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Jornalista assassinada investigava vínculos de Malta com rede de contrabando

25/10/2017 13h16

Roma, 25 out (EFE).- A jornalista maltesa assassinada na semana passada com um carro-bomba, Daphne Caruana Galizia, investigava os possíveis vínculos de partidos políticos de Malta com uma rede líbio-italiana de contrabando de combustível para a Europa, informou nesta quarta-feira o jornal "Times of Malta".

A publicação cita fontes próximas à investigação que tenta de esclarecer as causas e os responsáveis do assassinato da jornalista, morta em 16 de outubro quando seu carro explodiu a poucos metros de sua casa.

Segundo estas fontes, Daphne investigava a suposta participação de partidos malteses em uma rede de contrabando de combustível para a Europa vinculada a traficantes líbios e ao crime organizado na ilha italiana da Sicília.

O mesmo jornal maltês informou na semana passada que dois homens - Darren Debono e Gordon Debono - estavam sendo procurados na Itália devido a suas relações com o transporte ilegal de combustível desde a refinaria líbia de Zawia para a Europa em barcos registrados em Malta.

Debono foi detido recentemente pelas autoridades na ilha italiana de Lampedusa.

O procurador-geral de Catania, na Sicília, Carmelo Zuccaro, reconheceu nesta quarta-feira que "não se pode excluir" a hipótese de a morte de Daphne estar relacionada com redes de tráfico ilegal de combustível desde a Líbia para a Europa.

O "Times of Malta" também lembra que em março deste ano a jornalista escreveu um artigo em que denunciava possíveis práticas corruptas entre Malta e Chipre durante 2008 e 2009, e afirma que também estudava atividades do crime organizado em Malta e outros países.

O assassinato da jornalista comoveu o país e seu filho Matthew Caruana Galizia - membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) - chegou na semana passada a acusar o governo maltês de Joseph Muscat de permitir o crime e a corrupção.

Centenas de cidadãos foram às ruas nos últimos dias para protestar contra a corrupção, e o papa Francisco enviou em 20 de outubro uma mensagem de condolências à família da jornalista.

Daphne foi uma das jornalistas que investigou mais ativamente a relação da classe política maltesa com os "Panama Papers", que revelaram escândalos de corrupção que envolviam Muscat.

Após estes escândalos, o primeiro-ministro maltês foi obrigado a antecipar para junho deste anos as eleições gerais, que ele mesmo venceu.