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Odebrecht pode ficar sem aditivo de contrato de termoelétrica na R.Dominicana

25/08/2017 15h28

Santo Domingo, 25 ago (EFE).- O governo da República Dominicana alertou nesta sexta-feira que não está disposta a pagar um único centavo a mais pelo consórcio liderado pela construtora brasileira Odebrecht que constrói a termoelétrica de Ponta Catalina.

O vice-presidente da Cooperação Dominicana de Empresas Elétricas Estatais (CDEEE), Rúben Jiménez Bichara, informou em entrevista coletiva que o consórcio Odebrecht-Tecnimont-Estrella exige US$ 708 milhões de aditivo, além dos US$ 1,94 bilhão estabelecidos no contrato para a construção da obra, no sul do país.

De acordo com Bichara, o consórcio quer US$ 542,6 milhões por "aspectos relacionados com o cronograma de construção e possível extensão de prazos de conclusão da obra" e US$ 165,6 milhões por "remodelações surgidas no processo e que não foram contempladas previamente".

Até o momento, o investimento do governo da República Dominicana na usina, que está 80% construída, foi de US$ 1,61 bilhão.

"O governo não está disposto a pagar nem um centavo a mais do valor original do contrato, entendendo que esse é um contrato que implica que a empresa construtora assume os riscos do processo", disse o vice-presidente da CDEEE.

"A CDEEE mantém seu compromisso de trabalhar para que a obra seja concluída satisfatoriamente, e para isso dispõe dos recursos necessários para cobrir os custos de construção originalmente estipulados", afirmou Bichara.

O vice-presidente da CDEEE informou que o governo começará a negociar com o consórcio na próxima semana. No entanto, revelou que defenderá a posição de que os custos adicionais devem ser assumidos pelas empresas que venceram a licitação para a obra.

Esse projeto, cuja licitação foi investigada, foi criticado por setores políticos que afirmaram que a obra foi superfaturada. Grupos civis criticam que a usina afetará o ecossistema e a saúde das pessoas da província de Peravia, onde ela será construída.

A Odebrecht é alvo de investigação na República Dominicana pelos US$ 92 milhões em propinas que admitiu ter pagado para obter contratos de obras públicas no país.

Já foram acusadas 14 pessoas no caso, entre elas o agora ex-ministro de Indústria e Comércio Temístocles Montás e o presidente do Partido Revolucionário Moderno, o principal da oposição, Andrés Bautista, que está em liberdade provisória.

Estão presos o empresário Ángel Rondón, citado pelo Ministério Público como a pessoa que recebeu e distribuiu as propinas, e o ex-ministro de Obras Públicas Víctor Díaz Rúa, importante dirigente do governista Partido da Liberdade Dominicana.