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Unicef diz que 400 mil crianças correm risco de desnutrição aguda na RDC

24/05/2017 16h18

Kinshasa, 24 mai (EFE). - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou nesta quarta-feira que quase 400 mil meninos e meninas estão correndo risco de entrar no estágio de desnutrição aguda na região de Kasai, na República Democrática do Congo (RDC), por causa da violência gerada pela milícia Kamuina Nsapu.

Em comunicado, a agência da ONU denunciou a infraestrutura sanitária de Kasai deixou de funcionar devido ao conflito, que já deixou mais de 400 pessoas mortas e provocou o deslocamento de mais de 1 milhão nos últimos meses. Só na província de Kasai-Central mais de um terço dos hospitais está fechada pela insegurança e a falta de medicamentos.

"Estes meninos estão entre os mais vulneráveis do país e agora enfrentam uma crise que se aproxima se o acesso aos serviços básicos não for restabelecido rapidamente. Sem atendimento médico adequado, alimentos e água potável a vida de milhares de crianças está em risco", declarou a diretora regional do Unicef para África Central e Ocidental, Marie-Pierre Poirier.

O fornecimento de alimentos e materiais básicos está diminuindo à medida que o conflito se intensifica e o deslocamento forçado obriga às famílias a viverem em condições inadequados de saneamento e higiene, assegurou a organização. Além disso, a situação nutricional das crianças piorou por conta da dificuldade das pessoas de continuares com as atividades agrícolas diante do quadro de falta de segurança.

A população já vivia em condições precárias antes da última onda de violência na região e Kasai era uma das províncias mais pobres do país, onde um de cada dez menores morre antes de completar cinco anos por falta de atendimento médico adequado. Ainda que metade das crianças já sofresse com desnutrição crônica ou atraso no crescimento, a situação piorou pelos conflitos na região.

"Nossa prioridade nas próximas semanas é chegar a milhares de crianças gravemente desnutridas que já não podem ser atendidas nos hospitais, porque foram destruídos", disse o representante do Unicef na RDC, Tajudeen Oyewale, que reconheceu que o trabalho nestas áreas remotas é "muito desafiador".

Hoje, o Unicef informou que precisa de US$ 40,2 milhões para responder à emergência vivida em Kasai.

A milícia Kamuina Nsapu se rebelou em julho do ano passado contra o governo de Kasai-Central e faz um motim para vingar a morte de seu líder, morto pelo Exército. Esses enfrentamentos deixaram mais de 400 mortos, 1 milhão de deslocados e milhares de refugiados.