Após sinais de avanços, Israel e Hamas se acusam de bloquear acordo para libertar reféns
Depois de avanços anunciados nas negociações, Israel e o grupo palestino Hamas se acusam mutuamente de obstruir as conversas para uma possível trégua e a libertação de reféns na Faixa de Gaza. Israel chamou de volta os seus negociadores para deliberações, paralisando mais uma vez as tentativas de se chegar a um acordo em Doha, capital do Catar. Enquanto isso, os confrontos continuam. Cinco jornalistas morreram nesta quinta-feira (26), após um ataque israelense em Gaza.
Com o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul
Em Israel, o gabinete do primeiro-ministro acusa o Hamas de mentir e de colocar novos obstáculos à continuidade das negociações. A organização islâmica recua em pontos que já foram objeto de acordo, segundo a comitiva de Benjamin Netanyahu. O Hamas, por sua vez, afirma que são as novas condições israelenses que eliminam a possibilidade de um acordo em Gaza.
Mais uma vez, para as famílias dos reféns que esperam a sua libertação, é um banho de água fria. Há apenas 48 horas, o primeiro-ministro relatou progressos nas negociações. Porém, na noite desta quarta-feira (25), Israel anunciou a retirada da equipe de negociadores que estava no Catar para deliberações internas. Até então, as conversas visavam uma trégua de 45 a 60 dias e a libertação de 34 reféns, em troca de 250 prisioneiros palestinos. Na quarta-feira, o governo Netanyahu afirmou a intenção de continuar os seus esforços para repatriar todos os israelenses sequestrados.
Negociações paralisadas
A situação é particularmente difícil para as famílias dos 100 reféns. Acredita-se que apenas 67 deles ainda estejam vivos. Com essa situação de avanços e bloqueios nas negociações, a maioria acusa o primeiro-ministro israelense de dificultar o acordo. Há poucos dias, o premiê disse ao Wall Street Journal que não havia qualquer possibilidade de Israel acabar com a guerra em Gaza.
As famílias dos reféns se opõem à fórmula proposta para este novo cessar-fogo, que defende a libertação parcial das pessoas sequestradas ainda vivas.
A noite de 25 de dezembro marcou o início do feriado de Chanucá. A praça rebatizada de "Praça dos Reféns", em Tel Aviv, ficou coberta de velas. "Um pouco de luz", afirmam os parentes das pessoas detidas na escuridão dos túneis de Gaza há 446 dias.
"Jornalistas são civis e devem ser sempre protegidos"
Enquanto os avanços pela paz fracassam, pelo menos cinco jornalistas foram mortos nesta quinta-feira na Faixa de Gaza, após um ataque israelense. Eles trabalhavam para o Al-Quds Today, um canal de televisão palestino afiliado ao grupo Jihad Islâmica. O exército israelense afirma que o alvo era uma célula do grupo armado. Os jornalistas estavam dentro de uma van que foi atacada e pegou fogo. Os corpos foram retirados do veículo pelos serviços de emergência.
O Al-Quds Today publicou um comunicado indicando "a perda, na madrugada, de cinco jornalistas: Faisal Abu Al-Qumsan, Ayman Al-Jadi, Ibrahim Al-Sheikh Khalil, Fadi Hassouna e Mohammed Al-Lada'a mortos num ataque sionista visando (um) veículo" deste canal de televisão local".
De acordo com os veículos de comunicação palestinos, os cinco jornalistas faziam reportagens em uma missão humanitária no campo de refugiados de Nuseirat quando foram atingidos. Testemunhas teriam visto um míssil disparado de um avião.
Em uma mensagem no Telegram, o exército israelense mencionou "um ataque preciso a um veículo com um grupo terrorista a bordo". Medidas de precaução teriam sido tomadas antecipadamente para proteger os civis ao redor.
Porém, na rede X, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) denuncia: "os jornalistas são civis e devem ser sempre protegidos"
Segundo um relatório de uma ONG, pelo menos 141 jornalistas morreram na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em sua maioria palestinos. O CPJ apela para o fim da impunidade dos ataques israelenses contra profissionais da imprensa e lembra que o ataque deliberado a civis constitui um crime de guerra.
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Quero receberThe IDF bragged about it CPJ. Call it "murder," because it is. https://t.co/HY0wPhBVwN pic.twitter.com/N8cUtK7StC
? Zionism Observer (@receipts_lol) December 26, 2024
(Com AFP e RFI)
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