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Venezuela tem contratos de US$ 22 bilhões com Odebrecht, segundo opositor

24/08/2017 15h20

Caracas, 24 ago (EFE).- A Venezuela fechou contratos com a construtora brasileira Odebrecht no valor de pelo menos US$ 22 bilhões para a construção de sete obras que seguem inconclusas, afirmou nesta quinta-feira o deputado opositor Juan Guaidó, presidente da comissão de Controladoria da Assembleia Nacional (AN, parlamento).

A Assembleia, controlada por uma contundente maioria opositora, realizou hoje uma sessão para discutir as denúncias feitas pela ex-procuradora-geral Luisa Ortega, que assegura ter "muitas" provas de corrupção contra os principais dirigentes chavistas e contra o presidente Nicolás Maduro.

Guaidó, do partido Vontade Popular (VP), explicou que entre as sete obras inconclusas estão uma usina hidrelétrica, projetos ferroviários e três pontes; sendo que uma delas seria a segunda ponte sobre o Lago de Maracaibo que, segundo afirmou, tem 11 anos de atraso, 3.000% de supervalorização e apenas 36% de execução.

"São US$ 22 bilhões envolvidos em contratações, mais que o dobro das reservas internacionais da Venezuela, suficiente para pagar toda a dívida comercial do país", detalhou o opositor.

A ex-procuradora-geral venezuelana abandonou o seu país após ser acusada de traição pelo governo e destituída pela plenipotenciária Assembleia Nacional Constituinte (ANC), integrada unicamente por oficialistas e que designou Tarek Saab como seu substituto, que já disse ontem que as denúncias da sua antecessora não têm validade.

Na quarta-feira, durante visita ao Brasil, Ortega atribuiu sua destituição e a perseguição política que diz sofrer na Venezuela "ao afã de esconder os fatos de corrupção" dos quais, segundo assegura, tem "muitas provas", e às investigações que preparava sobre os subornos pagos pela Odebrecht a várias autoridades.

"Tenho provas no caso Odebrecht que comprometem Maduro, Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez e outros", garantiu Ortega na cerimônia de abertura de uma reunião de procuradores dos países do Mercosul em Brasília, onde disse que queria denunciar perante o mundo a situação de "corrupção desmedida" na Venezuela.

Entre outros exemplos, citou o de uma empresa mexicana que seria propriedade do próprio Maduro contratada pelo Estado venezuelano para distribuir as CLAP (bolsas de alimentos distribuídas entre pessoas de poucos recursos).

A esse respeito, Guaidó denunciou que a informação sobre esta empresa "desapareceu" do Registro Nacional de Empreiteiros do país, o que demonstra, segundo disse, que o "sistema de justiça está podre" e que o governo "trafica com a miséria".

Ao final da sessão, os deputados decidiram solicitar a Ortega, a quem reconhecem como "a única procuradora-geral legítima", informação sobre estas denúncias para fazer avançar as investigações do parlamento venezuelano.