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EUA acreditam que Venezuela esta perto de se tornar um "narcoestado"

22/09/2017 15h55

Washington, 22 set (EFE).- Os Estados Unidos acreditam que a Venezuela está perto de se tornar um "narcoestado" pelo fato "irrefutável" de integrantes do governo de Nicolás Maduro estarem envolvidos em atividades de tráfico de drogas, o que pode acarretar mais sanções contra o país nos próximos meses.

O secretário de Estado adjunto dos EUA para Segurança e Combate às Drogas, William Brownfield, fez essa declaração em entrevista coletiva para avaliar seus 38 anos na carreira diplomática, que será encerrada no dia 30 de setembro.

"A expressão de 'narcoestado', para mim, quer dizer um Estado cujo governo é formado ou dominado por representantes da indústria da droga ilícita, essa é a definição. E digo que, neste momento, a Venezuela se aproxima desse ponto", considerou Brownfield, que foi o embaixador americano no país entre 2004 e 2007.

"É a minha opinião. Provavelmente ainda não se pode dizer que o governo está dominado pela indústria narcotraficante, mas penetrado, sem dúvida, influenciado e com interesse em manter esses contatos por parte de várias instituições. Mas não quero chamar um país de 'narcoestado' até realmente esteja nessa categoria", argumentou.

Para Brownfield, este é um bom momento para começar a debater se a Venezuela se transformou ou não em um 'narcoestado', mesmo que ainda não seja possível dar uma resposta definitiva.

Por outro lado, o secretário classificou como "uma boa política" as sanções impostas pelo governo de Donald Trump à Venezuela porque mostram "que tipos de pessoas estão envolvidas no governo" e disse acreditar "que haverá mais sanções durante os próximos meses".

Ao se referir ao tráfico de drogas através da Venezuela e ao papel que o país tem no lavagem de dinheiro de fundos ilícitos, Brownfield assegurou que as sanções dos EUA "são baseadas no fato irrefutável de que há muitos membros do governo (da Venezuela) que participam disso."

Em julho, Trump chegou a impor sanções econômicas diretas contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a quem qualificou de "ditador" por promover a criação de uma Assembleia Nacional Constituinte com poder para redigir uma nova Constituição e que não é reconhecida pela oposição.

Brownfield explicou que, até agora, as sanções contra Maduro foram especificamente pelas "suas atividades antidemocráticas e políticas", mas disse que "isso não quer dizer que não haja evidências que possam apoiar uma decisão de sancionar por outras razões", sem detalhar se estava se referindo a sanções por tráfico de drogas.