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ONU considera inaceitável sentença a soldado israelense que matou palestino

24/02/2017 09h08

Genebra, 24 fev (EFE).- A sentença de 18 meses de prisão imposta a um soldado israelense por matar um palestino ferido e que não constituía nenhuma ameaça é "inaceitável" e inscreve-se na "longa cultura de impunidade" que reina em Israel, denunciou nesta sexta-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

"Que o caso tenha sido julgado e o soldado punido é muito mais do que tínhamos visto até agora, mas a condenação de apenas 18 meses após ter cometido uma violação dos direitos humanos de tais características é inaceitável", disse em entrevista coletiva Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado.

O Alto Comissariado está "muito afetado" por uma sentença "tão indulgente a um soldado israelense condenado por um assassinato ilegal de um palestino ferido em uma aparente execução extrajudicial de um homem desarmado que não era nenhuma ameaça iminente", acrescentou o porta-voz.

O soldado Elor Azaria, de 20 anos, foi condenado no último dia 21 a 18 meses de prisão por matar, com um disparo na cabeça, Abdel Fatah Al-Sherif, um palestino de também 20 anos quando estava no solo ferido e imobilizado após atacar com uma faca outro uniformizado em Hebron em março 2016.

Shamdasani lembrou que mais de 200 palestinos foram assassinados pelas forças de segurança israelenses desde que o surto de violência começou na Cisjordânia em setembro de 2015.

O sargento Azaria é o único membro do Exército israelense que foi acusado por estes assassinatos, sublinhou a porta-voz, que repetiu sua decepção pela levidade da sentença.

A defesa de Azaria afirmou que o cliente disparou por temor de que Al-Sherif levasse uma bomba ou tratasse de pegar de novo a faca com o qual perpetrou o ataque, que estava a uns metros de seu corpo.

"A sentença é indulgente e contrasta com as penas a três anos de prisão para crianças palestinas por lançar pedras contra carros", ressaltou a porta-voz.

"Este caso pode minar a confiança no sistema judiciário e reforça a cultura de impunidade", concluiu.