desafios do país, a crescente pressão tributária está surtindo o efeito contrário, um problema não só para os cofres do Estado, mas também para os bancos.
Cerca da metade dos créditos bancários estão em moratória (antes do começo da crise eram apenas 4,8%), já que grande parte da população não pode apertar mais os cintos. Entretanto, há também quem se aproveite da situação e não pague suas dívidas, embora tenham condições de fazê-lo.
Enquanto os cidadãos devem aos bancos e ao Estado e o Estado deve aos cidadãos - há atrasos no pagamento de pensões, na devolução de impostos, dívidas a provedores, que somam um total de 8 bilhões de euros - a economia não obtém a liquidez necessária para crescer.
Outro problema é a falta de investimentos estrangeiros, tão desejados pelo governo, mas inviáveis enquanto Grécia não retornar aos mercados financeiros.
Para quebrar este círculo, este ano o governo insistiu que é necessária uma decisão sobre a reestruturação da dívida, não só a curto, mas a médio e longo prazo.
O governo adverte que se a Grécia não receber investimentos estrangeiros, o país não poderá sair da crise e se livrar da armadilha dos resgates, e a população dará as costas aos políticos.
Em pesquisa elaborada ppelo Public Issue, publicada no jornal do Syriza,"I Avgi", 90% dos entrevistados estão insatisfeitos com o trabalho do governo, enquanto 80% dizem o mesmo da oposição.
Enquanto isso, nos debates públicos do país, já se planeja o fantasma de um quarto resgate.
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