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Ex-membro do IRA pede perdão por atentado que matou 21 pessoas em 1974

10/07/2017 16h39

Dublin, 10 jul (EFE).- O ex-membro do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA) Michael Christopher Hayes reconheceu nesta segunda-feira sua participação e pediu perdão pelo atentado cometido em 1974 na cidade de Birmingham, no Reino Unido, que deixou 21 mortos e 182 feridos.

Em entrevista à "BBC", Hayes, de 69 anos, afirmou que pertencia à célula da IRA que elaborou o plano para detonar bombas em dois pubs de Birmingham, mas negou sua implicação direta.

Até hoje, as autoridades não conseguiram encontrar os autores do atentado, um dos mais sangrentos realizados pelo IRA durante o conflito. A Justiça do Reino Unido chegou a condenar seis pessoas a prisão perpétua que, no entanto, eram inocentes.

Os chamados "Seis de Birmingham" foram libertados em 1991, depois de um tribunal de apelações ter considerado a investigação da polícia britânica sobre o atentado irregular. Os agentes teriam inventado provas para condenar os suspeitos.

Na entrevista, Hayes pediu perdão pelas mortes de inocentes, mas se negou a identificar os responsáveis diretos pelo massacre. E disse que revelaria as informações sob o "ponto de vista de um participante".

O ex-membro do IRA afirmou que só aceita "responsabilidade coletiva" por todas as ações promovidas pelo grupo no Reino Unido, entre elas a de Birmingham, reiterando ter sido apenas um "participante das atividades" da organização armada.

Hayes disse que as bombas, colocadas nos pubs Mulberry Bush e Tavern in the Town, não tinham como objetivo causar vítimas. Para ele, a polícia atrasou oito minutos entre terem recebido o aviso de bomba, meia hora antes, até responderem o alerta.

Além disso, o ex-militante explicou que, quando soube do alto conhecimento de vítimas provocadas pelos dois artefatos, foi, pessoalmente, desativar uma terceira bomba instalada em Birmingham.

Julie Hambleton, cuja irmã Maxine, de 18 anos, morreu no atentado, classificou hoje o pedido de desculpas como "ofensivo". E chamou Hayers de "covarde" por não identificar os responsáveis.

Um porta-voz da polícia local lembrou que o caso continua aberto e que a Justiça está prestes a iniciar uma investigação especial para esclarecer as irregularidades cometidas pelas forças de segurança.

A juíza Louise Hunt decidiu no ano passado reabrir o caso após revisar as provas existentes e obter novas e significativas evidências sobre a ação terrorista.

Hayes, que mora em Dublin, afirmou hoje que não tem intenção de viajar à Inglaterra para participar neste processo e que, apesar de lamentar a "trágica perda de vidas", tem a consciência tranquila. EFE

ja/lvl