Premiê de esquerda e presidente conservador vivem ano de sintonia em Portugal
Paula Fernández.
Lisboa, 21 dez (EFE).- O governo do do primeiro-ministro socialista António Costa em Portugal surpreendeu neste ano ao conseguir manter a estabilidade, apesar de depender no parlamento do apoio da esquerda radical, e ao obter o entendimento com o novo presidente do país, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa.
O governo de minoria, surgido no final de 2015 e sustentado por uma aliança do Partido Socialista com grupos mais à esquerda - como o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português -, era apresentado como um desafio para Costa, que teria que realizar muitas concessões para manter o apoio parlamentar.
As eleições presidenciais de janeiro, vencidas por Rebelo de Sousa no primeiro turno, impuseram um novo obstáculo para Costa. Ele teria que não só se entender com a esquerda radical, mas também com um chefe de Estado de orientação conservadora.
A relação entre ambos, porém, foi de consenso e unidade, uma postura com a qual Rebelo de Sousa quis, segundo ele próprio reconheceu, garantir a estabilidade política em um país no qual ainda são notados os efeitos da grave crise dos últimos anos.
O presidente não colocou impedimentos à atividade do governo e só usou seu poder de veto contra uma lei, que permitia que a Receita tivesse acesso às contas bancárias com mais de 50 mil euros.
De fato, a presença do presidente serviu de apoio a Costa em algumas ocasiões nas quais teve que lidar com os aliados da esquerda, especialmente graças ao discurso de Rebelo de Souza ressaltando a importância de cumprir com os compromissos internacionais assumidos com a União Europeia (UE) e a Otan.
A boa relação entre ambos ficou comprovada em uma imagem muito comentada no país: Costa segurando um guarda-chuva sobre a cabeça do presidente durante os atos de 10 de junho, a Festa Nacional, realizada em Paris.
Já em 1º de dezembro, os dois estiveram nas comemorações do Dia da Restauração da Independência da Espanha, uma cerimônia que não teve a presença dos líderes portugueses nos últimos anos.
A chegada do popular Rebelo de Sousa ao Palácio de Belém iniciou um estilo de presidência muito diferente de seu antecessor, o também conservador Aníbal Cavaco Silva.
O ex-comentarista de televisão acumula grande popularidade entre os portugueses por ser uma figura onipresente, com uma agenda carregada de atos e intervenções constantes, além de um estilo que se aproxima dos cidadãos.
Com o apoio da esquerda e o beneplácito do presidente, o governo de Costa conseguiu aprovar dois orçamentos - o de 2016, que só passou pelo Congresso em março por causa do atraso em formar governo - e sobreviveu aos obstáculos de evitar sanções da União Europeia pelo excesso de déficit em 2015.
Além disso, Costa teve que lidar com a polêmica em torno da estatal Caixa Geral de Depósitos, entidade que passa por um plano de recapitalização de 5 bilhões de euros e que demitiu no final de novembro grande parte da administração, incluindo o presidente.
Também no setor bancário, a liquidação do Banif, anunciada em 2015, obrigou a aprovação de um orçamento retroativo. A venda do Novo Banco, relançada em março após tentativa fracassada, ainda segue pendente.
O Banco de Portugal recebeu cinco ofertas vinculativas pela instituição financeira, duas delas apresentadas pelo Banco Português de Investimentos (BIS, que tem participação do Caixabank) e do Banco Comercial Português (BCP, que tem participação do Sabadell). Espera-se que a decisão sobre a venda seja tomada ainda neste ano.
Uma boa notícia para Portugal, porém, foi a escolha do ex-primeiro-ministro António Guterres como secretário-geral da ONU, colocando o país no topo da diplomacia internacional.
No esporte, Portugal ainda comemorou o primeiro título com a conquista da Eurocopa diante da França, que era anfitriã do torneio. EFE
pfm/lvl/id
Lisboa, 21 dez (EFE).- O governo do do primeiro-ministro socialista António Costa em Portugal surpreendeu neste ano ao conseguir manter a estabilidade, apesar de depender no parlamento do apoio da esquerda radical, e ao obter o entendimento com o novo presidente do país, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa.
O governo de minoria, surgido no final de 2015 e sustentado por uma aliança do Partido Socialista com grupos mais à esquerda - como o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português -, era apresentado como um desafio para Costa, que teria que realizar muitas concessões para manter o apoio parlamentar.
As eleições presidenciais de janeiro, vencidas por Rebelo de Sousa no primeiro turno, impuseram um novo obstáculo para Costa. Ele teria que não só se entender com a esquerda radical, mas também com um chefe de Estado de orientação conservadora.
A relação entre ambos, porém, foi de consenso e unidade, uma postura com a qual Rebelo de Sousa quis, segundo ele próprio reconheceu, garantir a estabilidade política em um país no qual ainda são notados os efeitos da grave crise dos últimos anos.
O presidente não colocou impedimentos à atividade do governo e só usou seu poder de veto contra uma lei, que permitia que a Receita tivesse acesso às contas bancárias com mais de 50 mil euros.
De fato, a presença do presidente serviu de apoio a Costa em algumas ocasiões nas quais teve que lidar com os aliados da esquerda, especialmente graças ao discurso de Rebelo de Souza ressaltando a importância de cumprir com os compromissos internacionais assumidos com a União Europeia (UE) e a Otan.
A boa relação entre ambos ficou comprovada em uma imagem muito comentada no país: Costa segurando um guarda-chuva sobre a cabeça do presidente durante os atos de 10 de junho, a Festa Nacional, realizada em Paris.
Já em 1º de dezembro, os dois estiveram nas comemorações do Dia da Restauração da Independência da Espanha, uma cerimônia que não teve a presença dos líderes portugueses nos últimos anos.
A chegada do popular Rebelo de Sousa ao Palácio de Belém iniciou um estilo de presidência muito diferente de seu antecessor, o também conservador Aníbal Cavaco Silva.
O ex-comentarista de televisão acumula grande popularidade entre os portugueses por ser uma figura onipresente, com uma agenda carregada de atos e intervenções constantes, além de um estilo que se aproxima dos cidadãos.
Com o apoio da esquerda e o beneplácito do presidente, o governo de Costa conseguiu aprovar dois orçamentos - o de 2016, que só passou pelo Congresso em março por causa do atraso em formar governo - e sobreviveu aos obstáculos de evitar sanções da União Europeia pelo excesso de déficit em 2015.
Além disso, Costa teve que lidar com a polêmica em torno da estatal Caixa Geral de Depósitos, entidade que passa por um plano de recapitalização de 5 bilhões de euros e que demitiu no final de novembro grande parte da administração, incluindo o presidente.
Também no setor bancário, a liquidação do Banif, anunciada em 2015, obrigou a aprovação de um orçamento retroativo. A venda do Novo Banco, relançada em março após tentativa fracassada, ainda segue pendente.
O Banco de Portugal recebeu cinco ofertas vinculativas pela instituição financeira, duas delas apresentadas pelo Banco Português de Investimentos (BIS, que tem participação do Caixabank) e do Banco Comercial Português (BCP, que tem participação do Sabadell). Espera-se que a decisão sobre a venda seja tomada ainda neste ano.
Uma boa notícia para Portugal, porém, foi a escolha do ex-primeiro-ministro António Guterres como secretário-geral da ONU, colocando o país no topo da diplomacia internacional.
No esporte, Portugal ainda comemorou o primeiro título com a conquista da Eurocopa diante da França, que era anfitriã do torneio. EFE
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