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Perante líderes muçulmanos, papa pede "não" a violência em nome de Deus

28/04/2017 12h52

(Corrige último parágrafo).

Cairo, 28 abr (EFE).- O papa Francisco pediu nesta sexta-feira em discurso feito a líderes muçulmanos reunidos no Cairo que digam "um não forte e claro" a toda violência cometida em nome de Deus e alertou contra a "instrumentalização" da religião por parte do poder.

"Vamos repetir um 'não' forte e claro a qualquer forma de violência, vingança e ódio cometidos em nome da religião ou em nome de Deus", disse o pontífice na Conferência Internacional de Paz, que termina hoje na capital egípcia.

O papa também advertiu nesse fórum organizado pela Universidade de al-Azhar, instituição de referência para os muçulmanos sunitas, que os responsáveis religiosos precisam "desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade" e assegurou que "é imprescindível excluir qualquer posição absoluta que justifique formas de violência".

"A violência, de fato, é a negação de toda religiosidade autêntica", declarou.

Francisco falou aos presentes como "responsáveis religiosos" e disse a eles que, como tais, precisam "denunciar as violações contra a dignidade humana e contra os direitos humanos" na primeira alusão ao tema de sua viagem ao Cairo. O papa também disse que devem ajudar a descobrir "as tentativas de justificar qualquer forma de ódio em nome da religião e condená-los como falsificações idólatras de Deus".

"Só a paz é santa e não é possível cometer nenhuma violência em nome de Deus porque profanaria seu nome", acrescentou o papa, na presença do imã Universidade de al-Azhar, Ahmad Al Tayeb.

No discurso, ele também abordou o perigo que a proximidade da religião com o poder político pode representar.

"Existe o risco de a religião ser absorvida pela gestão dos assuntos temporários e ser tentada pela sedução dos poderes mundanos que na realidade a instrumentalizam", afirmou.

Passados 20 dias dos ataques contra a comunidade cristã copta no norte do Egito, que causaram 46 mortes e que foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), o papa repetiu seu apelo contra o comércio de armas. Disse que para prevenir os conflitos e construir a paz é preciso eliminar as situações de "pobreza e exploração, onde mais facilmente agem os extremismos, e bloquear o trânsito de dinheiro e de armas para quem fomenta a violência".

Ele também defendeu o diálogo e a abertura ao próximo, "reconhecendo os direitos e as liberdades fundamentais, especialmente a religiosa".