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Capriles critica declaração do papa sobre oposição venezuelana

30/04/2017 13h18

Caracas, 30 abr (EFE).- O duas vezes candidato à presidência da Venezuela e governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, criticou a declaração do papa sobre a oposição venezuelana e assegurou que esta não está dividida, informaram neste domingo meios de comunicação locais.

"Eu escutei as declarações do papa. Primeiro fala da oposição dividida, o que não é verdade. Fala de como se alguns quisessem dialogar e outros não. Os venezuelanos todos querem dialogar, mas não estamos dispostos a um 'dialogo Zapatero'", disse Capriles ao referir-se ao acompanhamento no processo do ex-chefe do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e outros ex-presidentes.

Capriles respondeu assim ao papa na vigília realizada por vários estudantes na noite de ontem em Caracas pelas vítimas das recentes manifestações, depois que o pontífice considerou que uma nova tentativa de facilitação de diálogo político na Venezuela deve acontecer em "condições muito claras".

"Eu acredito que tem que ser em condições muito claras, parte da oposição não quer isto, o que é curioso. a própria oposição está dividida e, por outro lado, parece que os conflitos se aguçam mais, mas há algo em movimento, há algo em movimento", afirmou o papa Francisco neste sábado.

O pontífice também disse que os ex-presidentes que já intervieram como facilitadores entre o governo e a oposição - o espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, o panamenho Martín Torrijos e o dominicano Leonel Ferndández, "estão insistindo" para voltar a tentar.

Capriles também considerou que "é importante" que o papa saiba que "depois do autogolpe", como a oposição considera as sentenças parcialmente suprimidas do Tribunal Supremo de Justiça nas quais assumia competências do Legislativo, "foram assassinados mais de 30 venezuelanos, além das centenas de feridos e 1.400 detenções arbitrárias".

Nesse sentido, indicou que a procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega, já reconheceu "a ruptura da ordem constitucional" e "a não existência do devido processo na maior parte" das detenções.