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Coreia do Norte acusa EUA de explorarem morte de Otto Warmbier

28/09/2017 22h26

Seul, 29 set (EFE).- A Coreia do Norte acusou nesta sexta-feira (data local) os Estados Unidos de explorarem o caso de Otto Warmbier, o estudante americano que morreu em junho em Ohio após mais de um ano em coma preso no país asiático e em circunstâncias não esclarecidas.

Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores norte-coreano voltou a acusar Washington de mentir sobre o caso, depois que ontem os médicos forenses não esclareceram as causas da morte de Warmbier nem puderam confirmar se este foi torturado na Coreia do Norte, uma hipótese sustentada por sua família e pela Casa Branca.

"O fato de que os Estados Unidos empregam até mesmo um morto para sua campanha conspiradora destinada à comunidade internacional para aumentar a pressão sobre a RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país) mostra a vileza da sua hostilidade para nós", afirmou a pasta de Relações Exteriores norte-coreana em um comunicado.

"Os médicos americanos, que realizaram o exame médico sobre Warmbier em junho no nosso país, e até outros que fizeram após seu retorno aos EUA, reconheceram que não houve neste caso nenhuma 'tortura'", salientou a nota, divulgada pela agência estatal "KCNA".

Pyongyang destacou que Warmbier "é um criminoso que foi punido em 16 de março de 2016 com trabalhos reeducativos", segundo a lei norte-coreana, por cometer "atos hostis" dirigidos por Washington.

No entanto, as autoridades ofereceram assistência médica ao estudante devido à deterioração da sua saúde e lhe libertaram e permitiram que retornassem ao seu país "de um ponto de vista humanitário", acrescentou a nota.

A Coreia do Norte afirmou ainda que a instrumentalização do caso é outra "provocação do velho louco (Donald) Trump e a cisma dos EUA, baseada em dados infestados de fraudes e embustes", e advertiu que este assunto "multiplica a inimizade e o desejo de vingança de todo o povo e o exército coreano contra esse império".

O relatório do forense americano não esclareceu as causas que provocaram a morte de Warmbier por falta de oxigênio e sangue no cérebro após realizar um exame externo do corpo, já que os pais não quiseram que fosse realizada uma autópsia completa.

Warmbier, de 22 anos, foi detido na Coreia do Norte em janeiro de 2016 quando visitava o país como turista e condenado a 15 anos de trabalhos forçados por tentar roubar um cartaz de propaganda política do hotel em que hospedava-se em Pyongyang.

O jovem estava há mais de um ano em coma quando foi libertado em junho de 2017, apenas uma semana antes de morrer em solo americano.

Pyongyang sustenta que Warmbier sofreu um surto de botulismo e lhe deram um remédio para dormir, mas que o jovem não voltou a acordar.

Por meio do Twitter, Trump afirmou na terça-feira passada que "Otto foi torturado de maneira inacreditável pela Coreia do Norte".

O episódio de Warmbier aumentou ainda mais as tensões entre Washington e Pyongyang pelos contínuos lançamentos de mísseis e testes nucleares da Coreia do Norte, bem como pelas ameaças belicistas cruzadas entre Trump e Kim Jong-un.