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Marcelo Odebrecht será interrogado sobre pagamentos de propina no Peru

20/10/2017 14h26

Lima, 20 out (EFE).- O procurador peruano José Domingo Pérez interrogará no próximo dia 9 de novembro o empresário Marcelo Odebrecht sobre seus supostos vínculos com a líder opositora Keiko Fujimori e com o ex-presidente do Peru Alan García, informou nesta sexta-feira o jornal "Perú21".

Segundo fontes do Ministério Público, as autoridades brasileiras deferiram o pedido feito por Pérez no final de setembro e o procurador, que investiga Keiko por suposta lavagem de dinheiro vinculada ao caso Odebrecht e pelos coquetéis organizados por seu partido, o Força Popular, para financiar a campanha de 2016, viajará ao Brasil para se reunir com o empresário condenado por corrupção.

A ex-candidata presidencial é mencionada em uma nota no celular de Marcelo Odebrecht como suposta receptora de propina, o que foi negado por Keiko.

"Aumentar Keiko para 500 e eu fazer visita", foi a anotação encontrada no celular do empresário pelas autoridades brasileiras e que a Procuradoria peruana solicitou formalmente para abrir a investigação contra a filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000).

A líder opositora prestou depoimento na semana passada perante uma comissão investigadora do Congresso e negou que ela e o Força Popular tenham recebido doações da Odebrecht ou de outras empresas brasileiras, como as construtoras OAS, Camargo Correa e Queiroz Galvão.

Por sua vez, a suposta menção a García é a que aponta: "Anúncio Kuntur agora bom para o Peru/AG", em alusão à empresa Kuntur TG, que obteve a concessão do Gasoduto Sul no segundo mandato do ex-presidente (2006-2011).

Posteriormente, o projeto do gasoduto foi modificado, seu custo foi aumentado e sua concessão passou para a Odebrecht, que se associou à Kuntur no governo de Ollanta Humala (2011-2016), que atualmente cumpre prisão preventiva por receber US$ 3 milhões em propina da empresa brasileira.

Além disso, o portal "Hildebrandt en sus trece" informou que na agenda de Marcelo Odebrecht aparecem as iniciais "AG" junto a um termo que faria alusão ao projeto de irrigação Olmos, concedido em 2009.

Dentro do mandato de García, a Procuradoria investiga também os pagamentos ilegais feitos pela Odebrecht para obter a concessão da construção da Linha 1 do Metrô de Lima, caso pelo qual estão presos o ex-vice-ministro de Comunicações Jorge Cuba e vários membros do comitê de licitação da obra.

García negou que a sigla "AG" se refira a ele e disse que durante o seu segundo mandato só teve uma reunião com Marcelo Odebrecht.

No entanto, o jornal "El Comercio" informou em maio que os registros oficiais indicam que o ex-presidente se encontrou cinco vezes com o empresário, e o publicitário João Santana declarou ao juiz Sergio Moro que Marcelo lhe pediu para assessorar a campanha eleitoral de García para as eleições peruanas de 2016, algo que o ex-governante negou.