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Serviço segreto holandês avisou EUA de ingerência russa em eleições

26/01/2018 08h51

Bruxelas, 26 jan (EFE).- Os serviços de inteligência da Holanda proporcionaram desde 2014 aos seus pares dos Estados Unidos informação crucial sobre as atividades de um grupo de "hackers" russos para interferir nas eleições presidenciais de 2016, noticiaram nesta sexta-feira o jornal "Volkskrant" e a rede de televisão "NOS".

Segundo a investigação feita por estes meios, pessoal do Serviço de Inteligência e Segurança (AIVD) e do Serviço Militar de Inteligência (MIVD) da Holanda vigiou durante um período entre um ano e dois anos e meio um grupo de "hackers" russos denominado "Cozy Bear" (Urso Amigável), através da internet e também por câmera de segurança do local em que trabalhavam.

Isto lhes permitiu ser os primeiros a observar como lançavam um ataque contra o Partido Democrata, a Casa Branca e o Departamento de Estado durante a campanha eleitoral, de acordo com os meios holandeses, que citam seis fontes anônimas holandesas e americanas.

Os serviços segretos holandeses advertiram pela primeira vez a CIA e a NSA (Agência de Segurança Nacional) dos EUA em novembro de 2014 quando detectaram que os "hackers" russos tinham atacado o Departamento de Estado e tido acesso ao seu sistema de informação não classificado.

Entre novembro e dezembro daquele mesmo ano, fizeram uma segunda advertência quando os russos conseguiram entrar no sistema da Casa Branca e ter acesso aos e-mails e à agenda do então presidente Barack Obama.

A última advertência foi feita após se detectar em julho de 2015 que o "Cozy Bear" tinha atacado o sistema de informática do Partido Democrata.

Segundo as fontes com conhecimento da investigação citadas por "Vokskrant" e "NOS", a informação proporcionada pelos serviços de inteligência teria sido "crucial" para permitir ao FBI iniciar a investigação sobre as interferências russas nas eleições.

O FBI iniciou no primeiro semestre de 2017 as investigações sobre a ingerência russa sob o comando de seu então diretor, James Comey, que assegurou que "não tinha razões para duvidar" de que o Governo russo estava por trás desta interferência nas eleições.

Comey foi tirado do cargo por Trump e substituído à frente da investigação por Robert Mueller, promotor especial para a trama russa que investiga também o círculo próximo do presidente por sua possível ligação com as atividades russas.

Na investigação, no final de 2017 se acusou o ex-chefe de campanha de Trump Paul Manafort - em detenção domiciliar desde então -, e Michael Flynn, que foi assessor de Segurança Nacional do presidente, entre outros.

Hoje mesmo se soube que Trump ordenou a demissão de Mueller, mas foi dissuadido disso pelo advogado da Casa Branca, Donald McGahn, segundo confirmou o jornal "The New York Times".